Informação policial e Bombeiro Militar

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

“Não temos segurança pública porque a Polícia Militar não tem policiais suficientes para cobrir a demanda de crimes que tem aumentado mais de 100% de ano para ano e, principalmente, porque a Polícia Civil está sucateada, sem rumo e sem referência’, detona um escrivão. “O policial civil tem que deixar de ser um garoto de recado para investigar e prender ”, alerta um investigador da Polícia Civil.



Civis viram "garotos de recados" e ganham metade do "abono" do delegado
José Trindade
Redação 24 Horas News


Em um dos momentos mais difíceis da história da Polícia Civil de Mato Grosso, um escrivão e um investigador, ambos com curso superior completo, mas com um salário que representa apenas a metade da gratificação (abono de R$ 6 mil) ganha hoje um  delegado, falam com exclusividade sofre os motivos da insegurança e do aumento de mais de 100% por ano da violência no Estado
“Não temos segurança pública porque a Polícia Militar não tem policiais suficientes para cobrir a demanda de crimes que tem aumentado mais de 100% de ano para ano e, principalmente, porque a Polícia Civil está sucateada, sem rumo e sem referência’, detona um escrivão. “O policial civil tem que deixar de ser um garoto de recado para investigar e prender ”, alerta um investigador da Polícia Civil.
 
O escrivão começa explicando que a que Polícia Militar precisa hoje, de no mínimo 15 mil homens para fazer o combate direto à criminalidade. Ou seja, estar nas ruas para fazer o policiamento preventivo e ostensivo e não tem, a criminalidade dispara.

Com a criminalidade em alta, sem a polícia na rua como deveria e com as investigações da Polícia Civil totalmente paralisada, a onda de violência explode e deixa todos em estado de pânico.

O escrivão, que pediu apenas para não ser identificado,  tanto como medida de segurança, como para não sofrer represálias, explica que, além da falta de policiais civis: delegados, escrivães e investigadores, a Polícia Civil também perdeu sua antiga referência.

Lembra o escrivão, que há mais de dez anos que a Polícia Civil exigiu que seus investigadores e escrivães concluíssem o ensino fundamental e o terceiro grau para poder ter direito a aumentos. Também passou a exigir que todos os novos policiais tivessem diploma de nível superior.

“Ora, qual a pessoa que estuda até o nível superior  que vai querer entrar numa Polícia que paga salário de, no máximo R$ 3 mil no final de carreira, quando um delegado em início de carreira já entra ganhando mais de R$ 10 mil. Sem contar que hoje um delegado ainda ganha um “abono” de seis mil reais  por mês? Nunca. Ninguém quer entrar, e os que estão dentro e que se formaram em doutor também não querem fazer nada devido os baixos salários. Essa é a mais pura realidade”, detona.

Sempre se colocando em uma posição neutra, garantindo que quem sofre com isso é a sociedade que se vê agredida em todos os tipos de crimes, além da própria instituição, cada vez mais esfacelada, o escrivão garante que além de melhores os salários de investigadores e escrivães, o Governo e os mandatários da Polícia Civil também precisam sentar na mesma mesa para discutir políticas que incentivem e qualifiquem os policiais, que hoje estão totalmente esquecidos, para não dizer abandonado.

Um investigador que também pediu para não ser identificado, não apenas  concorda com o escrivão,   como também  revela coisas ainda mais interessantes que podem ajudar o governo do Estado a rever seu posicionamento  em relação à Segurança Pública de Mato Grosso.

 “Precisamos de salários dignos. Os delegados precisam ganhar muito bem e nós não somos contra que eles ganhem até mais que o governador, não. Nós queremos é uma política séria com um bom salário inicial, aumentos regulares e gestões policiais que garantam que tantos delegados, como escrivães e investigadores fiquem em constantes treinamentos, como sejam graduados a medida de sues cursos, conhecimentos e progressão profissional. Igual acontece hoje na Polícia Federal, onde policial é policial, e não garoto de recado”, desabafa o investigador.

Questionado sobre a questão “garoto de recados”, o investigador com mais de 20 anos de carreira e um salário que não chega a R$ 3 mil foi ainda mais enfático: “Hoje na Polícia Federal, escrivão é escrivão, agente é agente e delegado é delegado. Eles estão preparados para investigar e prender. Lá existem, pessoas especializadas para realizar o trabalho burocrático, que são funcionários federais, mas não são policiais federais. Deu para entender?, explicou o escrivão.

Para concluir, o escrivão e o investigador soltaram os ‘cachorros’: “Vamos falar sério. Vamos falar a verdade. Antes da greve a Polícia Civil já estava devagar, quase parando e a Polícia Militar em passos de tartaruga. A PM não tem efetivo, pois muitos quartéis só conseguem  aglutinar 30 policiais por dia nas ruas, menos de 10% do que precisaria. Na Polícia Civil a coisa ainda é pior. Mais de 50% dos policiais estão em trabalhos burocráticos. Mais de 20% estão entregando intimações. Ou seja, são garotos de recados. Enquanto isso, mais de meio milhão de ocorrências estão paradas nas gavetas e nos arquivos mortos nos últimos cinco anos”.

 

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