Dezesseis policiais civis e quatro delegados foram denunciados, esta semana, pelo Ministério Público do Paraná. Eles são acusados de facilitar o roubo e o desmanche de carros. Em troca, recebiam dinheiro vivo.
A imagem do vídeo ao lado é a prova do pagamento de propina a um policial. O comerciante tem um maço de dinheiro na mão. O investigador, que tem o distintivo da polícia na camiseta, recebe o dinheiro, confere o valor e guarda as notas no bolso. Os dois se despedem com um aperto de mão.
As imagens foram apreendidas no computador do dono da loja de autopeças, durante uma operação do Ministério Público. Os promotores investigavam um esquema de corrupção, em que donos de desmanches de carros pagavam propina a policiais civis do Paraná. Em troca do dinheiro, que era recebido todo mês, os policiais permitiram a prática de vários crimes, entre eles o desmanche e a venda ilegal de peças de carros roubados.
Os promotores apreenderam também a contabilidade do crime. . Um caderno onde o policial anotava o nome dos desmanches e um valor, que seria o da propina.
Batisti: “Uma quantia em torno de algo de R$ 30 mil. Nós identificamos situações outras em que a solicitação de propina, de corrupção foi substancialmente maior, na casa dos R$ 50 mil”.
O Fantástico teve acesso com exclusividade a gravações telefônicas de delegados feitas com autorização da Justiça. Numa delas, o delegado Gerson Machado, que chefiou a furtos e roubos de veículos, critica a forma como funciona a delegacia.
Gerson Machado: Porque aquela Furtos de Veículos ela é um antro de corrupção que o delegado tem que entrar ali e se "arregar" com tudo que é dono de desmanche.
Em outra conversa, ele acusa o delegado Luis Carlos de Oliveira, chefe da divisão de Crimes Contra o Patrimônio, de receber dinheiro do roubo de carros. Oliveira é apontado pelo Ministério Público como mentor do esquema criminoso.
Gerson Machado: o meu chefe lá, o Luis Carlos, queria que eu liberasse os ‘cara’ das lojas pra cortar carro dia e noite, os ‘cara’ tinha oferecido R$ 70 mil pra ele. 
Cortar carro na linguagem policial é desmanchar veículos roubados para vender as peças. Por telefone, o delegado Luis Carlos de Oliveira negou as acusações.
Luis Carlos de Oliveira:Não existe nada que comprove a minha participação em esquema criminoso.
Gerson Machado também negou que recebeu propina.
Gerson Machado: Na minha gestão, não aconteceu isso e eu provo através de documentos.
Mas Milton Stiegler, o comerciante que você viu no começo da reportagem dando dinheiro a um policial civil, contou ao Ministério Público que pagou para o delegado Gerson Machado liberar peças que estavam apreendidas na delegacia.
Stiegler : Ele falou assim: ‘não, vamo.vamo. Quero 50 conto pra te liberar as caixas’.
No depoimento a MP, Milton Stiegler disse que o dinheiro entregue foi para pagar dois convites de um baile de formatura do policial. Mas eles entraram em duas contradições A  primeira foi em relação ao valor pago.
Milton Stiegler: Não chegava a R$ 1 mil.
Policial: Esse valor aí, eu bati nas costas dele, não chega a 45 reais.
E a segunda quando o promotor lembro que a formatura  em fevereiro de 2010, um ano e dez meses depois, em dezembro de 2011.
“Eu tô me sentindo. é, desculpe, constrangido, eu, eu, eu, eu queria encerrar por aqui. tenho que falar na presença do meu advogado porque”.
Em nota divulgada, na noite deste domingo, a Secretaria de Segurança do Paraná disse que a orientação para a polícia civil é de intolerância com qualquer desvio de conduta, com punição exemplar caso as acusações sejam comprovadas.