sexta-feira, 15 de junho de 2012

O estrategista: ele quer fazer barba (Dilma), Cabelo (ele mesmo) e Bigode (o Prefeito do Recife).

Opinião
O Recife visto pelos olhos do PSB

 Fernando Castilho, do JC Negócios, especial para o Blog de Jamildo
Economista por formação, político por opção e obstinado quanto aos seus objetivos, o governador Eduardo Campos trabalha para fazer do Recife uma espécie de super secretaria de suporte ao seu governo, levando para a Prefeitura, o modelo de gestão que implantou no Estado e que hoje é referência para vários estados cujos governadores sonham gerir a máquina pública como uma empresa como ele fez em Pernambuco.

Dito, de forma tão crua, é natural que os eleitores, partidos políticos, candidatos se assustem, mas como se disse no parágrafo anterior, Eduardo Campos traçou sua carreira política como um nerd que tem as melhores notas na universidade, cria uma ampla network, brilha como trainee e assume cargo de gerência de terceiro nível, já pensando na primeira diretoria, mas tendo como objetivo virar o CEO da empresa. De preferência, multinacional.

A única diferença é que todos esses conceitos e passos de carreira de executivo ele vem montando há anos e os aplicou como um político. Inclusive quando a carreira entra em crise quando ele reavalia a carreira e fixa novas metas apenas com a diferença de aplicá-los as variações possíveis na trajetória.

Isso talvez explique porque depois de cinco anos à frente do Governo de Pernambuco, com o sucesso de gestão e midiático junto aos empresários, além de uma extraordinária base de dados e informações sobre o Estado, e ter a sua máquina administrativa gerida pelo desenho de seu fiel escudeiro, Geraldo Júlio, com a ajuda entusiasmada de 65 auditores fiscais e 35 do TCE, além da aprovação de 82% de sua gestão, agora ele mire na Prefeitura do Recife.

Pelos seus últimos passos, parece claro que o governador entendeu que precisa implantar esse mesmo modelo de gestão também na Prefeitura do Recife. De forma a que a cidade responda mais rápido aos desafios que o Governo do Estado agora lhe propõe e que, de certa forma, ele tenta impor sem ter a resposta de eficiência que deseja.

A bem da verdade, Eduardo Campos já vem fazendo isso quando pensou, traçou, desenhou, equacionou o modelo de financiamento estadual e federal e apresentou ao prefeito do Recife, João da Costa, um conjunto de soluções para a cidade como um pacote pronto e acabado. O caso dos quatro viadutos da Agamenon é típico desse entendimento.

Assim, seus últimos passos dão sinais claros de que agora desenha isso para o Recife, com a diferença de querer colocar um de seus secretários lá, pelo voto. O único problema é que terá que combinar isso com o povo. Mas também para isso ele tem ideias próprias.

O curioso é que tenha encontrado tanta facilidade para, pelo menos, desenhar o formato. E que tenha feito isso sem que, em nenhum momento, suas impressões digitais estivessem impressas no processo de defumação do prefeito João da Costa, da fritura em fogo alto de seu aparentado Maurício Rands e agora em relação ao senador Humberto Costa no microondas que parece estar sendo ser cozido, onde gira no prato sem saber o que fazer.

É interessante observar como o PT, com 12 anos de Prefeitura, não soube se reinventar e trabalhar com a ideia de que dormia com o inimigo desde a eleição de João da Costa. E como foi se deixando seduzir pela convivência palaciana de parceria na mídia, enquanto o desempenho na administração da capital caía. Ao mesmo tempo em que o governador exibia seu formato de gestão de resultados e metas no governo. E o mais grave: não percebeu que os caminhos do PT não eram os caminhos do PSB de Eduardo Campos.

O processo, sabemos todos agora, foi o que a cidade vem assistindo. O PT briga em publico, mas Eduardo Campos insiste na imprensa que espera pela definição e quer ser parceiro. Na repreende Rands em voos mais altos no PT, mas o descarta quando sente que perdeu a previa. Corteja Humberto que, no dia seguinte à derrota de Rands, foi aconselhar-se com ele no Palácio, mas não se compromete com ele.

Finalmente, após a imposição pela Executiva Nacional do partido de uma candidatura biônica, exonera quatro secretários e diz a Humberto Costa e João da Costa, em publico e em privado, que ambos perderam a condição de coordenar a eleição e que, diante da perspectiva de perda de poder ele próprio vai liderar, a pedido dos demais partidos da Frente Popular, o processo para não perder as conquistas do PT e do PSB.

Bom, pelo menos, o prefeito manteve sua dignidade e depois de ouvir o discurso comunicou-lhe educadamente, que vai até o final da disputa porque acredita que será o candidato do PT. Ainda que tenha que ir buscar esse direito na Justiça.

Já Humberto, ao contrário, foi buscar guarida na casa do ex-presidente Lula, em São Paulo, que prometeu dar uma declaração pública, mas ficou mudo humilhando ainda mais o senador que esperava ajuda do avalista que ele (Humberto) diz ter em Lula.

Hoje, de qualquer ponto que se olhe, o que se observa é que Eduardo Campos, de fato, reuniu as condições para levar para sua chapa todos os partidos da base aliada na prefeitura. Isso, evidentemente, não quer dizer que signifique apoio para seu candidato no dia 7 de outubro, pois o candidato a vereador cuida de seu mandato e depois do mandato do prefeito se ele não lhe atrapalhar. Mas, ele tem a base na mão.

Resumindo: Eduardo Campos, depois de assistir o PT no Recife implodir, pode agora se dar ao luxo de lançar um auxiliar para ser o comandante dessa nova super secretaria em que a Prefeitura do Recife pode se transformar. Sim, na campanha poderá dizer, com propriedade, que o candidato não tem qualquer ligação com o modelo petista de governar.

E que oferece ao Recife, seu modelo de gestão pública já testado e aprovado. Naturalmente, dando para os partidos da base aliada, uma secretaria sem importância, como já faz no Governo do Estado.

O governador, é verdade, pode perder mesmo com seu chapão e seu prestígio. Afinal, como já se disse, terá que combinar com o povo. Mas, parte na frente da campanha e com uma razoável vantagem sobre a oposição que agora precisa redesenhar seu discurso.

O que, convenhamos, não será tarefa fácil, mesmo que o candidato do governador seja, no fundo, no fundo, um candidato a CEO travestido de prefeito. Mas e daí ? O sucesso do modelo de gestão do Governo do Estado já foi provado e aprovado. E pensando desse modo o eleitor pode se perguntar: porque não testá-lo no Recife?

Afinal, o Recife é cidade cujos dirigentes foram capazes de lavar a maior trouxe de roupa política que o rio Capibaribe já viu


Fonte: blog jamildo

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