O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de São Paulo (USP) repudiou, através de uma nota, a denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo à Justiça nesta terça-feira (5) contra os 72 estudantes que invadiram e ocuparam o prédio da reitoria da universidade no final de 2011.
A nota, publicada no site da entidade estudantil, diz que “a intenção de criminalizar esses estudantes é um ataque ao movimento estudantil e aos movimentos sociais de conjunto, que possuem o direito democrático de livre expressão e manifestação”. (Leia a íntegra da nota publicada pelo DCE no final desta reportagem )
Caso a denúncia seja acolhida, os alunos irão responder por formação de quadrilha, dano ao patrimônio público, pichação e descumprimento de ordem judicial. Os estudantes reclamam que falta democracia na gestão do reitor João Grandino Rodas, que assinou convênio com a Polícia Militar permitindo a presença dos homens da corporação dentro do campus.
G1 procurou os advogados que representam os alunos, mas eles não quiseram se manifestar.
Denúncia 
A denúncia foi feita pela promotora Eliana Passarelli, no Fórum de Pinheiros, na Zona Oeste da capital, à juíza Angélica Aparecida Correia, mas será encaminhada ao Fórum Criminal da Barra Funda por se tratar de crimes com penas de reclusão.
De acordo com a promotora, foram denunciados os 72 estudantes presos em flagrante após desocuparem o prédio da reitoria onde permaneceram por seis dias e resistiram à ordem judicial de reintegração de posse. Ele só deixaram o prédio após a chegada da Tropa de Choque da PM. "Centenas participaram da invasão, mas só foram denunciados os que ficaram acampados no prédio", disse. Em caso de condenação, a pena dos crimes somados pode chegar a até seis anos de prisão.
Invasão 
No final de 2011, centenas de estudantes protestaram contra a presença da Polícia Militar no campus da USP. No dia 18 de maio daquele ano, o estudante Felipe Ramos de Paiva foi morto em uma tentativa de assalto no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP. Em setembro, a reitoria da USP firmou convênio com a PM para reforçar a segurança no campus.
No final de outubro, centenas de alunos invadiram e ocuparam o prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) para protestar contra a presença da PM no campus. No dia 2 de novembro, o prédio da reitoria foi invadido por um grupo de manifestantes. No dia 8 de novembro, a Tropa de Cchoque cumpriu a decisão judicial de reintegração de posse do prédio da reitoria.
Leia a nota do DCE na íntegra: 
"O DCE-Livre da USP vem a público repudiar a denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo à Justiça no dia 5 de fevereiro, que acusa os 72 estudantes, que foram detidos durante a violenta reintegração de posse do prédio da reitoria em 2011, de danos ao patrimônio público, pichação, desobediência judicial e formação de quadrilha.
Além disso, também repudia as declarações da promotora Eliana Passarelli, autora da denúncia, à imprensa que chama os estudantes de bandidos e criminosos.
Na nossa opinião, a intenção de criminalizar esses estudantes é um ataque ao movimento estudantil e aos movimentos sociais de conjunto, que possuem o direito democrático de livre expressão e manifestação.
Um dos principais problemas existentes hoje na USP é a falta de democracia na gestão da universidade, expressa hoje pelo atual reitor João Grandino Rodas. O convênio assinado com a polícia militar não foi em nenhum momento debatido junto à comunidade universitária e não solucionou o problema da falta de segurança que até hoje permanece dentro da Cidade Universitária.
Por isso, em setembro de 2011, o DCE-Livre da USP realizou um ato público na Faculdade de Direito da USP contra a criminalização dos estudantes e em defesa da democratização da universidade, que contou com a presença do senador Eduardo Suplicy, do deputado estadual Carlos Gianazzi e do jurista Fábio Konder Comparato, além de diversos movimentos sociais.
Lutar por democracia e diálogo não é crime. O DCE-Livre da USP se posiciona contrário a qualquer tipo de punição a esses estudantes e convoca os demais alunos a seguirem na luta pela democratização da universidade."
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