Grupo acompanha em tempo real interceptações telefônicas dos diálogos de integrantes do crime organizado
Marcelo Godoy e William Cardoso - O Estado de S.Paulo
Um grupo de policiais trabalha contra o relógio. São os homens da
inteligência policial. Eles têm 23 dias para prender um bando de assaltantes do
Primeiro do Comando da Capital (PCC) de qualquer jeito. Essa é a única forma de
impedir que mais dois policiais militares sejam assassinados na Grande São
Paulo. A morte desses policiais foi decidida pela cúpula do Primeiro Comando da
Capital (PCC), que deu a ordem há uma semana.
“É pra matar dois (PMs) do 15.º Batalhão”. A guerra não declarada entre PCC e
policiais militares criou essa situação dramática, a dos policiais que
acompanham em tempo real as interceptações telefônicas dos diálogos de
integrantes do crime organizado. “Começa a cair as conversas deles (dos
bandidos) preparando o ataque. Você não tem ideia da aflição que é ouvir eles se
preparando para matar um PM. E o tamanho do esforço que a gente faz para
impedir”, disse um delegado de um dos setores de inteligência da polícia.
A primeira coisa que esses homens tentam fazer é identificar e avisar o
policial marcado para morrer. É esse drama que está em andamento em São Paulo.
Na segunda-feira, uma mensagem vinda de Presidente Venceslau - cidade onde está
presa a cúpula da facção - foi interceptada pela inteligência policial. O
delegado-geral, Luiz Maurício Blazek, informou ao secretário da Segurança
Pública, Fernando Grella Vieira, que o plano era matar dois PMs de um batalhão
da Grande São Paulo. A ação seria uma vingança da facção por causa da morte de
dois de seus integrantes em uma das mais violentas perseguições do ano.
Trata-se do assalto a uma agência do Banco do Brasil na zona norte de São
Paulo. O crime ocorreu em outubro. O bando com cerca de dez bandidos disparou
tiros de fuzil em direção a um carro da PM, acertando 15 deles em uma viatura do
9.º Batalhão. Seguido por outras viaturas do 9.º e do 15.º Batalhões, parte do
grupo foi interceptada por PMs – eles atiraram em um ônibus na tentativa de
provocar ferimentos em passageiros, criar confusão e garantir a fuga.
Dois deles foram mortos e três fuzis, apreendidos. Eles tinham mais de 400
cartuchos, coletes à prova de bala e uma dúzia de carregadores. Grella e Blazeck
repassaram a informação ao comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto
Meira, que teve de tomar uma decisão difícil: avisar a tropa ameaçada pelo PCC.
Enquanto isso, continua correndo o prazo de 30 dias – sete já se foram – para
que os PMs sejam mortos. E o desafio dos homens da inteligência fica a cada
instante mais agudo.
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