Levantamento do Centro de Inteligência da Polícia Militar de São Paulo mostra que, dos 84 agentes mortos no ano passado no Estado, 35% foram vítimas de latrocínio - roubo seguido de morte - e 65%, de homicídio. No caso dos policiais executados em assaltos, o alvo dos bandidos era a moto - 33% tiveram o veículo levado, mostra estudo da PM obtido pelo Estado.
De acordo com o levantamento do centro, mais da metade dos policiais estava de folga quando morreu. Carros e armas dos PMs vêm logo atrás na preferência dos ladrões.
A predileção dos assaltantes pelas motocicletas dos agentes de segurança exige atenção da corporação, diz Benedito Roberto Meira, comandante-geral da PM. "Orientamos o policial a ir com outro junto (na moto). Normalmente não se rouba motociclista com garupa, o risco é menor", afirmou o coronel.
Ainda segundo Meira, o PM será executado se não reagir ao assalto. "É instintivo. O bandido vai roubar e faz busca corporal. Se na busca ele encontrar a arma e identificar que é de PM, o policial corre risco de morrer", afirmou o comandante. Ao descobrir que a vítima é policial militar de folga ou afastado, o assalto torna-se uma execução.
Ele disse também que a PM orienta os agentes a não comprar determinados modelos de moto justamente para não atrair os assaltantes, já que algumas marcas são mais visadas.
Para Meira, o que acontece com os PMs nos casos de assalto é o mesmo que se passa com a população em geral. De acordo com ele, os assaltantes agem em via pública procurando por motocicletas. "O PM em posse dessa motocicleta acaba sendo uma vítima." Meira defende mudança legal para agravar a pena de quem mata policial.
Segundo a Polícia Militar, até o dia 2 deste mês, pelo menos 47 policiais militares foram mortos neste ano. Do total, 11 foram assassinados em casos de latrocínio no Estado.
Os casos são semelhantes aos do ano passado. Em outubro, o sargento Fábio Ferreira Mendes, de 37 anos, foi morto após ladrões tentarem roubar sua moto, na Avenida Sapopemba, na zona leste. Os criminosos fugiram sem levar nada. Dois meses antes, o soldado Antonio Fortes Júnior, de 39 anos, foi morto após retirar sua moto de casa para ir ao trabalho, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Violência
Para Elcio Inocente, presidente da Associação dos Policiais Militares Portadores de Deficiência do Estado de São Paulo (APMDEFES), os assaltantes sabem que estão roubando um policial. "O criminoso não tem muito o que perder. Por mais que ele tente omitir que é policial, a vizinhança sabe. O fato de o PM estar na motocicleta deixa ele mais frágil."
O soldado afastado Jair Sá Teles, de 36 anos, relações-públicas da entidade, sobreviveu a uma tentativa de assalto em 2003. Ele foi baleado na testa, perdeu massa encefálica e tem dificuldades de locomoção. "O propósito do criminoso é neutralizar o policial. No meu caso, eu entrei em luta corporal com um assaltante porque ele ia perceber que eu era policial militar", afirmou. O projétil está alojado em sua nuca até hoje. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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