Informação policial e Bombeiro Militar

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Cai o Secreário!


Número de homicídios sobe 92%. Cai o secretário de Segurança.





Fernando Grella Vieira, o novo secretário de Segurança de São Paulo: aceitou o convite no fim de semana. - Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
O novo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, toma posse hoje, às 10h, no Palácio dos Bandeirantes, com uma delicada missão a cumprir: aprimorar o plano de combate à crescente onda de violência no Estado.
 
O ex-secretário Antonio Ferreira Pinto deixou seu cargo anteontem, mas seu pedido de exoneração foi anunciado ontem pelo governador Geraldo Alckmin. 
 
Mortes - O quadro que aguarda o novo secretário é complicado: em outubro, os homicídios cresceram 92% na Capital  em relação ao mesmo mês de 2011, segundo dados divulgados na noite de ontem pela Secretaria da Segurança Pública. Foram 150 casos em outubro deste ano, contra 78 no ano passado. Se considerado o número total de vítimas das ocorrências, outubro de 2011 registrou 82 mortes e, neste ano, foram 176 vítimas, um crescimento de 114%. Na Capital, o crescimento foi de 11% entre setembro e outubro deste ano: de 134 para 150 mortes.
 
Ferreira Pinto, ex- secretário de Segurança. Ao fundo, o coronel Roberval Ferreira França, comandante da PM. - Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo
Em todo o Estado, os homicídios aumentaram 11,62% entre janeiro e outubro, em comparação com o mesmo período de 2011. Na comparação entre outubro de 2011 e outubro de 2012, o aumento de homicídios foi de 37,9%: de 366 para 505. A taxa de homicídios fechou em outubro em 10,89 casos por 100 mil habitantes.
 
O governador reconheceu que o Estado passa por um período de alta da violência. "Reconhecemos as dificuldades que estamos passando e vamos nos empenhar de forma redobrada neste trabalho". 
 
Carreira - Fernando Grella Vieira é procurador de Justiça, secretário da Procuradoria de Justiça Cível do Ministério Público de São Paulo e vice-presidente da Associação Paulista do Ministério Público. O governador Geraldo Alckmin afirmou que ele "está preparado para ajudar São Paulo a dar avanço e continuar sendo um dos Estados mais seguros do Brasil". 
 
Em sua carreira, Grella atuou nas áreas cível e criminal. Ele já foi secretário-geral da Confederação Nacional do Ministério Público, assessor jurídico de dois ex-procuradores-gerais de Justiça e representou o Ministério Público brasileiro no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República. 
 
O governador Geraldo Alckmin, que aceitou a demissão do secretário: 'Ele trabalhou com honestidade'. - Lola Oliveira/Brazil Photo Press/Folhapress
Durante o anúncio da troca de cargos, Alckmin disse que Ferreira Pinto foi um bom secretário da Administração Penitenciária e Segurança Pública (leia nesta página). "Quero agradecer a ele, que trabalhou com competência, dignidade e honestidade". 
 
Parcerias - Segundo Grella, as parcerias com o governo federal e o relacionamento com a União serão mantidos. Ele disse, contudo, que tem ideias para enfrentar a crise, mas que precisa se informar sobre a situação da pasta. "O plano de segurança está em andamento, mas deve ter alterações em novas versões, requer um aprimoramento", disse.
 
Grella não detalhou se eventuais mudanças afetarão os planos de ação conjunta firmados com o governo federal. "Assumi um compromisso em relação ao colega (Ferreira Pinto) e só falarei de detalhes do que pretendo fazer após a posse". O ex-procurador disse ter sido convidado na semana passada pelo governador e ter aceitado o convite durante o último fim de semana.
 
No início e no fim, o PCC.
Ivan Ventura
 
A acensão e queda de Antonio Ferreira Pinto no mundo da segurança pública em São Paulo tiveram o mesmo motivo: os ataques de bandidos ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
 
Foi em 2006 que o oficial da reserva da Polícia Militar e ex-promotor de Justiça recebeu o convite para substituir o ex-secretário de Administração Penitenciária (SAP), Nagashi Furukawa. Naquele ano, a segurança pública paulista lutava contra uma segunda onda de violência promovida pelo PCC (a primeira acontecera em 2001).
 
Os ataques começaram na noite de 12 de maio e, oficialmente, cessaram cinco dias depois. Os alvos foram bases da PM e delegacias da Polícia Civil, além de ônibus. Dois dias depois do primeiro ataque, o PCC fez nova demonstração de força: ao mesmo tempo, presos de 54 presídios se rebelaram e a situação só voltou ao normal no fim do mês.
 
Foi quando Ferreira Pinto assumiu a SAP e isolou lideranças do PCC em presídios de segurança máxima paulistas e de outros estados. Sua gestão  foi considerada exemplar. Em 2009, um novo convite, desta vez para assumir a Secretaria de Segurança Pública, no lugar de Ronaldo Marzagão. O seu primeiro ato foi exonerar ou afastar agentes da considerada "banda podre" da polícia.
 
Como gestor da segurança pública, o primeiro e o segundo ano como secretário foram excelentes. Os indicadores criminais despencaram e se transformaram em "cases" em segurança pública no Brasil e em outros países.
 
Mas a redução da violência não durou muito tempo. Em 2012 os indicadores de crimes voltaram a subir no Estado, em especial os casos de roubos e homicídios.
 
Ferreira Pinto, em seu último ato, prometeu reduzir esses indicadores. Colocou a Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) na rua, em novíssimas viaturas. Mas a Rota sofreu críticas após algumas ações consideradas violentas. Uma em especial, segundo o Ministério Público Estadual, teria resultado na atual onda de violência: seis mortes em uma ação na zona leste, sendo que uma delas com suspeitas de execução.

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