domingo, 4 de março de 2012

No Rio um PM e' expulso a cada dois dias.

Um PM fora a cada dois dias

Em cinco meses, a Corregedoria da corporação expulsa 67 praças e analisa 16 oficiais
POR GABRIELA MOREIRA

Rio -  Um policial militar é investigado por dia na PM do Rio. A cada dois dias, um deles é expulso da corporação. Este é o balanço dos últimos cinco meses da Corregedoria interna da instituição, que, no período, investigou 173 homens e já expulsou 67. Sob o comando do coronel Waldyr Soares Filho, a intenção é tornar o setor correcional mais atuante e eficiente. Para isso, novos procedimentos e cursos estão sendo planejados. Na lista de tarefas a cumprir, tem até aula com especialista da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Atualmente, há 69 praças em processo de Conselho de Disciplina e 16 oficiais em Conselho de Justificação. Dentre os policiais expulsos, nenhum era oficial. “O processo do oficial é mais demorado. Após o encerramento pela Corregedoria, vai para a Secretaria de Segurança e depois para a Justiça”, afirma o coronel Waldyr.

Ligações com máfia

Entre os praças expulsos, pelo menos seis foram por envolvimento com a máfia do jogo do bicho ou caça-níqueis.Já entre os oficiais em processo de expulsão estão o coronel Cláudio Oliveira, acusado da morte da juíza Patrícia Acioli, e o capitão Luiz Piedade, acusado de receber propina e até presentear traficante enquanto comandava UPP. Também estão em Conselho os oficiais presos durante a greve da PM no mês passado.

Para transformar o perfil da Corregedoria, o objetivo é tratar os procedimentos apuratórios em pré-inquéritos, ou seja, em investigação. “Averiguação ou sindicância pode virar inquérito militar”, explica.

Sindicâncias e averiguações são instrumentos que não resultam em expulsão. São instaurados para apurar desvios de menor gravidade. Já o inquérito acaba com o policial submetido a Conselho, que pode levar à expulsão. “O desafio é transformar a Corregedoria em órgão de investigação e não apenas de formalização de procedimentos. Isso já vinha sendo feito, mas precisamos melhorar”, diz Waldyr.

No comando de 440 policiais

Ex-assessor jurídico da Corregedoria Geral Unificada (CGU), coronel Waldyr tem pela frente uma das missões mais ingratas na PM: investigar os próprios pares, os colegas de farda.

“É difícil investigar colega, claro que é, mas as pessoas que estão aqui procuram ter espírito público e consciência de que estamos trabalhando para depurar a instituição. Talvez, se não houvesse esse comprometimento, o número de expulsos fosse menor. Não é concebível que se tolere certas condutas”, diz ele, que tem sob seu comando uma tropa de 440 policiais.

Deste efetivo, 186 ficam lotados na Corregedoria e o restante entre as seis Delegacias de Polícia Judiciária Militar (DPJM) e os policiais que fazem a segurança do BEP.

Episódio da cerveja apreendida é citado

Uma operação feita pela Corregedoria é citada como exemplo de ação da investigação que se deseja. Em outubro, a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), braço operacional do órgão, interceptou um carregamento de 2.600 latinhas de cerveja que tinham como destino o Batalhão Especial Prisional (BEP).

“Aquele fato foi interpretado como mais um problema do BEP. Quando, na verdade,foi fruto de uma investigação. Recebemos a denúncia, levantamos informações, fomos ao local e interceptamos”, explica o coronel Waldyr.

Na ocasião, foram autuados o oficial responsável pela entrada de mercadorias e um cabo que estava preso e havia encomendado a cerveja. Ambos estão em Conselho e podem ser expulsos.


Fonte: o dia

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