11/04/2013 - 18:20
Megaoperação abre crise entre polícia e Promotoria em Pernambuco
Segundo eles, a apuração foi feita pelo delegado de Lajedo (PE) Altemar Mamede. Dizem que o delegado chegou a pedir a prisão dos suspeitos no ano passado, mas que a Justiça negou porque o Ministério Público foi contra.
A associação dos delegados do Estado emitiu "nota de repúdio" pela "apropriação das investigações".
A Secretaria da Defesa Social e a cúpula da Polícia Civil também se manifestaram por meio de nota conjunta, reafirmando a versão dos delegados.
No dia das operações, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que o Ministério Público estava se mobilizando por causa da PEC-37, proposta de emenda à Constituição que restringe o poder de investigação do Ministério Público.
"O formato que o Ministério Público vem buscando é o de investigação sem fiscalização", criticou a delegada. "Essa operação foi deflagrada não buscando o combate à criminalidade ou à corrupção, mas sim, [foi] uma tentativa de utilizar-se da instituição para defender uma demanda corporativa e política", afirmou.
"No Rio e em São Paulo há operações policiais diárias que chegam a prender mais de 200 pessoas por dia, enquanto o Ministério Público mobiliza 1.500 pessoas para prender 90, e a maior parte delas com prisões cautelares", criticou Renata Araujo.
Para a delegada, o Ministério Público "não quer investigar" crimes de "maior repulsa social", como roubos, homicídios e latrocínios "porque não quer sujar as suas mãozinhas de sangue indo para local de homicídio", continuou.
"O Ministério Público quer pinçar, quer escolher o crime que dê notoriedade televisiva e participar deles quando lhe for conveniente", declarou. "Se a gente usar analogia, é um vigia que quer a arma para quando quiser usar."
O chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Osvaldo Morais, disse que a ação do Ministério Público "causou surpresa", e classificou de "infelicidade" o ocorrido. "Não tínhamos registro de um fato desses", declarou. "Mas acredito que foi um caso isolado, e que nosso trabalho conjunto vai continuar."
O promotor de Justiça e assessor do gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça de Pernambuco, Francisco Ortêncio, disse que a ação foi "absolutamente legal".
Segundo ele, o Ministério Público do Estado "sempre manteve um excelente relacionamento com a Polícia Civil" e há "profundo respeito" pela instituição. "Trabalhamos juntos com o único propósito de reduzir a criminalidade."
Ainda segundo o promotor, um "fato isolado" não afetará esse relacionamento. "Talvez tenha havido um ruído, mas vamos analisar os fatos, analisar as notas e, se necessário, voltaremos a nos manifestar", disse.
Folha On Line
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