Noticiário tem sido favorável à atuação da polícia, lembra Percival de Souza (com fotos)
DA REDAÇÃO
"A mídia e a polícia estão no mesmo barco: ambas existem para servir a sociedade", avaliou o jornalista Percival de Souza, do Jornal da Tarde, durante o painel Direitos humanos do policial e sua imagem pela mídia, realizado na manhã desta sexta-feira, 26/4, como parte do III Encontro do Fórum Nacional da Segurança Pública.
Com 35 anos de experiência em jornalismo policial, Percival afirmou que não se deve generalizar nas referências aos veículos de comunicação, mas é visível que, embora eles cumpram seu papel de denunciar, a maioria do noticiário é favorável à polícia. "A mídia também comete erros, mas não é culpada pela deterioração da segurança pública no Brasil", ressaltou. Em São Paulo, especificamente, "cometeu-se o equívoco de que o combater a criminalidade é a mesma coisa que combater a polícia", completou.
Ele criticou ainda a indefinição na divisão de tarefas entre a polícia judiciária e a polícia ostensiva, a escolha de secretários de Segurança Pública "que pouco entendem do assunto" e o fato de os policiais não serem ouvidos na definição de política para o setor. "Com isso, mergulhamos numa situação em que o Legislativo policia, o Judiciário executa e o Executivo é um poder que não pode", analisou.
Embora o respeito aos direitos humanos não admita exclusões, é preciso observar prioridades, segundo Percival: em primeiro lugar, a sociedade; em segundo, aqueles encarregados de proteger a sociedade: e, em terceiro, os infratores.
"Todo mundo tem direitos humanos, mas é preciso assumir a responsabilidade quando a proteção a esses direitos falha", observou Yuri Moraes, da organização não-governamental Viva Rio, que também participou da mesa de debates. "Essa honestidade é vital." Para diminuir a distância entre a polícia e a comunidade, apontada por Moraes, é preciso que os policiais estejam bem preparados tanto para atender o público como para realizar o trabalho de investigação, avaliou o jornalista Renato Lombardi, de O Estado de S. Paulo. "Dados de há cerca de três anos mostram que a polícia esclarecia apenas 2,5% das ocorrências registradas, e isso gera um descrédito que afasta a população", avaliou Lombardi, que há 30 anos faz jornalismo policial.
Para reverter essa situação, a classe policial precisa exigir mudanças das autoridades, propõe Lombardi. "A mídia pode denunciar, mas as entidades de classe é que precisa cobrar as transformações necessárias", disse. "A polícia deve corresponder às expectativas da população, porque só será valorizada se conseguir o aval da sociedade, que é, afinal de contas, o melhor advogado que ela pode ter", concluiu Percival de Souza.
O painel da manhã foi coordenado pelo presidente da Associação dos Comissários de Polícia do Rio Grande do Sul, Francisco de Paula Souza Silva. O III Encontro do Fórum Nacional de Segurança Pública, que prossegue à tarde, é promovido pela Assembléia Legislativa e pelo Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo.
Falta de reconhecimento
Foi totalmente de expectativa para a chegada de Roberto Cabrini, jornalista da TV Bandeirantes, o Painel 2 do III Encontro do Fórum Nacional de Segurança Pública, marcado para as 15 horas desta sexta-feira, 26/4. Somente às 16 horas foi aberta a sessão com o coordenador Geraldo Ferreira dos Santos (Agepol - GO), que expôs suas queixas pela pouca atenção e pela falta de reconhecimento do Estado para o trabalho do policial: "A vida não tem preço, mas merecemos melhor remuneração porque não titubeamos em nos colocar à mercê dos violentos em defesa de cada cidadão e da sociedade como um todo".
A seguir, o coordenador referiu-se ao fato de a polícia assumir, comumente, tarefas que cabem à Saúde ou ao Serviço Social. "Se um alcoólatra causa distúrbios, é nossa missão impedir a violência, mas não nos cabe cuidar de sua doença; o mesmo afirmo sobre alguém vítima da loucura e sobre dezenas de casos semelhantes. Devemos deixar de assim atuar e cuidar de nossos deveres, que não são poucos."
José Martins Leal, delegado e expositor, definiu o crime como a ação humana que põe o ser humano em perigo, por meio de ação típica (matar, machucar, ofender etc.) e antijurídica: "Toda ação contrária ao Direito é antijurídica, isto é, delito".
Reportando-se a Hamurábi, autor do primeiro código de conduta no mundo, disse que este imperador compreendia que a violência do ofendido contra o criminoso é plenamente Justificada. "De lá até hoje muito se evoluiu e há diferentes interpretações, em diferentes países, do que seja crime e o estrito cumprimento do dever legal (ação policial)." O palestrante prendeu-se a uma extensa exposição do que é crime e de quais as penas previstas para eles nos mais diversos países, como Itália, França, Grécia, Rússia, Iraque, Líbia, Estados Unidos da América do Norte, Inglaterra e outros.
Roberto Cabrini
Nesse momento chegou à reunião o esperado Roberto Cabrini e dirigiu-se imediatamente à Mesa, onde iniciou sua exposição referindo-se aos numerosos heróis anônimos que compõem a polícia e aos que, ao contrário, curvam-se às tentações da corrupção. Segundo ele, "enquanto não houver o que se pode chamar ''livre investigação'', nem policiais nem jornalistas poderão justificar, de cabeça erguida, suas profissões perante o público".
Pediu licença e passou a expor, na tela, uma "reportagem exclusiva" que mostrava a união de contrabandistas e policiais, com a finalidade de que ambas as partes aumentassem suas vantagens finais.
"A mídia e a polícia estão no mesmo barco: ambas existem para servir a sociedade", avaliou o jornalista Percival de Souza, do Jornal da Tarde, durante o painel Direitos humanos do policial e sua imagem pela mídia, realizado na manhã desta sexta-feira, 26/4, como parte do III Encontro do Fórum Nacional da Segurança Pública.
Com 35 anos de experiência em jornalismo policial, Percival afirmou que não se deve generalizar nas referências aos veículos de comunicação, mas é visível que, embora eles cumpram seu papel de denunciar, a maioria do noticiário é favorável à polícia. "A mídia também comete erros, mas não é culpada pela deterioração da segurança pública no Brasil", ressaltou. Em São Paulo, especificamente, "cometeu-se o equívoco de que o combater a criminalidade é a mesma coisa que combater a polícia", completou.
Ele criticou ainda a indefinição na divisão de tarefas entre a polícia judiciária e a polícia ostensiva, a escolha de secretários de Segurança Pública "que pouco entendem do assunto" e o fato de os policiais não serem ouvidos na definição de política para o setor. "Com isso, mergulhamos numa situação em que o Legislativo policia, o Judiciário executa e o Executivo é um poder que não pode", analisou.
Embora o respeito aos direitos humanos não admita exclusões, é preciso observar prioridades, segundo Percival: em primeiro lugar, a sociedade; em segundo, aqueles encarregados de proteger a sociedade: e, em terceiro, os infratores.
"Todo mundo tem direitos humanos, mas é preciso assumir a responsabilidade quando a proteção a esses direitos falha", observou Yuri Moraes, da organização não-governamental Viva Rio, que também participou da mesa de debates. "Essa honestidade é vital." Para diminuir a distância entre a polícia e a comunidade, apontada por Moraes, é preciso que os policiais estejam bem preparados tanto para atender o público como para realizar o trabalho de investigação, avaliou o jornalista Renato Lombardi, de O Estado de S. Paulo. "Dados de há cerca de três anos mostram que a polícia esclarecia apenas 2,5% das ocorrências registradas, e isso gera um descrédito que afasta a população", avaliou Lombardi, que há 30 anos faz jornalismo policial.
Para reverter essa situação, a classe policial precisa exigir mudanças das autoridades, propõe Lombardi. "A mídia pode denunciar, mas as entidades de classe é que precisa cobrar as transformações necessárias", disse. "A polícia deve corresponder às expectativas da população, porque só será valorizada se conseguir o aval da sociedade, que é, afinal de contas, o melhor advogado que ela pode ter", concluiu Percival de Souza.
O painel da manhã foi coordenado pelo presidente da Associação dos Comissários de Polícia do Rio Grande do Sul, Francisco de Paula Souza Silva. O III Encontro do Fórum Nacional de Segurança Pública, que prossegue à tarde, é promovido pela Assembléia Legislativa e pelo Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo.
Falta de reconhecimento
Foi totalmente de expectativa para a chegada de Roberto Cabrini, jornalista da TV Bandeirantes, o Painel 2 do III Encontro do Fórum Nacional de Segurança Pública, marcado para as 15 horas desta sexta-feira, 26/4. Somente às 16 horas foi aberta a sessão com o coordenador Geraldo Ferreira dos Santos (Agepol - GO), que expôs suas queixas pela pouca atenção e pela falta de reconhecimento do Estado para o trabalho do policial: "A vida não tem preço, mas merecemos melhor remuneração porque não titubeamos em nos colocar à mercê dos violentos em defesa de cada cidadão e da sociedade como um todo".
A seguir, o coordenador referiu-se ao fato de a polícia assumir, comumente, tarefas que cabem à Saúde ou ao Serviço Social. "Se um alcoólatra causa distúrbios, é nossa missão impedir a violência, mas não nos cabe cuidar de sua doença; o mesmo afirmo sobre alguém vítima da loucura e sobre dezenas de casos semelhantes. Devemos deixar de assim atuar e cuidar de nossos deveres, que não são poucos."
José Martins Leal, delegado e expositor, definiu o crime como a ação humana que põe o ser humano em perigo, por meio de ação típica (matar, machucar, ofender etc.) e antijurídica: "Toda ação contrária ao Direito é antijurídica, isto é, delito".
Reportando-se a Hamurábi, autor do primeiro código de conduta no mundo, disse que este imperador compreendia que a violência do ofendido contra o criminoso é plenamente Justificada. "De lá até hoje muito se evoluiu e há diferentes interpretações, em diferentes países, do que seja crime e o estrito cumprimento do dever legal (ação policial)." O palestrante prendeu-se a uma extensa exposição do que é crime e de quais as penas previstas para eles nos mais diversos países, como Itália, França, Grécia, Rússia, Iraque, Líbia, Estados Unidos da América do Norte, Inglaterra e outros.
Roberto Cabrini
Nesse momento chegou à reunião o esperado Roberto Cabrini e dirigiu-se imediatamente à Mesa, onde iniciou sua exposição referindo-se aos numerosos heróis anônimos que compõem a polícia e aos que, ao contrário, curvam-se às tentações da corrupção. Segundo ele, "enquanto não houver o que se pode chamar ''livre investigação'', nem policiais nem jornalistas poderão justificar, de cabeça erguida, suas profissões perante o público".
Pediu licença e passou a expor, na tela, uma "reportagem exclusiva" que mostrava a união de contrabandistas e policiais, com a finalidade de que ambas as partes aumentassem suas vantagens finais.
Assembleia Legislativa de São Paulo
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