BM rejeita proposta do Piratini e pede saída do comandante-geral
Em assembleia, servidores de nível médio da corporação não aceitaram as propostas de reajuste salarial e de plano de carreira
Carlos Roussingcarlo.roussing@zerohora.com.br
Com a presença de mil servidores em uma assembleia geral na tarde desta quinta-feira no bairro Partenon, em Porto Alegre, as associações de nível médio da Brigada Militar decidiram rejeitar as propostas de reajuste salarial e de plano de carreira apresentadas pelo Palácio Piratini.
Inconformados com o rumo das negociações com o governo, os brigadianos também formalizaram o pedido de demissão do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Fábio Fernandes. As decisões da categoria foram registradas em um documento entregue oficialmente à Casa Civil do Piratini.
Depois de semanas de conversas, o Piratini ofereceu aos soldados, sargentos e tenentes, que integram os postos de nível médio da Brigada Militar, um reajuste de 60% escalonado até 2018. No final do período, o inicial teria saltado para R$ 4.050, mas a categoria resolveu não abrir mão da reivindicação por R$ 4,5 mil.
Atualmente, o inicial de soldado da Brigada Militar do Rio Grande do Sul é de R$ 1,7 mil, o pior salário do Brasil.
— O governo perdeu a oportunidade de fazer um grande negócio. Não estamos pedindo nada demais. Consideramos a proposta insuficiente. Agora, queremos que o governo reabra as negociações. Teremos de começar tudo de novo — relatou Leonel Lucas, presidente da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar (Abamf).
O descontentamento foi ainda maior no debate do plano de carreira. Os brigadianos desejam unificar a carreira, acabando com a distinção entre os servidores de nível médio (soldados, sargentos e tenentes) e os de nível superior (capitão, major, tenente-coronel e coronel). A alternativa proposta pela categoria foi a exigência de qualquer curso de nível superior para ingressar na corporação como soldado. A alegação é de que a medida, já adotada em Estados como Paraná, Santa Catarina, Tocantins, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Roraima, elevaria o nível de qualificação da tropa por exigir curso superior de todos os seus funcionários.
O Piratini se negou a aceitar a hipótese e, como alternativa, propôs a criação do cargo de capitão administrativo, um degrau a mais na classe dos servidores de nível médio. A ideia, no entanto, foi rejeitada. As atitudes do comandante-geral Fábio Fernandes desagradaram os servidores.
— Achamos que ele atrapalhou as negociações. No grupo de trabalho montado para discutir as propostas do governo, era sempre ele quem dava opiniões contrárias à categoria. Ontem (quarta-feira), o comandante Fábio usou a intranet da Brigada Militar para enviar e-mails a todos os brigadianos da ativa, são cerca de 25 mil homens, para dizer que era melhor deixar para mais tarde a discussão do plano de carreira. A categoria se revoltou. Se ele não tivesse mandado esse e-mail, alguma coisa de positivo poderia ter saído da reunião — afirmou Leonel Lucas.
Com a decisão, o Piratini não deve enviar os projetos de lei à Assembleia Legislativa.
Leonel Lucas ainda informou que, durante a assembleia geral da categoria, foram feitas manifestações favoráveis à greve no período da Copa do Mundo caso o governo não retome as negociações até março do próximo ano.
A negociação foi tensa desde o início. Por pressão dos servidores, o Piratini desistiu da ideia inicial de extinguir as promoções automáticas no momento da aposentadoria que hoje são concedidas aos soldados e sargentos.
A assessoria da Casa Civil confirmou ter recebido o documento com as comunicações da Brigada Militar, mas explicou que, até o momento, nenhuma deliberação foi feita.
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