O metalúrgico Bruno Karlo Balbino de Oliveira, de 25 anos, morreu com sinais de espancamento na manhã desta terça-feira (5), no Hospital 28 de Agosto, Zona Centro-Sul de Manaus. A família suspeita que a vítima tenha sido agredida por policiais militares (PMs) após ser confundida com o irmão de um traficante. Um inquérito foi instaurado para apurar se houve envolvimento de policiais no caso.

Na tarde do último sábado (2), Bruno foi acompanhado de uma mulher não identificada à Pousada Dois Corações, localizada no bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus. Segundo uma funcionária do estabelecimento, que não quis ser identificada, Bruno passou apenas dez minutos dentro do quarto e saiu nu, pedindo perdão à Deus por ter traído a esposa e por estar em um motel. "Ele gritava pedindo perdão e falava muito em Deus. Ele falava tão alto que as pessoas que passavam pela rua conseguiam ouvir. Isso aconteceu por volta de umas cinco horas da tarde", disse. A funcionária acionou a polícia, que encaminhou Bruno ao 5º Distrito Integrado de Polícia (DIP), no mesmo bairro.

Segundo o comandante da 21ª Companhia Integrada Comunitária (Cicom), major Regilson Auzier, foram necessários dez policiais militares para mobilizar o homem no motel. "Ele era muito grande e usamos até duas algemas para poder levá-lo à delegacia", disse. De lá, Bruno foi encaminhado para o Serviço de Pronto-Atendimento (SPA) do bairro São Raimundo, no bairro de mesmo nome, na Zona Sul. "Os policiais deixaram ele lá e voltaram para o DIP", garantiu o major.

A esposa da vítima, a manicure Jéssica Muniz, de 22 anos, disse ao G1 que Bruno chegou ao SPA com braços, cabeça e punhos machucados. "Antes de morrer, ele me falou que passaram até spray de pimenta nos olhos dele. O corpo estava nu e com muitos hematomas. Ninguém sabe o que fizeram com ele", relatou. Do SPA, Bruno foi encaminhado ao Hospital 28 de Agosto, onde ficou internado até esta terça, quando morreu.
O major Auzier ressaltou que analisou as imagens da pousada, na tarde desta terça, e que o vídeo não mostra participação de policiares em possíveis agressões. "As imagens da câmera de segurança do estabelecimento são claras e mostram ele despido, correndo e promovendo desordem. Os policiais tentaram conversar com ele, levaram ele ao SPA e o deixaram lá, apenas", afirmou.

Apesar de o major negar as agressões, a Polícia Militar e Polícia Civil instauraram inquéritos sobre a situação. O caso também foi encaminhado à Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) deverá constatar se a vítima morreu em decorrência das agressões ou por overdose.
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