sábado, 20 de julho de 2013

Sociólogo é vítima de sequestro-relâmpago após dar entrevista sobre protestos




  • Depois de ser pego no Aterro do Flamengo por dois homens armados, Paulo Baía foi levado de carro até a Cinelândia, onde foi liberado

  • Ele foi alertado pelos sequestradores a não voltar a dar entrevistas nem falar da Polícia Militar

    FABÍOLA GERBASE (EMAIL)

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    O sociólogo Paulo Baía foi ameaçado após falar sobre protestos ao GLOBO Foto: Gustavo Stephan / Agência O Globo

    O sociólogo Paulo Baía foi ameaçado após falar sobre protestos ao GLOBOGUSTAVO STEPHAN / AGÊNCIA O GLOBO
    RIO - O sociólogo e cientista político Paulo Baía afirma que foi vítima de um sequestro-relâmpago na manhã desta sexta-feira, por volta das 7h10m, quando saía de casa para caminhar no Aterro do Flamengo. Ele foi abordado por dois homens vestidos com moletons e encapuzados, e recebeu como recado que não desse mais nenhuma entrevista como a publicada nesta sexta-feira no GLOBO nem falasse mais nada sobre a Polícia Militar. Na reportagem, o sociólogo analisa o perfil dos grupos que praticam atos mais violentos nos protestos. Lembrando a noite de confrontos no Leblon, na última quarta-feira, ele afirmou que “a polícia viu o crime acontecendo e não agiu. O recado da polícia foi o seguinte: agora eu vou dar porrada em todo mundo”.
    — Eles me abordaram quando eu estava numa passagem subterrânea indo para o Aterro, perto de casa. Eram dois homens, de touca ninja e óculos escuros. Eles mostraram que estavam armados e me levaram pelo gramado até a pista do Aterro que vai para Botafogo. Parou ali um Nissan preto, de vidro fumê, e me colocaram no carro sentado entre eles. O motorista e um homem ao lado também estavam de capuz. Só conseguia ver as mãos deles. O motorista era negro, o homem ao lado dele era branco. E os dois que me pegaram eram mulatos. No carro, me deram o recado e não falaram mais nada. Disseram para eu não dar mais nenhuma entrevista como a de hoje no GLOBO e para que eu não falasse mais nada da PM, porque, se eu falasse, seria a última entrevista que eu daria na vida. Eles deixaram as armas visíveis, mas não apontaram para mim — conta Paulo Baía, que é professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


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