terça-feira, 12 de maio de 2015

PMs que participaram do tiroteio onde morreu o marido de uma policial civil foram acusados de quatro crimes! São eles: homicídio qualificado, tentativa de homicídio, fraude processual e disparo de arma de fogo em via pública.

Minas Gerais

PMs cometeram quatro crimes, conclui inquérito

Policiais de folga teriam matado marido de investigadora e baleado mulher



Caso aconteceu no bairro Pongelupe

BERNARDO ALMEIDA

Os três policiais militares que se envolveram em um tiroteio que resultou na morte de um homem de 32 anos, marido de uma policial civil que também foi baleada, no dia 28 de abril, foram indiciados por quatro crimes, de acordo com o inquérito divulgado nesta segunda pelo Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil (DHPP). Eles responderão por homicídio qualificado, tentativa de homicídio, fraude processual e disparo de arma de fogo em via pública.

Conforme as investigação, os militares estavam praticando tiro ao alvo em uma mata vizinha à casa da policial civil Fabiana Aparecida Sales, no bairro Pongelupe, na região do Barreiro. Em seu depoimento, Fabiana contou que recebeu uma ligação da filha durante a tarde, dizendo ter ouvido o barulho de disparos. Ao chegar em casa, às 18h, ela ouviu os sons e foi verificar.

“Ela escutou disparos e gritos, então foi averiguar a situação cumprindo um dever cívico, junto com o marido. Estava muito escuro, ela estava procurando por corpos próximo a uma ponte, quando os dois foram surpreendidos pelos disparos dos três militares”, disse o delegado Alexandre Oliveira, responsável pela investigação. O marido dela, o mecânico Filipe Sales, foi atingido oito vezes – cinco nas costas, duas no peito e uma na coxa direita – e morreu no local. A investigadora foi atingida nas nádegas, passou por cirurgia e foi liberada. Uma placa utilizada como alvo no treinamento foi apreendida no local.

“Eles já cometeram um crime ao disparar arma de fogo em área adjacente a terreno residencial”, explicou o delegado, que não acredita na versão de que o casal tenha atirado primeiro.

Fuga. Ainda segundo as investigações, os militares, após o tiroteio, não prestaram socorro à vítima e ainda levaram as armas utilizadas, alterando, assim, a cena do crime. Eles seguiram para o Batalhão da Polícia Militar e só se apresentaram à Polícia Civil cerca de oito horas depois.

Os militares estavam à paisana. As três armas, todas pistolas calibre 380, eram de uso particular. A Polícia Civil informou que prossegue na apuração da procedência da arma que os militares afirmaram estar em posse de Sales. A investigadora Fabiana portava uma pistola calibre 40, de uso policial.

Detidos
Prisão
. Os policiais ficarão detidos em seus batalhões (dois são do 41° e um é do 5°). A corporação não irá se pronunciar sobre o caso, com a justificativa de que os militares estavam de folga e à paisana.

Policiais vão responder na Justiça comum

Os três policiais, que não tiveram seus nomes divulgados, responderão civilmente, e não na esfera militar. “Além de não estarem em serviço, eles atentaram contra a vida das pessoas”, explica o delegado Alexandre Oliveira.

Os envolvidos irão responder por homicídio qualificado, que prevê pena de 12 a 30 anos, além de tentativa de homicídio, de seis a 20 anos, fraude processual, com pena de três meses a dois anos, e disparo de arma de fogo em via pública, de dois a quatro anos. O cumprimento máximo de pena no Brasil é de 30 anos.

Saiba mais

O caso. O crime foi por volta das 19h30, em 28 de abril. O mecânico Filipe Sales, 32, foi encontrado morto próximo a uma linha férrea, nas imediações da praça da Febem, no Barreiro, em Belo Horizonte.

Versões. O inquérito divulgado nesta segunda descarta a versão apresentada por moradores que teriam visto o crime, de que os militares estariam na praça, usando bebidas alcoólicas, quando o casal passou pelo local. Eles teriam, então, cantado a investigadora. O marido dela teria dado tiros contra os três policiais, que revidaram.

Outra versão daria conta de que os três suspeitos teriam uma dívida com o marido da investigadora – o homem, segundo um morador, seria vendedor de ouro.

Arma. A pistola Taurus 380 encontrada com Filipe Sales tinha uma queixa de furto, de junho de 2013, por parte de um cabo que trabalhava no 33° Batalhão da Polícia Militar. “Como os policiais alteraram a cena do crime, não podemos afirmar se essa arma era de fato do Filipe”, diz o delegado Alexandre Oliveira.

Prazo. O policial solicitou ao Judiciário mais dez dias no prazo, para anexar ao inquérito laudos periciais ainda pendentes e eventuais diligências.


Fonte: O Tempo

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