Folha de São Paulo
A rua Augusta, na região central de São Paulo, foi transformada em cenário de guerra no começo da noite de ontem. Manifestantes que protestavam contra a Copa do Mundo foram cercados por policiais do Batalhão de Choque perto da rua Marquês de Paranaguá. Os 146 manifestantes detidos na cidade já foram soltos.
De acordo com comerciantes, os policiais usaram bombas de gás. Sem saída, dezenas de pessoas se refugiaram no hotel Linson, próximo à rua Caio Prado. Parte do comércio fechou as portas.
A polícia fez uma barreira dupla nos dois sentidos da Augusta, em frente ao hotel, cercando os manifestantes, que se refugiaram no hotel.
Os policiais entraram no imóvel, revistaram e prenderam mais de 50 manifestantes. "Se joga no chão, palhaço!", gritou um PM.
Com uma aglomeração de pessoas na frente do hotel, fotografando e filmando a ação com telefones celulares, a polícia também montou um cordão de isolamento na entrada do estabelecimento.
Os detidos foram levados para ônibus estacionados na porta do hotel. De lá, o grupo foi encaminhado para o 78º DP (Jardins), onde estava até a conclusão desta edição.
Pouco antes, manifestantes deixaram um rastro de vandalismo nas ruas do Centro. Uma agência da Caixa foi depredada na rua Sete de Abril. Na Augusta, uma concessionária da Fiat e uma agência do Santander foram parcialmente destruídas. Uma lanchonete do McDonald's também foi atacada.
Perto da praça Roosevelt, um grupo colocou fogo em um colchão, que acidentalmente se enroscou em um carro que passava pelo local.
O veículo acabou incendiado depois de ser abandonado pelo motorista.
Protestos contra a Copa
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Fusca pegando fogo na manifestação contra a copa em São Paulo
FACEBOOK
De acordo com a polícia, 2.000 homens foram mobilizados para fazer a segurança de 1.500 manifestantes.
Participaram da operação a Tropa de Choque e a Força Tática da Polícia Militar. Dois helicópteros monitoravam a movimentação do grupo.
Policiais usaram câmeras portáteis de alta definição, semelhantes a que são usadas por motoqueiros em capacetes, para registrar os participantes do protesto.
A manifestação foi convocada pelo Facebook e tinha cerca de 23 mil confirmados antes de começar.
LIBERADOS
Segundo Rogério de Camargo Nader, delegado assistente do 78º DP (Jardins), para onde 128 detidos foram encaminhados, as detenções foram feitas sob a suspeita de dano a uma agência bancária e a uma concessionária de veículos localizadas da rua Augusta, próxima à avenida Paulista.
O delegado disse que parte deles deve ser chamada para prestar novos depoimentos. Três menores de idade que estavam sem documento foram encaminhados à Fundação Casa para que fossem identificados.
A Folha conversou com cerca de 30 detidos já liberados, que só falaram com a reportagem sob a condição de não serem identificados. A maioria reclamou de violência da Tropa de Choque após a invasão do hotel Linson, na rua Augusta, que os manifestantes usavam como refúgio.
Segundo a PM, outros 18 manifestantes foram detidos no Centro de São Paulo e encaminhados ao 2º DP (Bom Retiro), onde foram identificados e liberados. Eles seriam adeptos da tática black bloc e são suspeitos de causarem danos a uma agência bancária.
A PM afirma que não houve excessos na abordagem aos manifestantes, que, em geral, não resistiram à ação da polícia.
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