sábado, 20 de julho de 2013

Onde tudo começou: Entre os manifestantes há até criminosos, afirma sociólogo

Entre os manifestantes há até criminosos, afirma sociólogo

Cientista político da UFRJ divide vândalos em três correntes


VERA ARAÚJO (EMAIL)

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Loja saqueada no Leblon: maioria dos manifestantes se opõe a atos criminosos, diz Baía -
Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo



Loja saqueada no Leblon: maioria dos manifestantes se opõe a atos criminosos, diz Baía -MARCELO CARNAVAL / AGÊNCIA O GLOBO
RIO - Nem todos que usam roupa preta e uma máscara encobrindo o rosto são integrantes do grupo Black Bloc. Assim como também nem todos os jovens que usam o corte de cabelo do tipo moicano são punks. Os protestos do Rio trouxeram para as ruas várias tribos, anônimas e até ligadas a partidos políticos. Numa pesquisa acadêmica sobre a classe média, que engloba as manifestações de rua, o sociólogo e cientista político da UFRJ Paulo Baía dividiu os grupos que praticam atos mais violentos em três faixas: os que seguem uma política ideológica, aqueles de natureza sociocultural e há ainda as pessoas ligadas ao crime.
— A primeira linha é formada por anarquistas, trotkistas, leninistas, partidos de oposição que acreditam na violência como meio de revolução. A outra faixa tem funkeiros, skinheads e Black Bloc, que se tornaram visíveis com as manifestações, além dos punks e das torcidas organizadas. Por último, temos os bandos com vínculos com facções criminosas, como traficantes, milicianos e bandidos comuns — explicou Baía.
Ao identificar os grupos políticos, o sociólogo ressaltou que percebeu a ação deles em cidades que visitou, como Rio, São Paulo, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte. Ele lembra que há também bombeiros e policiais militares favoráveis à PEC 300, proposta de emenda constitucional que propõe igualar os salários dos militares estaduais de todo o Brasil.
— O que une os manifestantes, levando-os para as ruas, é que todos eles querem ser respeitados e desejam que as instituições funcionem. Não dá para comparar os movimentos de hoje com o Maio de 68 ou a Primavera Árabe, por exemplo. Trata-se de um movimento distinto, mas a maioria quer que o ato criminoso seja coibido. Infelizmente, no episódio do Leblon, a polícia viu o crime acontecendo e não agiu. O recado da polícia foi o seguinte: agora eu vou dar porrada em todo mundo — disse Baía.
Advogada: há pessoas infiltradas
A advogada Eloísa Samy, que presta auxílio jurídico voluntário aos manifestantes, acompanhou alguns protestos e conhece bem os grupos. Ontem, na página na internet dos Black Bloc RJ, ela fez um apelo para que seus integrantes procurassem coibir saques e depredações. Ao GLOBO, ela disse que há pessoas infiltradas nos protestos, com o objetivo de desmoralizá-los.
— O que eu vi foram cerca de dez pessoas infiltradas e insuflando as outras, com sangue nos olhos. Vários manifestantes tentaram evitar que isso acontecesse, mas não deu para segurar. Tinha bandido no meio — disse a advogada. — As pessoas precisam saber que essa situação (de vandalismo) pode acarretar um estado de sítio. O movimento não pode parar.
Eloísa defendeu o Black Bloc, ressaltando que os vândalos não se vestiam totalmente de preto.
— Não conheço os Black Bloc pelo nome, mas é fácil de identificá-los.


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