quinta-feira, 21 de novembro de 2013

PMs confundem Policiais Civis com bandidos e atiram contra os mesmos, dois estão feridos. Os policiais civis faziam uma abordagem a um suspeito quando foram surpreendidos pelos tiros do militar que achou que se tratava de criminosos. Veja imagens da movimentação na porta da delegacia após o tiroteio

Policiais civis são baleados por PM no Bairro JulianaOs policiais civis faziam uma abordagem a um suspeito quando foram surpreendidos pelos tiros do militar que achou que se tratava de criminosos
João Henrique do Vale


Publicação: 20/11/2013 16:58 Atualização: 20/11/2013 22:15



Policiais militares e civis se aglomeraram na porta da delegacia onde a ocorrência foi encerrada (Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Policiais militares e civis se aglomeraram na porta da delegacia onde a ocorrência foi encerrada


Dois policiais civis foram baleados na tarde desta quarta-feira no Bairro Juliana, na Região Norte de Belo Horizonte, por um cabo da Polícia Militar (PM). Os policiais, da 3ª delegacia de Vespasiano, estavam na Rua Cheflera, em uma viatura descaracterizada durante uma investigação para procurar um suposto traficante que estaria na região. Ao abordar um suspeito, que havia acabado de entrar em uma papelaria, os agentes foram surpreendidos pelo militar que os confundiu com criminosos. Após o ocorrido, houve bate-boca entre as duas corporações. 

A confusão aconteceu durante uma diligência de dois investigadores e um escrivão da 3ª Delegacia de Vespasiano. Os três estavam em uma viatura descaracterizada que tinha apenas duas portas. Eles averiguavam informações de que um traficante do Morro Alto estaria rondando pelo local. Durante a ação, se depararam com um jovem, identificado como Alex Rodrigues Goulart, de 23 anos, que estava em uma moto. O homem parou o veículo na Rua Cheflera e foi até uma papelaria, que pertence a mulher do cabo Samuel Cabral de Oliveira Andrade, de 30 anos, para comprar recarga para o celular. 

Clima ficou tenso entre as duas corporações (Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Clima ficou tenso entre as duas corporações
Os policiais estranharam a atitude do homem e foram fazer a abordagem. O primeiro a descer da viatura foi um dos investigadores que estava ao volante. Ele entrou no estabelecimento e foi fazer até o suspeito. O escrivão Marcelo Gonçalves Ferreira, de 32 anos, que estava no banco do passageiro, desceu do veículo com a arma na mão e foi dar apoio ao colega. Quando estava atravessando a rua, foi surpreendido pelo militar que estava levando água para a mulher na papelaria que fica ao lado de sua casa. 

Sem se identificar como militar, o cabo sacou a arma e atirou contra Marcelo, que foi atingido no ombro. Mesmo ferido, ele revidou os disparos. Samuel se escondeu atrás do muro de sua casa e efetuou vários disparos contra os policiais civis que revidaram. Houve uma troca de tiros intensa na região. 

O investigador Marcelo Batista Bento, de 31, que estava no banco de trás da viatura e tentava descer , acabou levando um tiro no tórax. Mesmo ferido, também entrou na troca de tiros. Testemunhas informaram que os policiais civis sempre se identificaram como policiais, diferente de Samuel, que apenas fez isso depois que a munição de sua pistola, calibre 380, acabou. Quando isso aconteceu, os policiais cessaram os disparos. 

Os dois policiais feridos foram socorridos para o Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova, onde receberam atendimento. Conforme colegas de corporação, eles não correm risco de morrer. 

Confusão entre as corporações
Quando a troca de tiros acabou, diversas viaturas da Polícia Militar e da Polícia Civil foram para o local dar apoio aos colegas. O clima ficou tenso entre as duas corporações. Conforme a Polícia Civil, a confusão começou depois que os militares queriam levar o cabo e o suspeito abordado na delegacia para fazer o boletim de ocorrência no 49ª Batalhão da PM, onde o militar é lotado. 

A situação só foi controlada depois que a corregedoria da Polícia Civil chegou no local e fez um acordo para que a ocorrência fosse encerrada na 7ª Delegacia de Venda Nova. Quando as viaturas já se dirigiram para o local, uma nova confusão se formou ainda mais calorosa. 

A viatura da PM, que seguia pela Rua Doutor Álvaro Camargos em direção a Rua Martinica, onde fica a delegacia, desviou na Rua João Samaha, no Bairro São João Batista. Os policiais civis, que pensaram que os militares iram descumprir o acordo, ficaram revoltados e fecharam o veículo. Neste momento, alguns agentes, tanto da Polícia Civil quanto da Militar, sacaram as armas e começaram as ameaças. A situação novamente foi contornada e todos seguiram para a delegacia. 

Devido a grande concentração de policiais e com o medo de acontecer alguma confusão, os comerciantes fecharam as portas na região. 

Veja imagens da movimentação na porta da 7ª delegacia de Venda Nova após o tiroteio









Depoimento complica MilitarO jovem, Alex Goulart, que foi abordado na papelaria disse que a abordagem aconteceu normalmente pelos policiais civis. E que o miliar, achando que se tratavam de bandidos, começou a atirar. 

O militar segue na delegacia onde presta depoimento. A pistola 380 usada por ele foi apreendida. De acordo com a PM, o cabo está há 10 anos na corporação e está afastado devido a um problema no tornozelo. Ele se contundiu durante uma operação.  A comandante do policiamento da capital, coronel Cláudia Romualdo, acompanha os trabalhados na delegacia. 

Alex, que já tem passagens pela polícia por tráfico de drogas, foi detido por dirigir a moto sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV). A motocicleta também foi apreendida.

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