quarta-feira, 22 de setembro de 2010

REMINICÊNCIAS DE UM EX-POLICIAL MILITAR

Tenho vivido momentos de muita alegria quando no seio das tropas por onde passei, guardo recordações entusiásticas dos janeiro de Campos Sales, onde tive minha formação de soldado pronto, sobre a terna orientação do então Sargento 9309 Eriosvaldo, o qual tenho uma grande admiração pelo denodo de conduta e exemplo de vida sarcedotal como é encarado por se a vida policial militar, de meus preparadíssimos colegas de recrutamento, que ousaram encarar aquela nova fase em suas vidas, enfim tudo era novo, fiz grandes e sólidas amizades.

Quando saio do cariri oeste e venho mais a cá ao sul, tive a oportunidade de trabalhar na almejada CPMA (Companhia de Polícia Militar Ambiental), depois de lá estando, foi que compreendera a gana de tantos em trabalhar naquele ambiente saudável de tantos amigos “ uma família” mesmo com os cabras da vida e as olivas estragadas daquele pomar. Conheci o então CAP. Queiroz, acolheu-me, tive o grande prazer de conhecê-lo homem de invejável coragem e abnegação. Lá fundamos juntos com o Demotier o NEA (Núcleo de Educação Ambiental) que teve como grande atividade, concretizar um sonho daquele policial de trabalhar com crianças, então fundamos o GAM (Grupamento Ambiental Mirim) me orgulho disso.

Foi lá também a época que compomos como conselheiro titular uma cadeira do CONDEMA( Conselho do Meio Ambiente de Crato-CE) o que nos possibilitou participar de discussões importantíssimas, como o próprio PLANO DIRETOR DA CIDADE. No entanto tormentas me trouxeram a minha cidade natal, Crato, confesso que sempre tive receio de aqui vir trabalhar como policial, os comentários a cerca da tropa e dos comandos que por lá passaram reforçavam minhas percepções, quanta bobagem!!,nunca em minha vida policial tinha vistos pais de famílias tratarem com tanta honra e seriedade a missão policial militar, sem falar no espírito de camaradagem que por lá encontrei, é obvio que sempre iram existir os incompreendidos e por isso má famados subempregados públicos,mas, fazia parte do conjunto da obra sem maculá-la.

Logo a minha chegada, fui incumbido de dar vazão a um projeto pioneiro e ousado naquela cidade, fundar e consolidar o 4º PELOTÃO DE CAVALARIA DO CRATO, cavalos para serem doados, ração para ser conseguida, homens para serem treinados, e aí vai, não posso refutar-me em reconhecer a importante iniciativa do comando a época o Sr. MAJ Santos e o CAP L. Rodrigues o segundo o primeiro a comandar.

Difíceis dias de começo, vivíamos a incerteza da solidez daquela modalidade de policiamento, mas como reza a profética frase, “SEMPRE HAVERÁ UMA CAVALARIA”, em 2010 completou num clima de grande festa com direito a cavalgada, missa em ação de graças e um grande churrasco, seus joviais três anos de vida, prestando relevantes serviços as populações desassistidas não só de Crato,mas de todo o cariri garantiu sua posição de uma grande força no combate preventivo e ostensivo a criminalidade em todo o cariri, recebendo o respeito e a admiração da população bem como a de muitos gestores municipais que vivem a solicitar sua presença em grandes festividades regionais. De fato matei a fome com a vontade de comer, o cavalo sempre foi minha grande paixão. Por falar em paixão, voltemos as matizes que me fazem debulhar em letras o que sinto, num momento em que deixo a Policia Militar do Ceará e abraço o magistério como meu novo instrumento de trabalho e vocação.

Sempre estive ligado aos movimentos sociais, militante desde os 15 anos de idade do PC do B (Partido Comunista do Brasil), sendo por duas gestões diretor de assuntos estudantis da lendária UEC (União dos estudantes de Crato) e enquanto acadêmico presidente do Centro acadêmico do curso de Biologia-URCA e Presidente da Comissão Pró-DCE ( Diretório Central dos Estudantes da URCA) onde promovemos grandes embates. Na época foi para mim momentos de muita dificuldade aos 23 anos no auge de minha militância ter que abandonar para ingressar na polícia, um choque tanto familiar como político-ideológico , mas como na época vivia sobre as sedas de Afrodite, queria casar-me e por um lapso de três longos anos abdiquei da vida política. O Fato é que retornei clandestinamente na orientação política dos novos quadros partidário e sempre dando minhas aulas de biologia.

O fato é que nesse interstício afeiçoei-me pela missão policial, mas o militarismo sempre foi um grande entrave para que pudesse avançar,por ter sido de nós o direito de livre expressão retirado, me angustiava mais ainda à situação , além do que as oportunidades cada vez mais minguadas ou completamente inexistentes de ascensão funcional era, e ainda o é, muito presente na polícia. Tenho que me referir também a divisão criada em nosso seio, essa dicotomia só faz prevalecer o completo descaso dos gestores na área de segurança pública, uma escala que escraviza o homem pelo dinheiro, remuneração essa, que se quer irá contar para a seguridade social do profissional, horas extras trabalhadas nada mais que isso.

Não saio da polícia militar por causa de sua missão maior, que é a de garantir o sentimento de segurança a população, saio para garantir o meu direito de dizer o que penso e agir conforme minhas convicções, sempre dentro da legalidade, mas falando o que penso, sentir-me fortalecido na decisão, quando juntamente com o sargento da Silva (La Salete), uma grande liderança, participávamos da maior passeata da historia da policia militar do ceará , na luta por direitos trabalhistas, emocionei-me, no momento inclusive, em que mesmo correndo o risco de ser preso, conclamei a todos os policias ali presentes que parassem suas atividades no dia em que fizemos o famoso TOLERÂNCIA ZERO, estivemos lá ,isso para mim não tem preço, saio da polícia inclusive para ganhar inicialmente menos, mas valerá a pena, pois lá fora poderei bradar mais alto e mais forte por aqueles que não podem se quer falar em sua própria defesa. Saio da polícia,como qualquer outra pessoa que vislumbra em outros horizontes melhores oportunidades e qualidade de vida para sua família,contudo não posso negar jamais que essa fase de minha vida na corporação, garantiu-me a estabilidade necessária para ariscar novos vôos . Um grande e afetuoso abraço a todos e a todas, meu coração, juntamente com minha voz continuaram sempre perto das praças do Cariri.

Prof. Samuel Duarte Siebra
 

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