segunda-feira, 2 de setembro de 2013

PM sequestra menor e mela investigação





Por determinação do Comando da Polícia Militar, policiais cumpriram ordem. Sequestraram menor desaparecida e colocaram por terra uma investigação de 10 dias
DIÁRIO DA MANHÃ
JAIRO MENEZES

Uma equipe de policiais militares de Goiás, após realizar serviço que foge da sua competência, fez uma investigação paralela e desconhecida pela Polícia Civil de Goiás – competente para isso. Os militares descobriram o que a Civil já havia descoberto e estava apurando. Sequestraram Hellen Martins da Silva, de 15 anos, e a tia do suspeito de matar os quatro adolescentes colegas de Hellen. A menor de idade ficou, durante 12 horas, em poder dos policiais, que saíram de Goiânia em um helicóptero com ela, sem que o Ministério Público e Justiça fossem comunicados do que acontecia.
A Polícia Civil, capitaneada pelo delegado titular do Grupo de Investigação de Homicídios de Aparecida de Goiânia (GIH) Kléber Leandro Toledo, iniciou a investigação sobre o desaparecimento de quatro menores e o encontro de cadáver de Dênis Pereira dos Santos, o primeiro menino morto e encontrado com um tiro na cabeça.
Após o encontro deste cadáver, foi iniciada uma investigação para apurar o perfil vitimológico de cada um: morto e desaparecidos. Foi descoberto que nenhum deles havia tido envolvimento com crimes ou tráfico, tampouco uso de drogas. Três dos jovens desaparecidos (Neylor Henrique Gomes; Raíssa de Souza Moreira e Daniele Gomes da Silva) foram encontrados logo em seguida, na região do Parque Florestal da Serra das Areias, em Aparecida de Goiânia. Os três corpos estavam carbonizados e próximos uns aos outros.
A quinta jovem do grupo precisava ser encontrada. Com o achado dela, seria possível fechar o quebra-cabeça e elucidar o crime.
O DM SABIA
A Reportagem do Diário da Manhã tinha conhecimento de como estava o andamento da investigação. Contatos deste repórter informavam, a todo instante, o andamento de tudo o que acontecia nos procedimentos legais. Enquanto a Polícia Civil já sabia onde Hellen se encontrava, com quem estava, o endereço em que a menina se localizava era vigiado, dioturnamente, pelos agentes da GIH de Aparecida de Goiânia.
À reportagem do DM foi pedido para não divulgar que Hellen estava no Jardim Tropical, em Aparecida de Goiânia, onde mora a tia de Thaygo Henrique Alves Santana, 18, suspeito, foragido, com um mandado de prisão expedido pelo Judiciário. A Polícia Civil montou, no mesmo setor onde a menina estava, em Aparecida de Goiânia, uma Central de Escuta Móvel, para rastrear as ligações de, ao menos sete pessoas – todas autorizadas judicialmente, dentro da legalidade. Essa investigação, bem apurada, estava prestes a colocar as mãos no suspeito de matar as crianças – porque se sabia que capturar a menina não era o que elucidaria a investigação.
Com ética e profissionalismo, o DM tratou a situação com normalidade, sem que nenhuma de nossas reportagens ferisse a integridade física da menor, nem de nenhum dos investigados pelas mortes. A revelação dos detalhes atrapalharia tudo o que foi apurado pela Polícia Civil. Divulgar que a polícia tinha ao menos pistas de algo era somente um motivo para que o suspeito fugisse, ou matasse a namorada, mantida sob os cuidados de sua tia.
A mãe da adolescente manteve contato com a menina – mas não sabia onde ela estava e não foi em momento nenhum até a casa onde a jovem era abrigada. O DM tentou, durante cinco dias, entrar em contato com a mulher. Além disso, a equipe de reportagem foi até à residência onde moram, mas todas as vezes, o portão estava fechado, as luzes apagadas e ninguém respondia aos chamados.
Com o encontro de Thaygo, o caso seria elucidado, mas após ontem, tudo foi por água abaixo – a menos que o jovem se entregue, numa bandeja, – à Polícia Civil, para que passe pelo menos 30 anos de sua vida trancafiado dentro da cela de um presídio. Fora essa condição, encontrar este sujeito agora, somente se enviar os policiais de Goiás para a localidade onde ele estiver – ou seja, qualquer lugar do mundo.
PM E INVESTIGAÇÃO
Após todo esse trabalho da Polícia Civil, que teve de apurar em diligências, pedir autorização judicial para prisão, além de escutas telefônicas, entre outras atividades, na intenção de localizar e prender Thaygo, foi notado que a PM realizava uma investigação paralela. Os militares logo que localizaram o lugar onde a menina estava, agiram, sob determinação do Comando, conforme descreveram as fontes entrevistadas, ontem, pelo Diário da Manhã.
A reportagem tomou conhecimento que uma equipe do Serviço de Inteligência da Corporação Militar (PM/2) agiu rápida e ostensivamente. Foram até à casa da tia de Thaygo, às 9h de sábado, onde Hellen estava. Logo ao chegar, contataram cinegrafista da Rede Record, via celular. O funcionário da emissora que é freelancer, ligado a um portal de notícias, fez e enviou, ainda na residência onde a adolescente foi encontrada, áudio com o depoimento da jovem, no qual Hellen dizia: “Foi meu namorado (Thaygo) quem matou os meninos, com um tiro na cabeça, por ciúmes”, segundo relatos do portal Mais Goiás.
Daí em seguida, a Polícia Militar interrogou a tia de Thaygo, que era obrigada a manter a jovem em sua residência. A mulher teria dito que o sobrinho a ameaçou de morte, caso chamasse a polícia, ou denunciasse que ele é autor de mais esse crime – o rapaz é dono de uma vasta ficha criminal (veja no box).
Os militares começaram uma caçada a Thaygo: pegaram as duas e as levaram à sede do Grupamento de Radiopatrulha Aérea, em Goiânia, onde já aguardavam duas equipes de imprensa: Record e O Popular – avisados pelos policiais. Em seguida, os militares colocaram as duas – tia e vítima – no helicóptero da Corporação, que para sobrevoar necessita de autorização do Comando Geral da Corporação, e se dirigiram então à cidade de Aruanã-GO, onde havia suspeita de que Thaygo pudesse estar.
Após diligências na cidade, as duas foram trazidas a Goiânia e, somente às 21h, mantendo a jovem sob o poder de militares, sem que a Polícia Civil, nem Ministério Público, tampouco Judiciário soubessem o que acontecia, as trasladaram para o núcleo de GIH de Aparecida de Goiânia, onde foi feito o pedido de Exame de Corpo de Delito, realizado mais tarde, no Instituto Médico Legal de Goiânia (IML).
A reportagem tentou entrar em contato com o comandante da Polícia Militar de Goiás, Sílvio Benedito Alves, que segundo fontes, autorizou toda a operação e determinou que a PM/2 fizesse o encontro da menor, mas as ligações não foram respondidas. O telefone celular do comandante da Sessão de Comunicação da PM, tenente-coronel Walter Caetano, não atendeu as ligações.
O delegado-geral da Polícia Civil, João Carlos Gorski, não quis dar detalhes sobre o ocorrido. Informou somente à reportagem que ainda são feitas buscas pelo suspeito – o qual a Polícia Civil já tinha conhecimento de quem seria e, por isso, pediu a prisão que foi acatada. Gorski afirmou não ser certo, mas que mais informações sobre o acontecido seriam repassadas, hoje, em entrevista coletiva – o que ainda não era certeza – a coletiva fosse ou não convocada para hoje. Kléber Toledo, delegado que preside o inquérito, não atendeu às ligações.

Ciúme e sangue

Thaygo viu no perfil de Hellen uma postagem feita por Neylor – ex-namorado dela. Com ciúmes, o atual namorado foi tomar satisfação da jovem, de 15 anos. “Ele me perguntou onde o Neylor morava, mas eu não sabia e falei que Raíssa era quem conseguiria dizer”, disse a menina com exclusividade ao Mais Goiás.
A menina então foi levada por Thaygo ao carro dele, de modelo não informado, mas de cor prata. Em seguida, foram à casa de Raíssa. Com arma, Thaygo obrigou que a menina e Daniele, que estava em sua casa, entrassem no carro. Sob pressão, Raíssa disse onde Neylor morava. Já no portão de casa, Neylor e Denis foram abordados e obrigados a entrar no carro, que seguiu para a Serra das Areias. “Eu vi ele (sic.) matar os quatro – ele me obrigou a ver tudo. Não sei o que será de mim daqui para frente”, disse ao portal.
A Polícia Civil deve pedir proteção policial à menina e sua família.
NOTA
O DM já havia sido informado da motivação das mortes na quarta-feira, 28, mas não podia publicar os detalhes, pelo pedido feito pelas fontes desta reportagem. Hoje, com tudo divulgado, é nítido o motivo para o qual esta matéria é publicada.

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