sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

'Não há motivo para greve', diz PM paulista. Gratificação não é salário.

Lideranças da corporação garantem que não há motivo para paralisação no estado. Mas há quem duvide disso Cristina Christiano
cristinamc@diariosp.com.br
Enquanto a violência se agrava na Bahia por causa da greve de policiais militares, que nesta quinta-feira entra no nono dia e começa a inspirar movimentos semelhantes nas corporações de outros estados, em São Paulo a tropa de 110 mil homens, considerada a maior do país, só pensa em trabalhar e está imune a qualquer paralisação.

Um dos motivos, segundo entidades representativas da categoria, é a Operação Delegada, conhecida como a legalização do bico, institucionalizada em dezembro de 2009. Ela permite ao PM ser gratificado pelo município por prestação de serviço em dias de folga, com todos os direitos legais da atividade. Além disso, no final do mês, ela pode aumentar seus vencimentos em até 50%.

Mas não é só dinheiro que faz a diferença entre os PMs paulistas, segundo a categoria. “Para haver uma paralisação, é preciso motivo forte e, muitas vezes, as condições de trabalho e o tratamento recebido têm peso maior do que aumento salarial no estímulo e na motivação do policial”, diz o presidente da Adepom (Associação de Defesa dos Policiais Militares), coronel Luiz Carlos Nogueira.

PRESSÃO POLÍTICA /Na opinião de Nogueira, as manifestações na Bahia são políticas, como forma de pressionar a votação da PEC 300 (Proposta de Emenda Constitucional que instituiu um piso nacional a policiais militares, civis e bombeiros).

“Em São Paulo, o comando mantém canal aberto de negociação. Mas em outros estados, como policiais não encontram esse patamar de discussão e estão insatisfeitos, vale tudo. Aliás, quem está mal não tem muito a perder”, observa.

A opinião dele é compartilhada por Angelo Criscuoulo, presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos da PM. “Aqui há conversa. É mais saudável do que colocar em risco a segurança de famílias de policiais e da população. Com negociações, nós conseguimos muitos benefícios”, argumenta.

Segundo Criscuoulo, os policiais paulistas não são contra o movimento grevista da Bahia, mas desaprovam a forma como o movimento foi conduzido. “A Constituição proíbe greve de policiais militares e quem infringe a lei corre o risco de expulsão sumária” , diz.

Já para o presidente da Associação dos PMs Portadores de Deficiência Física, Élcio Inocêncio, que nesta quarta-feira participou em São Paulo de manifestação de apoio aos colegas da Bahia, falta união na tropa. “Poucas entidades têm voz e ousadia para promover uma paralisação”, afirma. Segundo ele, aqui não há um líder nato. “Quando aparecer um, oferecem poder e ele logo deixa de ser líder”, diz.

Autor da PEC culpa governos estaduais

Autor da proposta de emenda constitucional 300, que institui piso nacional para o policial, o deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) culpa os governos da Bahia, Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul pela paralisação da votação da PEC na Câmara. “Eles alegam que a medida vai honerar os estados”, afirma. O deputado promete recorrer por escrito ao colégio de líderes para colocar a PEC em votação

3.500 reais é valor previsto do piso nacional

VEJA QUANTO GANHA UM POLICIAL MILITAR
Distrito Federal
R$ 4.129.73

Sergipe
R$ 3.012.00

Goiás
R$ 2.722.00

Tocantins
R$ 2.611,01

São Paulo
R$ 2.387.00

Minas Gerais
R$ 2.245,00

Mato Grosso do Sul
R$ 2.176.00

Paraná
R$ 2.128,00

Amapá
R$ 2.070.00

Maranhão
R$ 2.037.39

Bahia
R$ 1.927.00

Alagoas
R$ 1.818.56

Rio Grande do Norte
R$ 1.815.00

Espírito Santo
R$ 1.801.14

Mato Grosso
R$ 1.779.00

Santa Catarina
R$ 1.600.00

Amazonas
R$ 1.546.00

Ceará
R$ 1.529,00

Roraima
R$ 1.526.91

Piauí
R$ 1.372.00

Pernambuco
R$ 1.331.00

Acre
R$ 1.299.81

Paraíba
R$ 1.297.88

Rondônia
R$ 1.251.00

Pará
R$ 1.215,00

Rio Grande do Sul
R$ 1.172.00

Rio de Janeiro
R$ 1.137,49


O que faz a diferença em São Paulo


Operação Delegada - Institui o pagamento de gratificação mensal a todo policial que prestar serviços à Prefeitura de São Paulo, fardado e armado, em seu horário de folga. A lei resulta de acordo entre o prefeito Gilberto Kassab e o governador Geraldo Alckmin e garante ao PM todos os direitos legais de trabalho

Canal aberto com o comandante-geral

Transparência e negociação

Uma vez por mês, o comandante-geral, coronel Alvaro Camilo, se reúne com entidades de classe para discutir meios de melhorar a qualidade de vida do policial

Capacitação profissional e oportunidade de estudo para ascensão na carreira militar

Treinamento de primeiro mundo

Infraestrutura para exercer o trabalho com segurança

Armas, munições e viaturas novas e coletes à prova de balas para todos

Informatização para aprimoramento do trabalho

Prêmios e incentivos para os que se destacam no trabalho

Fonte: rede Bom dia

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