quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Um sargento e um cabo – baleados, sendo o segundo em estado grave atingido na cabeça, durante trabalho de repressão a um baile funk


POLICIAIS SÃO CERCADOS POR BANDIDOS NO COMPLEXO DO CARAMUJO

Texto: Augusto Aguiar


Um intenso confronto entre criminosos e policiais militares do 12º Batalhão (Niterói) deixou saldo de dois militares – um sargento e um cabo – baleados, sendo o segundo em estado grave atingido na cabeça, durante trabalho de repressão a um baile funk (promovido pelo tráfico) no Complexo do Caramujo, na Zona Norte da cidade. Durante o confronto, um comerciante também foi baleado e internado em observação. As marcas da violência ficaram estampadas na fachada das casas e nos estabelecimentos comerciais. Numa das residências, um tiro atingiu o quarto de uma criança. Até o início da tarde de ontem o quadro clínico do cabo internado no Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal) era considerado muito grave. Policiais militares realizaram uma operação na região durante toda manhã e tarde de ontem, não tendo hora para deixar a localidade. Vale lembrar que em fevereiro o sargento Joilson da Silva Gomes, de 40 anos, foi morto numa emboscada horas depois de também reprimir o mesmo baile.
Policiais do Grupamento de Ações Táticas (GAT) explicaram que no fim da noite de domingo receberam ordens de seguirem para o Complexo do Caramujo, onde na localidade conhecida como Biquinha, no Morro da Caixa D’Água, dezenas de pessoas e vários criminosos estariam promovendo um baile funk (apelidado com o “baile da Caixa”). De acordo com o relato dos policiais, antes mesmo de chegarem ao local indicado onde o baile estava sendo realizado, as guarnições com reforço do veículo blindado da PM (o “caveirão”) tiveram de remover barricadas erguidas pelos bandidos, com barras de ferro e concreto.
Ao chegarem no local, os policiais reprimiram a movimentação para o baile e as guarnições, logo a seguir passaram e revistaram vários suspeitos que estavam num bar. Ao se prepararem para deixar o local, os PM foram surpreendidos por um grupo de traficantes fortemente armados com fuzis e pistolas que estavam posicionados em telhados e na parte alta da comunidade. Houve intenso confronto e, na ação, um cabo do GAT, de 36 anos, foi atingido com um tiro de fuzil de raspão na cabeça. Ao tentar socorrer o companheiro o comandante da guarnição, um sargento de 41 anos também foi baleado (na perna esquerda).
Segundo os policiais, durante o confronto o proprietário do estabelecimento (que funciona como depósito de bebidas) foi atingido por tiros no braço e perna, elevando para três o número de vítimas do tiroteio. A ousadia dos criminosos se estendeu até a sede do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) do bairro. Ao tomarem conhecimento do confronto, policiais de serviço tentaram deixar o local para ajudar os companheiros, mas foram atacados por outros bandidos e chegaram a ficar acuados no prédio.
A PM conseguiu deixar o local sob intensa troca de tiros, e os dois militares foram internado e comerciante foram internados no Heal, onde foram submetidos a cirurgias. O estado mais grave foi do cabo, que mesmo sendo atingido de raspão, sofreu com a formação de um coágulo no cérebro, queaté o início da tarde de ontem os médicos tentavam conter na mesa de cirurgia.
Ainda na madrugada de ontem policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Choque (BPChoq) se deslocaram e invadiram o Morro das Caixa D´Água, mas após uma operação e uma varredura, não foram registradas prisões ou apreensões. No fim da manhã as guarnições foram substituídas por policiais militares do 12º BPM, Batalhão de Operações com Cães (BAC) e agentes do Serviço de Inteligência e o “caveirão” que vasculharam a região.

Quarto de criança é atingido por tiro

Durante confronto da madrugada de ontem, a casa de uma professora infantil foi atingida por um disparo de fuzil. A bala atravessou a parede e se alojou no quarto da filha dela, de 9 anos. Ela conta que não é só o baile funk que transforma o local um inferno, mas pagodes e campeonatos de futebol. A família pretende deixar o local em breve.
“Foi um susto muito grande. Acordei com o barulho no quarto dela e quando vi havia a marca de um tiro. Por sorte minha filha pediu para ir dormir em minha cama. Estamos apavorados e fazemos planos para deixar a comunidade no próximo ano. Aqui é um lugar maravilhoso, estão acabando com tudo. Já passei noites acordada com minha filha no colo, ouvindo gritaria e sentindo cheiro de maconha”, disse.

Fonte: A Tribuna do Rio de Janeiro

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