Na semana passada fomos testemunhas de mais violência e truculência de uma força militar que tinha que nos proteger. A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro de forma ditatorial agrediu professores que se manifestaram pelas ruas da cidade reivindicando melhorias para sua classe. Agrediu os manifestantes na porta da Câmara dos Vereadores por quererem participar da sessão da CPI dos Transporte. Agrediu moradores na Vila do Proletário, no Complexo da Penha, por exigirem mais clareza e transparência nas investigações sobre o caso do menor Hilário da Luz Neto, encontrado morto na laje de uma residência. Covardemente, os policiais têm abusado do seu papel na sociedade.
Vivendo numa democracia conquistada com muita luta social, não devemos aceitar o retrocesso. A juventude, como toda a população, e os movimentos sociais têm o direito de ocupar as ruas e dizer o que pensam, reivindicar direitos e manifestar insatisfações. E a resposta do governo deve ser o diálogo político e não a repressão e a violência. Essa violência é o jeito democrático de resolver nossa falta de politicas e direitos?
Problemas como a precaridade dos serviços públicos, as privatizações que usurpam nosso patrimônio, o baixo salário dos trabalhadores, os barões da educação, os lobbies da saúde, e tantos outros problemas não são mais digeríveis. A população não aguenta mais ser tratada como figurante. Queremos ser protagonistas de um mundo novo. Para isso acontecer é necessário que a PM não seja prepotente, tendo em vista que os policiais também são oprimidos e engolidos por um sistema capitalista e selvagem.
E o que fazer ? A desmilitarização da Polícia Militar é um debate em voga, iniciado por especialistas em segurança pública e demais atores sociais. Um grupo acredita que a tal circunstância só seria possível com a mudança na Constituição Federal, o que permitiria a unificação dos currículos de formação dos policiais, assim como seus procedimentos. Outro grupo afirma que a desmilitarização aconteceria se acabasse a pressão sobre os policiais para que atuem como militares em guerra.
Precisamos de uma polícia forte para garantir a democracia, mas não precismos de uma polícia violenta. Está previsto no § 5º do art. 144 da Constituição Federal: “Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil”. Não cabe um policial um comportamento atroz, bárbaro, bravio, brutal, bruto, cruel, feroz, ríspido, selvagem, severo, truculento e mal educado.
Lamentamos que governantes e as grandes empresas de comunicação se empenhem na criminalização dos movimentos sociais (com convicções que nos remetem ao Regime Militar), baseados em ações isoladas de vandalismo. Lamentamos que com um autoritarismo às avessas, o policial entre na casa de um pobre sem ao menos pedir licença, quiçá ter um mandado judicial. Lamentamos a pobreza ser criminalizada nas periferias. Lamentamos ainda um genocídio de jovens negros que carregam em si a marca do preconceito e exclusão.
É a sede de justiça e solidariedade que motiva há quatro anos as Pastorais da Juventude (PJs), organizando o Brasil a impulsionar a Campanha Nacional contra a violência e o extermínio de jovens, posicionando-se contrárias a todas as formas de violência contra a juventude e a qualquer tipo de ação que ameace a vida, inferiorize o ser humano, reprima, humilhe e cause sofrimento.
Ou lutamos pela vida, ou estamos à mercê dessa truculência que rebaixa e estigmatiza nossos jovens rostos com a marca da violência. Que não nos conformemos com tal abuso contra a vida, ou veremos muitos outros Laércios e Amarildos por ai.
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