quarta-feira, 29 de julho de 2015

Especialista em segurança quer fim do cargo de delegado



Apenas 1% dos casos de roubos é solucionado no Brasil, segundo pesquisa de 2011

Essa baixa produtividade ocorre em todos crimes no Brasil, trazendo prejuízos de R$800 bilhões/ano aos cofres públicos e economia, 10x a mais que o ajuste fiscal do Governo Federal.

29/07/2015

Rio - Acabar com o cargo de delegado ou extinguir a exigência de que a função seja exercida por alguém formado em Direito, de forma a permitir que policiais experientes, com conhecimento das ruas, possam ascender na carreira. É isso que vai defender hoje o sociólogo Michel Misse, professor e coordenador do Núcleo de Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NecVu) da UFRJ, durante a mesa que participará no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, na Fundação Getúlio Vargas. Michel acenará com números fortes para justificar o pedido de mudança — entre eles o dado de que apenas 1% dos casos de roubos é solucionado no Brasil, segundo pesquisa realizada em 2011.

Michel Misse é um dos palestrantes do Fórum de Segurança da FGV

Foto:  Banco de imagens

“Na verdade nem é preciso mais ter delegados. Hoje, um jovem advogado recém-formado passa no concurso, entra numa delegacia sem saber nada de polícia e fica refém da lealdade de agentes mais antigos, que entendem muito mais do assunto do que ele, mas não podem chegar a delegado”, diz Misse, que estará na mesa 4, com o tema ‘Tempo e Fluxo de Processamento de Crimes de Homicídio no Sistema de Justiça Criminal’. Ele terá ao seu lado a doutora em Sociologia da UFMG Ludmila Ribeiro, autora da pesquisa publicada ontem com exclusividade pelo DIA, mostrando que os processos de homicídios, em média, demoram 7,3 anos para serem concluídos em cinco capitais do país. “A polícia do Rio, hoje, está dividida em grupos de lealdade montado por delegados. É uma distorção.”

Para o sociólogo, é preciso tirar a instrução criminal das mãos da polícia, como acontece hoje, para se acelerar o processo dos inquéritos e encerrar a sensação de impunidade que parece crescer no país. Ele defende que a instrução criminal, justamente o dado que obriga o delegado a ser formado em Direito, saia da polícia e vá para as mãos do Judiciário. Policial, para ele, deve tão somente interrogar e fazer um relatório a ser usado pela Justiça. “A polícia deve ser voltada apenas para investigação, trabalhando com grupos de casos. Um assassino não mata uma pessoa só, mata muitas pessoas. Um ladrão também não rouba uma vez só. É preciso fazer um grupo de casos, com modus operandi idênticos.”

Especialista em segurança quer fim do cargo de delegado - Brasil - O Dia
http://odia.ig.com.br/noticia/brasil/2015-07-29/especialista-em-seguranca-quer-fim-do-cargo-de-delegado.html

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