sábado, 7 de novembro de 2015

Advogada vai parar em delegacia suspeita de injúria racial no MA



OAB-MA nega e acusa PM de agressão contra a advogada. Discussão de trânsito aconteceu no fim da manhã desta sexta (6).
06/11/2015 22h07 - Atualizado em 06/11/2015 22h47
Por Patrícia Godinho
TV Mirante

A advogada Olívia Castro, de 36 anos, foi  parar na delegacia por suspeita de injúria racial contra um policial militar e um vigilante na manhã desta sexta-feira (6), no bairro Cohab, em São Luís (MA). Eles estavam realizando uma mudança quando teriam sido xingados de ‘pretos’ e analfabetos, porque o caminhão estaria impedindo o carro dela de passar pela rua.

O vigilante Erisvaldo Viana Gomes contou que apesar do caminhão estar parado na rua não prejudicava o trânsito na via. “Minutos antes, dois carros haviam passado sem problema. Ela já chegou xingando e gritando que éramos pretos burros, bando de analfabetos e havíamos comprado nossa carteira”, contou.

O motorista do caminhão, que era PM, acabou dando voz de prisão para a suspeita. Ela se trancou dentro do carro e esperou a chegada da viatura para que fosse feito o deslocamento para a 6ª Delegacia de Polícia Civil.

Advogada teria chamado vigilante e PM de 'pretos' e analfabetos (Foto: Reprodução/TV Mirante)
Advogada teria chamado vigilante e PM de 'pretos' e analfabetos (Foto: Reprodução/TV Mirante)

A advogada Olívia Castro não quis gravar entrevista. O Policial Militar também não quis se pronunciar. Os três prestaram depoimento na delegacia. A delegada do 6° DP, Maria de Jesus Sousa disse que vai encaminhar o caso à justiça. “Cada um vai responder pelos seus atos. Vamos encaminhar para a Justiça e ela vai avaliar a situação e decidir”, afirmou.

Contra o PM e o vigilante foi lavrado um termo circunstancial de ocorrência por ameaça e calúnia, enquanto a advogada vai responder por injúria racial.

A Secretaria Estadual de Igualdade Racial disse que vai acionar o departamento jurídico para apurar o caso e também vai informar o ministério público. “Vamos querer saber também como é que foi para qualificar da forma correta. Agora podemos partir do principio que houve discriminação racial e que isto é um crime”, disse Jerson Pinheiro, secretário da pasta.

O comando da PM informou que vai apurar a denúncia de que o caminhão utilizado na mudança pertenceria à instituição e disse também que repudia qualquer ato de racismo.

A Ordem dos advogados do Maranhão manifestou indignação pelo que chamou de arbitrariedade contra a advogada. Segundo nota, ela foi ameaçada pelo policial e teve o carro danificado.A OAB disse ainda que vai cobrar a apuração do caso à Polícia Militar e negou que a advogada tenha praticado crime de racismo.

NOTA

Considerando a ocorrência de trânsito na manhã desta sexta-feira, 6, no bairro da Cohab envolvendo a advogada Olívia Castro e um policial militar, a OAB/MA vem a público manifestar indignação pela arbitrariedade praticada  contra a advogada por parte do policial tendo em vista que o mesmo ao ser questionado pela obstrução de uma via pública ameaçou a advogada e danificou o veículo por ela conduzido, na ocasião.

A OAB/MA vai cobrar da Polícia Militar a apuração sobre a conduta do policial e o uso supostamente irregular de um caminhão da corporação para interesse particular. A OAB/MA nega que a advogada tenha praticado crime de racismo e que a mesma tenha sido presa por este fato. 

Ao tomar conhecimento do lamentável episódio, a Seccional Maranhense designou os advogados Willington Conceição e Cláudia Rodrigues para dar apoio institucional à advogada e o acompanhamento do procedimento investigatório no 6º Distrito Policial.

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