Um tenente-coronel da Polícia Militar do Espírito Santo acredita ter sido penalizado por ter negado benefício à esposa de outro coronel durante uma blitze realizada no início do ano em Guarapari, na região Metropolitana. Após o caso, ocorrido em fevereiro, o cabo responsável pela abordagem chegou a ser transferido para Linhares , na região Norte. O Comando Geral da PM afirmou ter aberto sindicância para apurar o caso. Durante a semana, um flagrante de um tenente-coronel desrespeitando um blitz da polícia também foi divulgado.
Em uma carta enviada ao Comando Geral da PMES pelo tenente-coronel Wallace no dia 15 de outubro, o oficial relata ter sido penalizado com a exoneração do cargo de comandante do Batalhão de Trânsito. Como relatado na carta, o tenente-coronel diz ter recebido uma ligação de uma pessoa não identificada, que questionava a legitimidade de uma fiscalização realizada em uma estrada de chão entre Vila Velha e Guarapari . Posteriormente, o então comandante do Batalhão de Trânsito soube que a ligação havia sido feita por um coronel, cuja esposa havia sido parada e multada no local.
A mulher do coronel, segundo o documento, estava sem os documentos pessoais e do veículo, com uma criança no colo ao volante e outras crianças sem cinto, além de estar com o licenciamento do veículo vencido. Na semana seguinte, o coronel teria ligado para Wallace "perguntando o que poderia ser feito com as multas aplicadas ao veículo da mulher". O tenente-coronel, então, diz ter informado que o militar apenas poderia ingressar com recursos para avaliar os autos de infração.
Após negar o benefício, Wallace diz ter sido vítima de perseguição, até o ponto de ter sido exonerado do cargo de comandante do BPTran, em maio, mês em que o outro coronel foi promovido. O militar diz ter confirmado a suspeita no início de outubro, após o cabo responsável pelas multas ter sido transferido para Linhares sem motivo aparente. O cabo, segundo a carta, faz faculdade em Vitória e havia perdido o pai há dois meses quando fora transferido.
Questionado sobre as transferências, o comandante-geral da PMES, coronel Edmilson dos Santos, negou retaliação. "Essas movimentações são rotineiras, principalmente nas funções de comando. Eu tenho a minha característica de atuação, eu vou escolher as pessoas que seguem as minhas doutrinas. Esse foi o caso do tenente-coronel Wallace. Eu assumi o comando, eu tinha as minhas preferências e a partir daí eu tomei a minha decisão. Sobre o cabo, não foi a transferência só dele, foram vários policiais deslocados para Linhares, devido ao aumento da criminalidade naquele município", disse.
O comandante afirmou não poder justificar a promoção do coronel envolvido no caso. "Não posso falar sobre a questão da promoção, porque foi antes do meu comando. A legislação permitiu que ele fosse promovido e eu não posso fazer questionamento ao secretário de segurança da época ou até mesmo ao comandante-geral da época, porque eles tinham as suas convicções", ressaltou.
O coronel garantiu ter aberto uma sindicância para apurar o caso. "Não posso me manifestar se o comportamento foi certo ou errado. É importante que seja aberta a sindicância, seja aberta a apuração. Vamos verificar toda a verdade dos fatos", disse.