Informação policial e Bombeiro Militar

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Oficial da PM é preso por extorquir ex-funcionários


Capitão era lotado no Estado-Maior, órgão da cúpula da corporação e pode ser demitido. Em 2000, ele respondeu na justiça pelo assassinato de um torcedor do Vasco de 14 anos, mas foi absolvido
POR ADRIANA CRUZ

Rio - “Vou detonar. Já respondi por homicídio, sentei no banco dos réus e não tenho medo”. A frase, em tom ameaçador, seria do capitão PM Luciano Martins de Araújo em reunião com ex-funcionários da empresa Alfaseg Vigilância e Segurança, no Hospital do Andaraí, em 20 de junho. Os vigilantes gravaram o áudio do encontro. A revolta do oficial, que até sexta-feira era lotado no Estado-Maior Operacional, na cúpula da PM, era porque os ex-subordinados exigiam o dinheiro da rescisão do contrato na Justiça do Trabalho.

O capitão foi preso, segunda-feira à noite, pelo corregedor da PM, Waldyr Soares, no Aeroporto Internacional Tom Jobim ao chegar em voo de Miami (EUA). Luciano foi levado para a Unidade Prisional, antigo BEP. Ele responderá a inquérito policial-militar que pode resultar na sua expulsão.

Embora a Alfaseg esteja em nome da mulher do oficial, era ele, segundo o Ministério Público Federal, quem a comandava. De 2006 a 2011, a empresa prestou serviço ao Hospital do Andaraí. Ao deixar a unidade, ele exigiu que os funcionários demitidos abrissem mão da multa de 40% do FGTS. Em outubro, na hora da rescisão, no Sindicato dos Vigilantes do Rio, no Centro, os ex-funcionários foram obrigados devolver o valor do pagamento à escolta armada da Alfaseg, em cheques que totalizavam de R$ 56.879,21.

Trechos de denúncia do MPF


Policial, que administraria a empresa que está em nome da mulher, é acusado de ameaçar advogadas | Foto: Reprodução

Para pressionar duas advogadas e os ex-funcionários, muitos contratados pela Infratec Vigilância e Segurança, que atualmente presta serviço ao Andaraí, o capitão teria contado com Adalberto de Andrade Freitas. Ele é coordenador de patrimônio da Infratec e organizou a reunião com os vigilantes.

No encontro, sem autorização da direção do hospital, a preocupação do capitão era se a mulher dele iria responder pela cobrança do dinheiro de volta. “Se a minha mulher for indiciada não vou engolir”, ameaçou, criticando a atuação das advogadas do grupo. Adalberto e o capitão foram denunciados à Justiça, mas só o PM teve a prisão decretada. O oficial responderá por cinco crimes, entre eles extorsão.

Absolvido da morte de torcedor

Em 2000, então lotado no gabinete do deputado estadual Domingos Brazão, o capitão Luciano Martins de Araújo foi indiciado pela morte do estudante Flávio Augusto Filho, de 14 anos, assassinado na saída de um jogo entre Flamengo e Vasco, no Maracanã. Flávio era vascaíno. O PM foi absolvido com tese de legítima defesa.

Em 26 de setembro, o oficial retornou à corporação, mas continuou à frente da Alfaseg. O site da empresa na Internet mostra a participação da Alfaseg em eventos importantes, com celebridades, até na Praia de Copacabana, com 200 homens, além de prestar serviços para cervejarias e grandes eventos de esporte.


Site mostra que a empresa prestou serviços a grandes eventos e personalidades em várias cidades do Rio

Foto: Reprodução Internet

Fonte: o dia

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