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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Megaoperação abre crise entre polícia e Promotoria em Pernambuco





11/04/2013 - 18:20
Megaoperação abre crise entre polícia e Promotoria em Pernambuco
 

A megaoperação de combate à corrupção realizada simultaneamente na terça-feira (9) em 12 Estados abriu uma crise envolvendo a Polícia Civil e o Ministério Público de Pernambuco.


A megaoperação de combate à corrupção realizada simultaneamente na terça-feira (9) em 12 Estados abriu uma crise envolvendo a Polícia Civil e o Ministério Público de Pernambuco.

Os delegados de polícia se revoltaram com ainformação, divulgada pelo Ministério Público, de que as quatro prisões ocorridas no Estado decorreram de investigações realizadas pela Promotoria.

Segundo eles, a apuração foi feita pelo delegado de Lajedo (PE) Altemar Mamede. Dizem que o delegado chegou a pedir a prisão dos suspeitos no ano passado, mas que a Justiça negou porque o Ministério Público foi contra.

A associação dos delegados do Estado emitiu "nota de repúdio" pela "apropriação das investigações".

A Secretaria da Defesa Social e a cúpula da Polícia Civil também se manifestaram por meio de nota conjunta, reafirmando a versão dos delegados.

A vice-presidente da região Nordeste da associação nacional da categoria, delegada Silvia Renata Araujo, classificou a megaoperação de "pirotécnica", com finalidade "corporativa" e "política".

No dia das operações, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que o Ministério Público estava se mobilizando por causa da PEC-37, proposta de emenda à Constituição que restringe o poder de investigação do Ministério Público.

"O formato que o Ministério Público vem buscando é o de investigação sem fiscalização", criticou a delegada. "Essa operação foi deflagrada não buscando o combate à criminalidade ou à corrupção, mas sim, [foi] uma tentativa de utilizar-se da instituição para defender uma demanda corporativa e política", afirmou.

"O que a gente não quer é essa instituição que se coloca acima do bem e do mal, acima de qualquer suspeita. Isso não existe. Está aí o promotor de Justiça Demóstenes [Torres, ex-senador], que foi indiciado e está sendo processado", declarou ela.

"No Rio e em São Paulo há operações policiais diárias que chegam a prender mais de 200 pessoas por dia, enquanto o Ministério Público mobiliza 1.500 pessoas para prender 90, e a maior parte delas com prisões cautelares", criticou Renata Araujo.

Para a delegada, o Ministério Público "não quer investigar" crimes de "maior repulsa social", como roubos, homicídios e latrocínios "porque não quer sujar as suas mãozinhas de sangue indo para local de homicídio", continuou.

"O Ministério Público quer pinçar, quer escolher o crime que dê notoriedade televisiva e participar deles quando lhe for conveniente", declarou. "Se a gente usar analogia, é um vigia que quer a arma para quando quiser usar."

O chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Osvaldo Morais, disse que a ação do Ministério Público "causou surpresa", e classificou de "infelicidade" o ocorrido. "Não tínhamos registro de um fato desses", declarou. "Mas acredito que foi um caso isolado, e que nosso trabalho conjunto vai continuar."

O promotor de Justiça e assessor do gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça de Pernambuco, Francisco Ortêncio, disse que a ação foi "absolutamente legal".

Segundo ele, o Ministério Público do Estado "sempre manteve um excelente relacionamento com a Polícia Civil" e há "profundo respeito" pela instituição. "Trabalhamos juntos com o único propósito de reduzir a criminalidade."

Ainda segundo o promotor, um "fato isolado" não afetará esse relacionamento. "Talvez tenha havido um ruído, mas vamos analisar os fatos, analisar as notas e, se necessário, voltaremos a nos manifestar", disse.
Folha On Line
 

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