Polícia prende em Manaus traficante com estatuto do Comando Vermelho
31 de outubro de 2013 | 14h43 | atualizado às 14h43
Estatuto do Comando Vermelho estipula penas para faltas graves
Foto: Márcio Azevedo / Especial para Terra
Uma denúncia anônima levou policiais militares das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam) até um bar na zona leste de Manaus, na noite de quarta-feira. No local, os PMs conseguiram prender Elton Macedo dos Santos, 20 anos, com arma e drogas. Mas o que parecia ser apenas a prisão de um criminoso comum acabou se revelando um achado para a polícia, pois com o suspeito foi encontrada a cópia do estatuto do Comando Vermelho (CV), facção criminosa criada nos presídios do Rio de Janeiro na década de 1970.
Junto com o estatuto, também foi encontrado um documento chamado de "reflexão" da facção. Neles, a organização criminosa mostra como deve ser o comportamento de seus integrantes. O estatuto e a reflexão fazem menção ao braço da facção no Amazonas, a Família do Norte (FDN).
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No texto, criado em 1979 dentro do presídio da Ilha Grande, no Rio de Janeiro, o CV esclarece a seus membros que "a facção está acima de qualquer membro ou interesse pessoal" e que os erros serão cortados na própria carne, inclusive com o "expurgo" constante dos integrantes.
O estatuto ainda destaca o que é considerado falta grave cometida pelos membros da facção, e as penas a que podem ser submetidas. Segundo o artigo 9, não será permitido "se apoderar indevidamente de áreas de irmãos", "derramar sangue inocente", "causar desavenças, intrigas ou desunião entre irmãos" e "derramar sangue de irmãos sem a devida autorização".
Quem descumpre essas normas pode pagar com a vida. "Uma infração super grave acarretará automaticamente no óbito", diz o item D do artigo 10.
Reflexão
Em documento, facção se apresenta como "o lado certo do caminho errado"
Foto: Márcio Azevedo / Especial para Terra
O outro documento apreendido com o suspeito foi uma carta intitulada "reflexão". Nela, fica explícito os preceitos e objetivos da facção criminosa. A carta diz que "o objetivo da FDN CV será alcançado priorizando a ética do crime", onde os integrantes devem dar a própria vida pela organização.
A carta avisa aos membros que, quando suas vozes não são ouvidas, "o crime é a melhor opção para que ela ganhe eco". A "reflexão" da Família do Norte-Comando Vermelho termina lembrando seus membros que eles são o "lado certo do caminho errado".
Para a polícia, esse documento é um achado que precisa ser investigado. "Sem esse documento, o preso passaria apenas como mais um traficantezinho. Agora precisamos repassar para nossos órgãos de inteligência para que se investigue a origem e a atuação dessa facção em nosso Estado. Que eles são organizados, isso é fato", disse a delegada Caroline Guedes, titular do 14º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde integrante da organização criminosa foi autuado em flagrante por tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo.
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