sábado, 21 de março de 2015

O Comandante Geral escreveu:

A farda e a democracia

Artigo

No domingo, dia 15, a população que foi às ruas para se manifestar realizou desfile de colaboração e civilidade, sem qualquer impostura grave que pudesse manchar a ordem, o patrimônio ou a liberdade de expressão. Em meio ao verde e amarelo das camisas e bandeiras, lá estava a farda cinza-bandeirante do soldado paulista

Só que, desta vez, os policiais militares foram recebidos não com pedras e rojões, mas com sonora e prolongada rajada de palmas. Incontáveis gestos de carinho e admiração espocaram também pelas redes sociais. Para muitos policiais militares, as cenas serão inesquecíveis, pois o povo e a sua polícia pareciam formar, entre si, cinturão de confiança e cordialidade nunca antes visto num passado recente. Crianças queriam selfies com os policiais, adultos pediam para entrar nas viaturas, famílias inteiras acenavam para a tropa... Enfim, foram tantos os votos de apoio que só nos resta a seguinte conclusão: a Polícia Militar ainda tem lugar no coração da comunidade.

Afinal, somos a única instituição que está presente nos 645 municípios do Estado de São Paulo, a serviço do cidadão. Um policial militar fardado é capaz de resolver crise, mediar conflito, restabelecer a paz, auxiliar parto, salvar vida e trazer alívio às pessoas nos piores momentos da vida.

Pelo que vimos no dia 15, parcela significativa das pessoas confia em sua polícia e tem percepções positivas quando vê militar fardado. Dentre todas as reações, porém, a mais importante é invisível aos olhos. Como assim? Ocorre que a farda da Polícia Militar ainda encarna todo o arsenal de valores éticos e morais tão fora de moda hoje em dia. O uniforme militar ostenta as marcas irremovíveis da nossa história e é bordada com o sangue dos policiais militares que perderam suas vidas para defender pessoas que sequer conheciam. Em outras palavras, a farda é tingida pela cor inconfundível do nosso caráter e dos ideais que um dia juramos defender.

O recado das ruas foi claro: o cinza-bandeirante de nossa farda combina muito bem com as cores da democracia. Por esta razão, todos os policiais militares são concitados a continuar honrando a farda que vestem, principalmente por fazer cumprir a lei sem ferir os direitos humanos. Nunca devemos permitir que nossa farda seja manchada pela desonestidade, pela falta de decoro ou por práticas policiais censuráveis.

Que jamais troquemos nosso uniforme brunido pelo trapo imundo que veste os agressores da sociedade, os bandidos, os covardes. Estes, sim, são os que geralmente sentem repulsa ao militar fardado.

Ricardo Gambaroni é comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo. <EM>

Fonte: DGABC

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