PM do Rio comemora tiro em comandante no Facebook e é expulso da corporação
Maria Luísa de Melo
Do UOL, no Rio
Um soldado que trabalha no 6º Batalhão da Polícia Militar (Tijuca), na zona norte do Rio de Janeiro, foi expulso da corporação por postar um comentário depois de o coronel Frederico Caldas, à época comandante das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), ter sido ferido em tiroteio na favela da Rocinha, na zona sul, em fevereiro do ano passado. A decisão de expulsão foi divulgada em boletim disciplinar da PM, no último dia 15.
"Aeee até que enfim os traficantes decidiram mirar e acertar nos comandos para eles sentirem na pele o que o Sd [soldado] sente todos os dias", escreveu Igor Costa Martins em uma página do Facebook, no dia 16 de fevereiro de 2014.
Diante da postagem, um tenente que estava na mesma página denunciou Martins, que foi submetido à Comissão de Revisão Disciplinar. O soldado de 28 anos conta que as sanções começaram mesmo antes da decisão divulgada no dia 15.
"Como fui a conselho, tive que trabalhar sem armas nem colete. Tiraram tudo meu. Na época que começou o processo, eu trabalhava na UPP do Lins", afirmou. "Foi uma situação muito complicada, principalmente por conta da violência naquela região. Foram sete meses trabalhando em área de UPP e não me pagavam a gratificação. O pior é que eu moro com meus pais de aluguel e sem o meu salário na PM vamos ter que entregar a casa onde estamos morando."
Na conclusão do procedimento administrativo, os comentários de Martins na rede social são classificados como "ofensivos e agressivos", "denotando inadequação ao serviço policial militar".
A decisão diz ainda que o soldado infringiu preceitos éticos e morais, já que "tal conduta não coaduna com o perfil que se espera de um policial militar, principalmente diante dos princípios e diretrizes implantadas pela Constituição da República em 1988, infringindo, com suas atitudes, os preceitos éticos e morais".
Um casal de advogados que defende Martins no processo tenta reverter a decisão: "Não fiz nada de errado, por isso quero voltar para a corporação. Sempre fui correto, não posso ser punido por dar a minha opinião", diz o PM.
A assessoria da Polícia Militar foi procurada pela reportagem e informou que a decisão da expulsão de praças cabe exclusivamente ao comandante-geral da PM.
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