segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Dividindo conhecimento, policiais da Patrulha Escolar conquistam admiração de estudantes


18/11/2013 - 20:06

Mariana Dantas
Do NE10

Fotos: Fábio Jardelino/NE10

Quando entrou pela primeira vez na Escola Pintor Lauro Vilares, na comunidade de Roda de Fogo, o policial Wellington Cruz não ficou à vontade. Percebeu os olhares desconfiados dos estudantes e sentiu o peso da sua farda. Muitos achavam que aquele homem forte, de semblante sério, estava ali apenas para zelar pela ordem e repreender os que saíssem da linha. Os jovens não imaginavam que aquele rapaz fardado se tornaria um grande mestre e, principalmente, um amigo. 

Soldado Cruz, como é conhecido, é um dos policiais do projeto “Fonte que Jorra”, uma das ações do programa Patrulha Escolar (PE), desenvolvido pela Polícia Militar de Pernambuco.  Através do projeto, policiais do PE dividem seu conhecimento com os alunos das escolas onde atuam. Entre as atividades aulas de esportes, informática e até reforço escolar, já que o projeto conta com policiais com graduação em matemática, física, entre outros.

Faixa preta em karatê, soldado Cruz decidiu dividir seu conhecimento com os alunos e ministra aulas duas vezes por semana na escola. “É muito gratificante repassar o que sei para os alunos. As dificuldades são muitas, como falta de quimonos e de tatame, mas o interesse dos alunos supera os problemas”, disse Cruz. Incentivado pelo professor-policial, Guilherme Ariel, 14, se prepara para participar da primeira competição oficial. “Ele não é apenas professor, é nosso amigo também”, disse o jovem. 

Na Escola Carlos Alberto Gonçalves de Almeida, no Prado, quem comanda as aulas de vôlei é o soldado Alexandre Novis. Estudante de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele afirma que, “além de colocar em prática o conhecimento adquirido na universidade, contribuo para transformar o tempo ocioso desses jovens em produtivo”. O estudante George Lucas da Silva, 15, não perde uma aula de Alexandre. “Antes ficava em casa sem fazer nada. Hoje me movimento”, disse. 

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Policial Alexandre durante aula de vôlei com os estudantes

Para os policiais Cruz e Alexandre, participar do projeto “Fonte que Jorra” é tão gratificante que eles resolveram continuar dando aula mesmo após a publicação, em agosto de 2012, da portaria 3.141, que reduziu a carga horária deles no PE. Agora, a maioria das aulas acontece fora do horário do serviço, de forma voluntária. 

ENTENDA A PORTARIA - Os policiais que atuam na Patrulha Escolar fazem parte do Programa de Jornada Extra de Segurança (PJES), ou seja, trabalham nas escolas em horário extra da sua atividade principal. Cruz e Alexandre, por exemplo, são lotados na cavalaria da PM. 

Embora tenha beneficiado financeiramente os policias – que deixaram de ganhar um valor fixo mensal de R$ 387 (para 16 plantões) e passaram a ganhar R$ 120 por plantão (podendo fazer no máximo oito serviços por mês, chegando até R$ 960), a portaria reduziu e muito o número de oficiais do programa. Antes eram 1.042 e hoje são cerca de 500.

Com a carga horária reduzida, muitos policiais deixaram de desenvolver atividades juntos aos alunos.  O “Fonte que Jorra”, que já teve mais de 50 policiais envolvidos, possui atualmente 12. Outra dificuldade é que, após a portaria, apenas um policial está lotado para cada uma das 140 escolas contempladas pelo PE com segurança interna. Antes, eram dois policiais por escola, o que facilitava o trabalho do projeto. Enquanto um PM desenvolvia uma atividade com os alunos, o outro garantia a segurança da unidade. 

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Uma das equipe do PE que realiza palestras nas escolas públicas do Estado

O soldado Thiago Ximenes, 27 anos, parou de dar aula de informática na Escola Lagoa Encantada, em Beberibe. “Como preciso ficar em uma sala fechada para dar aula, não tenho como garantir a segurança da escola porque estou sozinho”, explica. 

De acordo com o major Cláudio Santos, coordenador geral do PE, o Governo pretende aumentar o número de plantões e, conseqüentemente, de policiais na Patrulha Escolar. Ele também destacou que o PE existe há mais de 12 anos. “Pernambuco foi o pioneiro no País, evitando que muitos jovens se envolvessem com a criminalidade. Uma das principais atividades do Patrulha é a promoção de palestras que abordam temas como drogas, bullying e depredações. Mostramos que a polícia não é só repressora, mas está pronta para ajudar”, explica o major. Segundo ele, as palestras, realizadas por três equipes especializadas, são realizadas de forma itinerante em escolas do Grande Recife e do Interior do Estado.

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