Raphael Guerra - Diario de Pernambuco
Publicação: 31/10/2013 06:23 Atualização: 30/10/2013 22:15
Vítimas chegavam a pagar de R$ 500 a R$ 800 por um túmulo no cemitério. Foto: Blenda Souto Maior/ /DP/D.A Press |
Um esquema de venda ilegal de túmulos no Cemitério de Santo Amaro, no Recife, está sendo investigado pela Polícia Civil. Padres, membros de irmandades da Igreja Católica e funcionários de pelo menos seis funerárias são suspeitos de envolvimento na comercialização dos espaços, pertencentes às irmandades, a preços que variam entre R$ 500 e R$ 800. Oito vítimas já prestaram depoimento. O Ministério Público de Pernambuco também está acompanhando o caso.
O vigário-geral da Arquidiocese de Olinda e Recife, monsenhor Albérico de Almeida, foi ouvido como testemunha. Ele confirmou que há irmandades proibidas, pelo próprio estatuto criados por elas, de vender ou alugar túmulos. “A polícia precisa apurar e saber o que diz em cada estatuto das irmandades”, pontuou. As denúncias começaram a ser investigadas há três meses. Pelo menos três padres são suspeitos de participação do esquema por terem autorizado a venda dos túmulos.
À polícia, as vítimas relataram que, ao procurarem funerárias próximas ao cemitério, foram abordadas por funcionários que alegaram falta de vagas. Mostrando-se solidários, porém, eles afirmaram que tentariam conseguir algum túmulos e pediram um telefone para contato. Pouco tempo depois, as vítimas receberam telefonemas, que informaram que elas poderiam adquirir uma das vagas que pertence às irmandades católicas. Para isso, precisariam pagar a taxa de R$ 38,80 à prefeitura e até R$ 800 em dinheiro à vista. No inquérito ainda consta que um suposto padre também seria indicado aos familiares para o velório por R$ 100.
“Essas pessoas se aproveitam da fragilidade daqueles que perderam um parente e aplicam o golpe”, disse o delegado da Boa Vista, Adelson Barbosa, responsável pelo inquérito. Os nomes das funerárias investigadas estão sendo mantidos em sigilo pela polícia. Entre as vítimas estão um médico e um professor universitário. “Ainda não vamos divulgar o número de envolvidos, porque eles ainda estão sendo intimados a depor”, completou o delegado.
Os suspeitos podem ser indiciados por crime contra a economia popular, cuja pena é de até dois anos de detenção, e por estelionato, que pode somar mais cinco anos de reclusão. Este último é referente às notas fiscais falsas entregues após o pagamento dos túmulos. Em ambos os crimes estão previstos ainda pagamentos de multas, cujo valor é arbitrado pela Justiça.
A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), responsável pela administração do Cemitério de Santo Amaro, afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que iria aguardar o resultado das investigações para se pronunciar sobre o caso.
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