A Polícia Militar afastou o comandante de operação do Batalhão de Choque suspeito de comandar uma ação para intimidar o delegado Waldir Soares, na segunda-feira (9). Na ocasião, um grupo da PM passou em comboio na porta do 8º Distrito Policial de Goiânia , no Setor Pedro Ludovico, onde ele atua. Segundo o titular da delegacia, a ação seria em represália à detenção de um tenente, que portava arma sem registro e estava sobre efeito de álcool,  em um bar na madrugada de sábado (6).
De acordo com o assessor da PM, tenente-coronel Anésio Barbosa, os 20 militares que estavam no grupo do Pelotão de Choque prestaram depoimento na Corregedoria-Geral do órgão e chegou-se à conclusão de que eles obedeceram a uma ordem. Diferentemente do comandante, eles continuam trabalhando, mas em observação. O oficial afastado não teve o nome divulgado porque, conforme a assessoria, a Comissão de Direitos Humanos não autoriza a passar o nome de policiais envolvidos em processos.
O assessor da PM informou que vai apurar todas as denúncias. "Um erro não justifica outro erro, nós não admitimos nenhum comportamento indevido, nenhum desvio de conduta", afirma o tenente-coronel Anésio Barbosa.
Comboio 
Câmeras de segurança registraram quando cinco carros do Pelotão de Choque, cada um com quatro oficiais, passaram duas vezes em baixa velocidade na porta do DP, na manhã de segunda-feira ( veja vídeo ). Waldir Soares informou que o giroflex e as sirenes dos veículos estavam ligadas, além disso, os policiais colocaram armas longas para fora dos carros.
O delegado ressaltou que a ação da PM não o intimida. “Eu só fico triste com a falta de autoridade. Temos um caos na segurança pública em Goiás. Policias que deveriam estar trabalhando em defesa do cidadão querem legalizar a atuação de um PM que estava em ação criminosa”, afirma.
Waldir Soares disse ao G1 que não ficou surpreso com a atitude dos militares. “De covardes você pode esperar tudo, mas nós não vamos nos curvar”.  O delegado comentou ainda que trata a todos da mesma maneira. “Ninguém está acima da lei, não é porque é um oficial que vamos nos curvar”, argumenta.
O titular do 8º DP comunicou o fato à Secretaria Estadual de Segurança Pública e Justiça, à Corregedoria-Geral da Polícia Civil e ao Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público de Goiás.
Por nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que determinou a instauração de uma sindicância para apurar os fatos e disse que adotará as medidas cabíveis. A secretaria diz que o ocorrido entre o delegado Waldir Soares e o tenente da Polícia Militar é um caso pontual que não espelha a relação de respeito institucional entre as Polícias Militar e Civil.
Cerco à delegacia 
Esse teria sido o segundo protesto de PMs em favor do tenente abordado em um bar de Goiânia. No sábado, quando o oficial foi encaminhado para a delegacia, manifestantes cercaram o local com 18 carros e, segundo Waldir Soares, impediram que o tenente fosse autuado (veja vídeo ao lado) . Os militares afirmaram que a atitude era abusiva.
A assessoria de impresa da Polícia Militar defendeu o tenente. "Todas essas acusações serão objeto de apuração, mas, por enquanto, não existe nada que indique que o policial estivesse cometendo qualquer tipo de desvio de conduta ou atitude criminosa", ressalta o tenente-coronel Anésio Barbosa.
O comando da PM acompanhou a opinião dos manifestantes e enviou uma nota de repúdio à imprensa, classificando o comportamento do delegado como abusivo e contrário aos princípios básicos de urbanidade e respeito. “A Polícia Militar buscará a reparação dos danos e abusos sofridos nas esferas administrativa, penal e civil”, informa a nota. O documento considera ainda o episódio como lamentável e um fato isolado.