terça-feira, 8 de março de 2016

Arena Pernambuco 'queimou' R$ 75 milhões do governo de Pernambuco em dois anos

Quantia corresponde aos prejuízos que o Estado cobriu depois que a Odebrecht não atingiu as receitas sonhadas com o estádio

RODRIGO CAPELO
08/03/2016 - 08h03 - Atualizado 08/03/2016 08h03

Recife receberá quatro partidas da primeira fase e uma das oitavas-de-final na Arena Pernambuco (Foto: Divulgação/Airbus Defence & Space)

As projeções descabidas e o fracasso da Odebrecht fizeram a Arena Pernambucogastar R$ 75 milhões de dinheiro público a mais em dois anos, entre julho de 2013 e junho de 2015, segundo relatório da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo foi usado pelo governo pernambucano para romper, na sexta-feira (4), o contrato de concessão do estádio. O trato, de 33 anos, não chegou ao sexto.

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O governo pernambucano, então dirigido pelo falecido governador Eduardo Campos (PSB), comprometeu-se a gastar dinheiro com a arena de três modos – R$ 388,9 milhões à vista, para ressarcir a construção do estádio; contraprestações de R$ 3,9 milhões anuais, tanto pela construção quanto pela privatização da arena, corrigidas pelo IPCA; e uma quantia variável, de até 70% da receita operacional projetada, para cobrir prejuízos. Concentre-se, aqui, no terceiro.

Arena Pernambuco (Foto: Reprodução)

No contrato de parceria público-privada (PPP) da Arena Pernambuco, o governo prometeu cobrir o prejuízo caso um dos três grandes clubes do estado, NáuticoSport ou Santa Cruz, não jogasse na arena. O Náutico assinou contrato. Sport e Santa Cruz, com estádios próprios, não. E aí começou a sangria de dinheiro público.

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A Odebrecht previa arrecadar R$ 127,9 milhões por ano com o estádio. O valor foi corrigido pela FGV com a inflação até julho de 2015. No ano entre julho de 2013 e junho de 2014, a Arena Pernambuco conseguiu R$ 26 milhões. No mesmo período entre 2014 e 2015, foram R$ 20,3 milhões. Entre o sonhado e o obtido, há um rombo de R$ 100 milhões para cada ano que a arena funcionou. Isso fez abrir a torneira de dinheiro público para fechar a conta que a empreiteira calculou mal.

O governo pernambucano injetou R$ 59,5 milhões a mais na operação da Arena Pernambuco entre julho de 2013 e junho de 2014. Isso sem considerar a contraprestação ordinária, a esta altura corrigida para R$ 5,8 milhões pela FGV. Depois, entre julho e outubro de 2014, pôs mais R$ 16,1 milhões. Foi aí que o estado fechou a torneira e alegou "desequilíbrio" no contrato. O Tribunal de Contas do Estado (TCE/PE) solicitou em novembro de 2014 que o governo apresentasse um estudo de viabilidade econômica para prosseguir com os pagamentos. Ainda bem. Além dos R$ 16,1 milhões gastos até outubro, o governo gastaria mais R$ 46,9 milhões até junho de 2015.

Por que faltou dinheiro?
A Odebrecht previa dois tipos de receita. A operacional deriva de vendas de ingressos, assentos premium e camarotes. A adicional, de patrocínio e propaganda, alimentação, visita guiada, estacionamento e aluguéis. Ambas as receitas dependem da quantidade de eventos, inclusive partidas de futebol, e do público. Sem os jogos de Sport e Santa Cruz, faltou quantidade. Sem as obras prometidas para a Copa do Mundo de mobilidade urbana, faltou gente na arquibancada.


Fonte: ÉPOCA 

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