sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Homem é detido por decapitar pássaro silvestre em Arujá, diz polícia


Segundo Polícia Ambiental, homem era gravado enquanto cometia crime. Vídeo repercutiu em redes sociais; suspeito disse que família foi ameaçada.
03/12/2015 17h31 - Atualizado em 03/12/2015 17h42
Do G1 de Mogi das Cruzes e Suzano
Homem foi detido após gravar vídeo cortando a cabeça de passarinho em Arujá (Foto: Polícia Militar Ambiental/Divulgação)
Homem foi detido após gravar vídeo cortando a cabeça de passarinho em Arujá (Foto: Polícia Militar Ambiental/Divulgação)

Um homem foi detido nesta quarta-feira (2) por maus-tratos e por matar animal silvestre, depois que um vídeo mostrando um pássaro sendo decapitado repercutiu nas redes sociais. A Polícia Militar Ambiental informou nesta quinta-feira (3) que o crime foi em Arujá, mas o suspeito foi encontrado em Itaquaquecetuba. Ainda de acordo com a polícia, ele mudou de casa por causa de ameaças.

As imagens gravadas mostram o homem reclamando que foi enganado por quem lhe entregou um pássaro silvestre da espécie trinca-ferro. Sabendo estar sendo gravado, o homem cita o nome de quem lhe entregou o pássaro e diz "eu te passei um passarinho de presença (...) e você me passou esse lixo". Então, com uma tesoura, ele corta a cabeça do animal.

Segundo a polícia, o suspeito disse que mandou as imagens para a pessoa errada. O vídeo começou a ser compartilhado na sexta-feira (27). "Ele disse que começou a receber ameaças no final de semana e saiu da casa dos pais, onde morava. Nós começamos a procurá-lo. Fomos até a casa dos pais, que foi o local onde o vídeo foi gravado, mas ele não estava lá. Segundo o pai, ele tinha ido morar com a namorada", explicou o tenente Leandro Ribeiro de Camargo Bauer.

Dias depois, ele gravou outro vídeo, pedindo perdão e contando da preocupação por causa das ameaças à família. "Eu vim pedir perdão para todos os amantes dos pássaros, animais, todos os tipos de animais, como eu também sou (...). Não estou me justificando. Estou vindo me retratar, pedir perdão para todos. Vou me entregar em uma delegacia. Vou pagar pelo meu erro (...) Fui tomado pela ira em um rolo que fiz. Não deu certo. Fui passado para trás. Fiquei muito revoltado na hora, nunca fiz isso na vida. Sempre cuidei de animal."

Segundo Bauer, a polícia foi até a casa dele em Arujá, onde, segundo o pai, o vídeo foi feito. Havia pássaros em gaiola, mas nenhum que exigisse permissão. O pai contou que o filho havia ido morar com a namorada. Mas apenas na quarta-feira a polícia o deteve quando saía de uma casa. "Provavelmente não era um animal nascido em cativeiro. Estava com indícios de ser selvagem, provavelmente coletado há pouco tempo. Para ter ave dessa espécie precisa ser de um criadouro autorizado pelo departamento de fauna, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Animais que nasceram em cativeiro possuem anilha identificadora."

O homem foi levado a uma delegacia de Mogi das Cruzes e vai responder em liberdade. "É considerado crime de menor potencial ofensivo. Não é aplicada pena privativa de liberdade. O juiz em geral pode prever pena alternativa, prestação de serviço à comunidade, cesta básica", explica o tenente. "Se o juiz entender que a pessoa que filmou colaborou, participou de alguma forma, ela pode ser enquadada no mesmo crime".

Segundo a polícia, ele foi autuado em R$ 6 mil.

Nesta quinta-feira (3) se apresentou o homem que vendeu o animal. Como não tinha nenhuma ave, foi autuado por comércio ilegal de um pássaro e vai pagar multa de R$ 1 mil, de acordo com Bauer.

Vítima de caça
Segundo o vetenirário Jefferson Renan de Araújo Leite, a espécie não integra a lista dos ameaçados de extinção, porém, segundo ele, o animal sempre está na mira dos caçadores. "Em breve ele pode aparecer nesta lista, sim. Ele é muito caçado porque acaba sendo comercializado por traficantes de pássaros", conta.

O médico veterinário diz ainda que ele pode ser encontado no Alto Tietê. "Ele tem vários tipos de canto e quando é colocado em gaiola se torna um pouco agressivo. Alguns criadores têm licença para mantê-lo em cativeiro", finaliza.

Números
Segundo a Polícia Militar Ambiental, em 2015 foram apreendidas 27.899 aves no Estado e 446 pessoas foram detidas por crimes contra a fauna.

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