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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Policial que fazia a segurança do ex-secretário e preso fazendo a segurança de traficante! O ex-secretário ao avaliar a situação de bico dos policiais disse o seguinte: "bicos" por servidores públicos em vigilância privada é uma "realidade nacional", "praticamente impossível"


Realidade nacional', diz Michels após policial admitir 'bico' para traficante
Servidor era chefe de segurança do ex-secretário de Segurança do RS. Segundo Airton Michels, ele confirmou trabalho durante festa de criminoso.
23/01/2015 17h45 - Atualizado em 23/01/2015 18h26
Por Estêvão Pires
Do G1 RS
Ex-secretário avaliou prática, considerada 'histórica' por ele entre servidores (Foto: Estêvão Pires/G1)
Ex-secretário avaliou prática, considerada por ele 'histórica' entre servidores (Foto: Estêvão Pires/G1)

Supreendido por um telefonema do seu ex-chefe de segurança confessando ter prestado serviços a um traficante, o ex-secretário da Segurança do Rio Grande do Sul Airton Michels avaliou na tarde desta sexta-feira (23) que a prática de "bicos" por servidores públicos em vigilância privada é uma "realidade nacional", "praticamente impossível" de ser combatida. O comissário da Polícia Civil Nilton Aneli, que até o final de 2014 trabalhava com Michels, estava fazendo a segurança de um criminoso executado a tiros dia 4 de janeiro, em Tramandaí, no Litoral Norte.

O ex-titular da pasta afirma que as escalas de horários e os baixos salários ainda contribuem para a atuação de policiais em serviços de segurança privada, um problema classificado por ele como "histórico". "Não tem como fugir, é uma realidade brasileira. É um vício histórico, é uma cultura, e tem outros fatores: a natureza do trabalho policial, por exemplo, pode deixar eles muito tempo sem ter nada para fazer. Acabam fazendo esse bico. Então a primeira tarefa é pagar salarios mais dignos aos policiais e isso nós fizemos", disse Michels, que comando a Segurança Pública do estado durante quatro anos na gestão de Tarso Genro (PT)

Aneli, coforme o ex-secretário, confirmou por telefone que trabalhava em uma casa de praia, quando Alexandre Goulart Medeiros, o Xandi, foi assassinado, em Tramandaí. "Ele me ligou e disse que tinha que me contar a verdade. Disse que precisava de dinheiro e que não sabia quem eram aquelas pessoas, achou que fossem pessoas 'normais', já que tinham mulheres e crianças no grupo", contou o ex-secretário.

Questionado sobre a eventual necessidade de um "pente-fino" para rastrear policiais em atividades de "bico" no estado, Michels opinou que o pagamento de melhores salários é o único caminho para minimizar a prática. “É praticamente impossível ter homens para formar alguma força-tarefa que combata isso. Só quando morre alguém ficamos sabendo [dos bicos]”, avaliou.

Por ser policial civil, Aneli, de acordo com Michles, possivelmente tinha acesso a dados do Consultas Integradas, sistema onde estão armazenadas informações sigilosas de cidadãos, e ao Guardião, mecanismo usado para grampear telefonemas. Contudo, o ex-titular da pasta garante: o servidor não acompanhava dados confidenciais da secretaria. "Não gera abslutamente nenhum temor. A secretaria trabalha com poucas informações sigilosas e quando elas existiam, eu falava diretamente com os chefes das instituições", disse.

De acordo com o assessor de Michels, Antônio Cândido, durante o tempo em que Aneli trabalhou com o secretário, os serviços prestados foram "excelentes". Logo após a morte de Xandi, o ex-secretário havia defendido o ex-funcionário. "Acho muito difícil, quase improvável, que ele tenha envolvimento com quadrilha de tráfico de drogas. Mas é verdade que, claro que não comigo, ele buscava recursos fazendo segurança privada", disse na época.

Material apreendido após tiroteio em quadrilhas em Tramandaí (Foto: Robson Alves/Brigada Militar)Arsenal foi apreendido dentro da casa em
Tramandaí (Foto: Robson Alves/Brigada Militar)

O crime
O tiroteio ocorreu por volta das 14h na casa localizada na Rua 3 de Outubro. Segundo a Brigada Militar, quatro homens chegaram ao local em um Corsa vermelho. Dois deles desceram e atiraram contra a residência. Foram feitos vários disparos de fuzil e de pistola 9 mm.

Xandi, que estava à beira da piscina, foi atingido na cabeça e morreu no local. Outro homem, que seria sobrinho do policial, foi atingido nas costas. Ele foi socorrido e transferido para o Hospital de Pronto Socorro da capital, onde foi internado em estado grave. Uma mulher levou um tiro de raspão na barriga.

A casa alugada pelos criminosos fica a uma quadra do mar, perto da plataforma, em um dos pontos mais movimentados de Tramandaí. Segundo a polícia, a quadrilha chegou ao local em 26 de dezembro e voltaria para Porto Alegre na tarde de domingo (5). A diária paga por eles pelo aluguel da casa foi de R$ 1,2 mil.

Na residência, foram apreendidas cinco pistolas, seis carregadores de 31 tiros, outras 200 munições, uma grande quantia em dinheiro e quatro veículos (entre eles uma caminhonete de luxo), além de joias e uma quantidade de drogas

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