Mato Grosso do sul
Comandante prende policial e moradores fazem “vaquinha” para soltar PM da cadeia
Na cidade de Bataguassu onde o caso foi registrado, os policiais comentaram sobre o medo e pressão em que trabalham
Por: Marco Campos
A reportagem do portal TL Notícias de Três Lagoas teve acesso com exclusividade a uma gravação que denuncia um possível abuso de autoridade por parte de um capitão da Polícia Militar e a prisão de um policial, lotado 2ª Companhia de Bataguassu.
Tudo teria iniciado na manhã da última sexta-feira (21) quando o militar – soldado Sandro - teria recebido voz de prisão pelo próprio comandante, o Capitão José Roberto de Souza, quando participava de uma reunião que discutia uma denúncia feita por uma moradora daquela cidade em que questionava o não atendimento da PM a seu filho, um dependente de álcool que teria que ser preso e ser levado para uma clínica para tratamento.
A atitude do comandante em prender seu próprio policial revoltou os militares de sua corporação e grande parte da população que juntos, fizeram uma “vaquinha” para pagar um advogado e libertar Sandro que continua preso.
MEDO E INSATISFAÇÃO E ENTREVISTAS
Policiais Militares lotados na 2ª Companhia de Bataguassu – MS denunciam abusos e arbitrariedades e que estariam sofrendo perseguições por parte do atual comandante o Capitão José Roberto de Souza, que já é chamado por eles – policiais – de comando do “J. Cadeia”.
A reportagem do TL Notícias viajou por 130 km até a cidade de Bataguassu, na divisa com o Estado de São Paulo para tentar entrevistar o comandante denunciado e os policiais daquela região.
O capitão José Roberto de Souza não foi encontrado pela reportagem para comentar sobre o caso e segundo os policiais daquela companhia, o capitão estaria em Nova Andradina-MS, onde reside. Alguns policiais falaram informalmente com o portal TL Notícias, mas não quiseram gravar entrevistas por temer futura represália por parte do comando.
“Grande parte da tropa está insatisfeitas e temerosas com este comando que quer ser radical demais. Estamos com medo de trabalhar nas ruas e estamos temendo por nossa própria segurança aqui dentro do nosso ambiente de trabalho. Ninguçem pode falar nada dele – comandante – que pratica o acúmulo de função por ser comandante e coordenador do curso de formação de soldado”, desabafou um policial.
A PRISÃO
Após ser preso e autuado em flagrante por desacato a superior, o Soldado foi removido para a sede do 8º BPM em Nova Andradina – MS, onde a 2ª Companhia e subordinada e permanecerá detido disciplinarmente por 72 (setenta e duas) horas. Os colegas informaram à reportagem que o PM foi preso por “capricho” do comandante, quando deixava o plantão.
A GRAVAÇÃO
A gravação anexa nesta reportagem comprova que o soldado recebeu voz de prisão e posteriormente fosse desarmado e algemado pelos colegas.
O áudio indica que o comandante acreditou que o policial estava rindo durante sua fala, situação essa negado pelo Soldado. Consta no áudio também que o comandante ameaçou transferir alguns policiais, como também ameaçando puni-los, dizendo inclusive que de agora em diante a tolerância para a tropa e zero.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COMO POLICIAL
Soldado Sandro está na Policia Militar há 06 (seis) anos e em sua ficha disciplinar não consta nenhuma punição, apenas elogios. Os colegas afirmaram que o militar é um ótimo policial, cumpridor dos seus deveres. Os amigos de serviço também disseram que Sandro tem essas características de ser alegre e sempre sorrindo ainda que sem motivos aparente.
ARBITRARIEDADE
Os militares também denunciam a reportagem que quando acontece qualquer reclamação no quartel, a equipe reclamada tem que cumprir escala extra, prejudicando desta forma a folga dos policiais que trabalham em uma escala de 24 horas de trabalho por 48 horas de folga.
Segundo eles, quem não acatar o chamado do comando para dar explicações, o capitão “manda” buscar o militar e o mantém preso.
Outra arbitrariedade denunciada pelos policiais é que naquele quartel nenhum PM pode ficar doente, caso algum militar apresente atestado médico, ele deve cumprir o atestado nas instalações do quartel cerceando o direito de ir e vir do militar.
“Neste comando nos não temos respaldo nenhum para trabalhar, se a gente aborda um delinquente ou um suspeito, ele vem aqui e faz sua reclamação somos punido cumprindo escala extra, ou seja, nenhum infrator vai chegar aqui e agradecer que foi abordado ou preso pela policia, antes mesmos de ser apurado o fato, já cumprimos uma punição, já perdemos a nossa folga e a nossa família fica a mercê da sorte...”
Outro também falou e mostrou total indignação contra o capitão. “Nos últimos 02 (dois) anos não tivemos nenhum policial punido neste quartel por conduta irregular, prova disso é que recentemente um Policial que serve aqui ganhou uma indenização porque foi denunciado caluniosamente. Todas as denúncias são rigorosamente apuradas tanto no âmbito da Policia Militar como na Justiça comum, e todas foram arquivadas por falta de provas. Isso indica no mínimo que não houve irregularidade da nossa parte...”
RETROSPECTO DO ATUAL COMANDO
Segundo ainda os policiais, o Capitão J. Roberto assumiu o comando da 2ª Companhia em Outubro de 2013 e de acordo com as estatísticas da criminalidade, neste intervalo o crime na região aumentou, seja nas ocorrências mais corriqueiras como também nas de vulto. Os policiais afirmaram também que Bataguassu – durante uma conferência Estadual - já foi citado como exemplo na queda do índice de criminalidade que ocorreu no comando anterior.
ANTIGO COMANDO
Um militar também disse que se orgulhava do antigo comandante da Polícia Militar daquela cidade.
“No comando anterior quando era o Tenente Françoso, nos tínhamos alegria em trabalhar, ele sempre respeitou a tropa, amanhecia com a gente na rua combatendo ilícitos, toda semana derrubava uma ‘boca de fumo’ diminuindo em até 90% o trafico de drogas dentro da cidade, na verdade nunca houve nessa cidade tanta apreensão de drogas e recuperação de veículos roubados/furtado como no comando anterior, e agora tem anos que não se vê essas coisas aqui na cidade, as equipes foram dissolvidos, uns estão cumprindo escalas no presídio, outros na sala de rádios para atendimentos de ocorrências e os demais foram distribuídos em outras funções.
Hoje as “boca de fumos” estão crescendo de forma geométricas e a gente fica com as mãos atados, se fizermos qualquer coisa diferente do que ele quer, seremos punidos e até transferido e isso ninguém quer...”
A reportagem da TL Noticias pode notar durante as entrevistas o total desânimo dos policiais. Todos demonstravam preocupação com o comportamento do comandante.
Para ouvir o Capitão dando voz de prisão ao Soldado clique no link abaixo:
Fonte: TL Noticias
Prisão de soldado é levada ao conhecimento do Comando Geral da Polícia Militar
A matéria ganhou repercussão a nível estadual nos principais meios de comunicação e até no comando geral da PM
Por: Marco Campos
Diversos meios de comunicação do Estado de Mato Grosso do Sul republicaram a notícia divulgada neste domingo (23) pelo portal Tl Notícias de Três Lagoas em que expôs o fato sobre a prisão de um soldado que atua em Bataguassu-MS. A prisão teria sido feita por próprio conforme foi mostrado na gravação feita no momento da prisão. O caso também chegou ao conhecimento da ACS (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Mato Grosso do Sul) que em nota oficial, disse que já está tomando as medidas legais.
VEJA ABAIXO A NOTA OFICIAL DA ACS
A ACS (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Mato Grosso do Sul) vai acompanhar e pedir apuração do comportamento do capitão José Roberto de Souza, comandante da 2ª Companhia de Polícia Militar de Bataguassu, que teria agido com abuso de autoridade ao mandar prender um soldado na última sexta-feira (21). O caso foi denunciado pelo site TL Notícias e ganhou enorme repercussão entre a tropa.
O presidente da entidade, Edmar Soares da Silva, reuniu a diretoria esta manhã e decidiu encaminhar relatório ao comandante-geral da Polícia Militar, coronel Valter Godoy Rojas, ao Procurador-Geral da Justiça, Humberto de Matos Brittes, ao Ministério Público Militar Estadual e a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) solicitando providências quanto ao caso. “Infelizmente, casos como esses são comuns. Já estamos adotando as medidas necessárias para apurar o abuso de poder por parte do comandante”, resumiu Edmar.
“Tal atitude repercutiu muito mal entre a tropa, no nosso Estado e até mesmo fora dele. Um comportamento como este é inadmissível em tempos democráticos e vem contra a filosofia de Polícia Comunitária pregada pelo Comando. Quando os policiais não são respeitados dentro da própria instituição, não desempenham seu papel de proteger a sociedade da melhor forma”, reclamou.
Edmar adiantou que já acionou a assessoria jurídica da ACS para estudar uma forma de representação contra o comandante na Corregedoria da Polícia Militar e no Ministério Público Militar.
“Somente pelo áudio podemos constatar o despreparo e desequilíbrio desse comandante no trato com a tropa, que efetivamente combate o crime nesse Estado. Vamos pedir apuração rigorosa e imparcial para avaliar se houve a prática dos crimes de ameaça, constrangimento ilegal, injúria e, principalmente, abuso de autoridade”, disse, acrescentando que vai solicitar que os órgãos que ouçam a tropa da cidade. “Tem muita coisa embaixo do tapete nessa cidade”, criticou.
O caso - Segundo o site TL Notícias, o fato aconteceu na manhã da última sexta-feira, quando o acontecia uma reunião que discutia uma denúncia feita por uma moradora da cidade, em que questionava o não atendimento da PM a seu filho, um dependente de álcool que teria que ser levado para uma clínica para tratamento. Após uma ‘bronca’ na tropa, registrada em áudio, o oficial deu voz de prisão ao soldado.
O fato gerou a ira nos praças da unidade, que relataram uma série de abusos por parte do comandante, ainda conforme o TL Notícias. “Grande parte da tropa está insatisfeita e temerosa com este comando, que quer ser radical demais.
Estamos com medo de trabalhar nas ruas e estamos temendo por nossa própria segurança aqui dentro do nosso ambiente de trabalho. Ninguém pode falar nada dele”, narrou um PM, que pediu anonimato.
Se fosse um bandido ele não teria coragem para fazer isso, como é um praça quer mostrar sua autoridade que não tem. Lamentável como somos tratados, inclusive pelos superiores que deveriam nos respeitar e tratar bem.
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