domingo, 5 de janeiro de 2014

Chega de violência e de extermínio de jovens. Quatro policiais militares foram afastados das ruas após a morte do estudante de cinema da PUC-Rio João Pedro Cruz, 23, na madrugada da segunda-feira. O despreparo da polícia militar é mais uma vez a causa da morte deste jovem.


Chega de violência e de extermínio de jovens

* Walmyr JúniorJornal do Brasil
Mais um caso de violência choca a cidade do Rio de Janeiro. Quatro policiais militares foram afastados das ruas após a morte do estudante de cinema da PUC-Rio João Pedro Cruz, 23, na madrugada da segunda-feira. O despreparo da polícia militar é mais uma vez a causa da morte deste jovem. 
Segundo o depoimento dos três jovens sobreviventes, os quatro voltavam de uma festa na Barra da Tijuca quando se depararam com o bloqueio. O motorista do veículo não parou e com isso os policiais decidiram atirar no carro. O carro levou mais de 50 tiros dos PMs que o perseguiram por cinco quilômetros até a avenida Dom Helder Câmara (em Pilares, zona norte da cidade). Um destes tiros atravessou o peito do estudante João Pedro e ele não resistiu. 
Não questiono a perseguição que os policiais fizeram para apreender o carro e os jovens que furaram o bloqueio policial. O que nos deixa indignados é que a PM deu 50 tiros em cima de um veículo suspeito. Como pode um policial, sem ao menos saber quem está dentro do carro, atirar unicamente para matar? Os policiais ao menos se preocuparam em saber quem são pessoas que estão no interior do transporte?   
Esse caso nos faz lembrar o desaparecimento da engenheira de produção Patrícia Amieiro Branco de Franco, então com 24 anos. Os anos se passaram e os assassinos da jovem engenheira ainda estão impunes. Até hoje não existe uma conclusão do caso.  
Apesar do trabalho importante que a polícia tem que realizar, precisamos reconhecer que alguma coisa está errada. O cidadão não está sendo tendo os seus direitos atendidos.  A polícia está nas ruas para proteger a população ou para exterminá-la?
Segundo o advogado Daniel Gaspar, “a ideia de que o Rio de Janeiro passa por uma guerra civil – muito embora os números de homicídios nos façam pensar nisso – coloca em relevo um dos pilares da militarização: a necessidade de aniquilar o inimigo comum, o outro, o diferente.”
Já não bastam as ações de violência cotidiana contra a população favelada: mulheres, jovens e negros, que vivem sob as rédeas de uma sociedade militarizada, submetidos a torturas e abusos de todo o tipo, em nome de um projeto de expansão do capital e de “pacificação”. Temos que ver aqueles que são pagos para nos servir remando contra a maré e nos assassinando. 
Os quatro amigos não tinham passagem pela polícia. A Comissão de Direitos Humanos da Alerj está acompanhando as investigações sobre a morte de João Pedro. As circunstâncias do caso levaram a PM e a Polícia Civil do Rio a abrir um inquérito sobre a conduta dos policiais.
A polícia militar representa hoje o aparelho repressivo do Estado que tem sua atuação pautada no uso da violência legítima. O policial não pode ter o direito de matar. A população não pode permitir que a violência praticada por agentes do Estado, que detêm o monopólio do uso da força, ameaçe as estruturas democráticas necessárias ao Estado de Direito.
Enfrentamos mais um caso de violação dos direitos humanos. Não podemos nos calar. A população brasileira deve se unir para construir um novo programa de policiamento e pautar a desmilitarização da PM como um debate prioritário. Não podemos permitir que a polícia continue favorecendo o cenário de guerra civil nas ruas das nossas cidades. Vamos juntos girar, gritar para o mundo: "Chega de violência e de extermínio de jovens!"
* Walmyr Júnior é graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.

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