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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Capitão Feminina da PM participa de operação para conter violência no Sudão do Sul


Policial brasileira participa de operação para conter violência no Sudão do Sul

Civis fogem da violência e buscam abrigo em base da ONU em Bor, Sudão do Sul. Foto: ONU/Hailemichael Gebrekrstos
policial militar brasileira Melissa Rocha participou esta semana de uma operação de busca de armamentos que estariam irregularmente em uma área para deslocados dentro de uma base da ONU em Bor, no estado de Jonglei, Sudão do Sul.
Assessora de segurança da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS), a capitã foi enviada da capital, Juba, para uma das cidades mais atingidas pelo conflito iniciado em dezembro, junto com uma equipe feminina de investigação, após a polícia da ONU (UNPOL) receber denúncias sobre armas dentro do campo.
As policiais fizeram uma busca em toda a área e aguardam agora a reabertura do espaço aéreo para retornar a Juba, de acordo com oserviço em português da Rádio ONU.
Em entrevista, a boina-azul explicou que os membros da missão não estão em risco direto. “A princípio, nós não somos alvo. Tanto os rebeldes como o governo querem manter a UNMISS no Sudão do Sul”, disse, acrescentando que o fato de as Nações Unidas estarem recebendo os deslocados faz com que seus representantes corram risco secundário de ataque.
Os confrontos no Sudão do Sul foram retomados em 15 de dezembro, quando o presidente, Salva Kiir, afirmou que soldados leais ao ex-vice-presidente Riek Machar, destituído do cargo em julho, tentaram aplicar um golpe de Estado. Desde então, a violência tem se caracterizado cada vez mais como perseguição étnica, já que Kiir é do grupo Dinka e Machar, do Lou Nuer.
Milhares de pessoas já morreram em menos de 20 dias, 194 mil foram expulsas de suas casas e, atualmente, cerca de 57,5 mil estão abrigadas em dez bases da ONU espalhadas pelo país.
As Nações Unidas estão atuando na frente política e de manutenção da pazpara auxiliar o país a acabar com os embates que têm resultado em diversas violações dos direitos humanos, incluindo execuções extrajudiciais de civis e soldados capturados.
Representantes dos Dinka e do Lou Nuer se reuniram na quarta-feira (1) na capital etíope, Addis Abeba, paradiscutir o fim das hostilidades no Sudão do Sul, a abertura para a ajuda humanitária, a questão dos presos políticos e a proteção de civis.
Segundo a chefe da UNMISS, Hilde Johnson, as negociações na Etiópia devem ser acompanhadas de um processo mais profundo que incida sobre a reconciliação nacional e a reconciliação entre as comunidades que ainda sofrem as consequências da independência do Sudão em 2011, após décadas de guerra civil.
O Conselho de Segurança autorizou oaumento do contingente de força de paz para quase 14 mil homens e mulheres, aproximadamente o dobro do previsto no mandato. Em negociação com países contribuintes e com governos africanos onde missões estão em andamento, a ONU está deslocando temporariamente militares e policiais para reforçar a segurança no Sudão do Sul.
É o caso da Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (MONUSCO), cuja tropa é comandada pelo general de divisão brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, que enviou 72 policiais ao país vizinho.
Também de acordo com a Rádio ONU, a missão estuda agora o envio de helicópteros ao país. “Neste momento, existem alguns equipamentos que nós estamos analisando. Também a companhia de polícia. Estamos iniciando o trabalho de transferir temporariamente. Mas isso é da parte policial. Da parte militar são helicópteros, estamos ainda na fase de processo e organização para apoiar o Sudão do Sul”, disse o general em entrevista.
Santos Cruz garante que o deslocamento temporário não vai afetar as atividades da MONUSCO, que entrou em alerta após ataquessimultâneos, indiscriminados e inaceitáveis. “Nós podemos continuar com a mesma capacidade operacional logicamente aumentando a intensidade do nosso trabalho. Era necessária esta colaboração com o Sudão do Sul. Nós estamos aumentando o nosso ritmo. É uma medida de emergência que estamos aqui executando plenamente dentro do espírito das Nações Unidas”, afirmou à Rádio ONU.

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