sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Você vai votar em quem?

Absurdo.

E você? Vai votar em quem?

Por Eduardo Machado

Os policiais civis lotados no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri) foram surpreendidos com uma circular, na semana passada solicitando que eles informassem à direção se irão ser candidatos nas eleições deste ano ou se vão apoiar algum candidato. A circular interna é assinada pela chefe do núcleo de inteligência do Depatri, delegada Pollyana Ferreira de Lima. Qual seria a intenção da delegada com isso?

Mais detalhes na matéria publicada hoje pela FOLHA DE PERNAMBUCO:

ARTHUR CUNHA O Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), da Polícia Civil de Pernambuco, enviou Circular Interna (CI) às quatro delegacias que integram a diretoria solicitando os nomes dos policiais que pretendem disputar mandato eletivo em outubro. O procedimento tem como objetivo auxiliar no planejamento de trabalho, já que os futuros postulantes terão de se afastar da Polícia no período de campanha. O inusitado é que, no mesmo documento, o Depatri também solicitou os nomes dos candidatos e partidos a serem apoiados pelos policiais, fato que poderia servir para identificar e punir com medidas administrativas os oficiais que pretendem votar na oposição.


A postura, vale salientar, também é inconstitucional, porque desrespeita o direito do cidadão de ter seu voto preservado. De número 008/2010, a CI foi enviada na última sexta-feira, dia 15 de janeiro, às delegacias de Roubos e Furtos, Roubos e Furtos de Veículos, Roubos e Furtos de Cargas e Repressão ao Estelionato. Cerca de 160 policiais estão lotados nessas seccionais. A delegada Pollyana Ferreira de Lima Barros, chefe do Núcleo de Inteligência (NI) do Depatri, é quem assina a CI. No documento, ela pede que as listas sejam entregues até hoje.


“Por meio da presente, solicito que Vossas Senhorias informem a esse Núcleo de Inteligência até o dia 21 de janeiro de 2010 sobre a existência de policiais civis lotados em suas unidades, candidatos ao pleito eleitoral de 2010 ou que estejam apoiando algum candidato. Em havendo, o nome do candidato e o partido político a que pertence”, diz a CI, assinada por Pollyana Barros.


A medida revoltou o presidente da Associação dos Comissários de Polícia Civil do Estado de Pernambuco (Acomp/PE), George Neves, que acusou o Depatri de estar promovendo uma “caça às bruxas” na Polícia Civil. “Até perguntar sobre os que serão candidatos tudo bem, afinal o departamento precisa se planejar. Mas querer saber em quem os policiais votarão é um absurdo! A delegada foi infeliz em sua formulação, Isso não se justifica”, disparou o dirigente sindical, que apresentou à Folha, uma das circulares enviadas.


À tarde, depois de ter recebido mais de 15 telefonemas de policiais perguntando sobre o assunto, o presidente da Ascom/PE enviou um ofício cobrando explicações do chefe de Polícia Civil do Estado, Manoel Carneiro. “Se não obtiver nenhum esclarecimento, procurarei o secretário Servilho Paiva (Defesa Social) e o Tribunal Regional Eleitoral”, avisou George Neves.


“O servidor público, além de policial, é um cidadão brasileiro que tem direitos constitucionais e ao exercer esse direito, pode, de acordo com a Carta Magna, exercer seus direitos políticos. Como entender, então, que a delegada que assinou a referida Circular Interna venha solicitar que os delegados sigam de encontro aos direitos constitucionais dos cidadãos policiais?”, questionou George Neves, no ofício.


O diretor-geral de Operações da Polícia Civil, Osvaldo Morais, reconheceu, ontem, que o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri) errou em solicitar das delegacias vinculadas o envio dos nomes dos candidatos e dos partidos nos quais os cerca de 160 policiais lotados nas seccionais pretendem votar. O diretor-geral assegurou que a Circular Interna (CI) será suspensa hoje e botou a culpa pelo equívoco na delegada Pollyana Ferreira de Lima Barros, chefe do Núcleo de Inteligência do Depatri, que assinou o documento. “É uma delegada inexperiente, que acabou metendo os ‘pés pelas mãos’”, lamentou.


De acordo com Osvaldo Morais, Pollyana Barros agiu por conta própria sem consultar seus superiores. Os dois se reuniram durante boa parte da tarde de ontem para tratar do assunto, depois que a reportagem contactou a Secretaria de Defesa Social (SDS) para saber se a circular seria estendida às outras delegacias de Polícia. “A delegada agiu por conta própria porque queria se antecipar e fazer seu planejamento. Não queremos que os policiais informem em quem eles votarão”, garantiu Osvaldo Morais.


Questionado quando a Polícia Civil vai requisitar das delegacias as listas dos policiais que serão candidatos - procedimento padrão em todo ano eleitoral -, o diretor-geral afirmou que “ainda é cedo” para tomar tal atitude. “Isso só deve acontecer perto do início do período de campanha (em julho)”, salientou Morais.

A reportagem tentou entrar em contato com a delegada Pollyana Ferreira de Lima Barros, mas ela não foi encontrada.

Fonte: Pebodycount http://pebodycount.com.br/post/comentarios.php?post=1138#ancora

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