A defesa do tenente que comandava equipe policial envolvida na morte do servente Paulo Batista do Nascimento, em São Paulo, disse nesta segunda-feira (12) que o detido já estava ferido quando o tenente Halstons Kay Yin Chen chegou ao local no sábado (10). Segundo a defesa do oficial, o detido tentou retirar a arma do policial durante a revista no caminho até o hospital e houve um disparo.
Parte da ação da PM foi filmada por um vizinho. Nas imagens, o homem aparece vivo, cercado por policiais em uma rua do bairro do Campo Limpo, periferia da Zona Sul de São Paulo. O advogado José Miguel da Silva Júnior disse que o tenente chegou ao endereço da ocorrência após a vítima já apresentava "um ferimento".
A PM divulgou a identidade dos cinco PMs envolvidos na operação e que tiveram pedido de prisão. São suspeitos o tenente Halstons Kay Yin Chen e os soldados Francisco Anderson Henrique, Marcelo de Oliveira Silva, Jailson Pimentel de Almeida e Diógenes Marcelino de Melo.

A Corregedoria da Polícia Militar e o DHPP devem pedir nas próximas horas a prisão preventiva de cinco policiais acusados de executar o servente. Os cinco PMs passaram o dia na corregedoria, cumprindo prisão administrativa.
“O tenente ouviu o chamado pelo rádio da viatura, encostou para dar o apoio e quando ele chegou já havia um ferimento na vítima" disse o advogado. "Neste momento da revista, a vítima tenta tirar a arma do oficial, que estava portando uma metralhadora e uma pistola .40, ele tenta tirá-la, ele domina, rolam no chão e o tenente escuta um disparo”, disse o advogado.
O advogado concluiu, depois de analisar o vídeo, que o servente morto resistiu à prisão, o que “por si só é um ato ilegal”. “Ele não deveria resistir a uma ordem legal da autoridade. E depois se escuta um disparo. Então, eu vi uma irregularidade, não vamos também fechar os olhos. (...) Temos o princípio da presunção de inocência, sagrada na nossa Carta Magna. Então, vamos respeitar”, declarou.
Para a defesa, a imagem não é clara quanto ao disparo. “Esse disparo, que ainda se carece de uma pericia, carece de uma análise mais profunda para ver o que realmente aconteceu, porque a imagem não é clara. (...) Ele pode simplesmente ter entrado em luta corporal. Não tive acesso ainda ao depoimento dos outros policiais, mas pode ter havido uma luta corporal e ter sido um disparo acidental. Então eu entendo que é prematuro ainda se acusar qualquer pessoa. Principalmente um oficial de policia que está colaborando com as investigações”, disse.
PM lamenta 
Em nota, a Polícia Militar informou que o comandante geral "considera lamentável a ocorrência, que não reflete a conduta da maioria dos policiais de São Paulo" e que "estes PMs serão processados, devendo ser demitidos e expulsos da corporação."
"Não há nenhuma tolerância agora nós temos 130 mil policiais então é preciso sempre verificar que são ações excepcionais para isso a polícia tem a maior corregedoria do pais e nós ainda determinamos que todo caso de confronto seguido de morte seja acompanhado pelo DHPP , que é o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa", disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Vídeo 
Em um vídeo, o servente é retirado de dentro de uma casa e agredido com socos e chutes. Depois, é levado para o carro do policiais. O PM do canto direito se posiciona para dar um tiro. Não é possível ver se ele atira, mas dá para ouvir um disparo.

Quem está filmando se assusta. Nas imagens seguintes, há uma movimentação de policiais.
Um dos fatos que chamam a atenção é que dos três nomes divulgados pela PM, só um aparece no boletim de ocorrência. O do soldado Marcelo de Oliveira Silva, que é citado como vítima dos supostos criminosos.

Na delegacia, os policiais disseram que dois PMs em motos tentaram abordar um carro roubado com três suspeitos, entre eles Paulo. Houve perseguição e troca de tiros. Segundo o boletim de ocorrência, Paulo conseguiu fugir e o corpo dele foi encontrado pelos policiais numa viela.

Ainda na versão dos PMs, o cobrador Michael Daniel da Silva foi indiciado e preso. O soldado Marcelo e o PM Diógenes Marcelino Melo são vítimas. Outro policial, Anderson Gimenes da Silva, é testemunha. E o responsável pela operação é o PM Marcio de Souza Queiroz.
Na investigação da corregedoria da PM, tenente Chen, recém formado na academia da Polícia Militar, era quem respondia pelo comando dos policiais.
Para ler mais notícias do G1 São Paulo, clique em g1.globo.com/sp . Siga também o G1 São Paulo no Twitter e por RSS .