Em discurso sobre protestos, Dilma elogia manifestantes, PM e próprio governo
Fernanda Calgaro
Do UOL, em Brasília
Do UOL, em Brasília
MEU GOVERNO COMPREENDE O DESEJO DA POPULAÇÃO, DIZ DILMA
Em discurso em cerimônia no Palácio do Planalto na manhã desta terça-feira (18), a presidente Dilma Rousseff disse que o Brasil "acordou mais forte" depois dos protestos que ocorreram em dezenas de cidades na segunda-feira. Ela elogiou os manifestantes, a polícia, por não ter cometido excessos, e fez um autoelogio ao seu governo.
MEU GOVERNO COMPREENDE O DESEJO DA POPULAÇÃO, DIZ DILMA
"O Brasil hoje acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprovam a energia da nossa democracia. A força da voz da rua e o civismo da nossa população. É bom ver tantos jovens e adultos, o neto, o pai, o avô juntos com a bandeira do Brasil cantando o Hino Nacional, dizendo com orgulho eu sou brasileiro e defendendo um país melhor. O Brasil tem orgulho deles."
"Essas vozes, que ultrapassam os mecanismos tradicionais, os partidos políticos e a própria mídia, precisam ser ouvidas", afirmou em discurso durante lançamento do novo marco da mineração no Brasil.
"A minha geração sabe quanto isso nos custou. Eu vi ontem um cartaz muito interessante que dizia: 'Desculpe o transtorno, estamos mudando o país'. Quero dizer que meu governo está ouvindo essas vozes por mudanças", afirmou.
A presidente louvou o caráter pacífico das manifestações, inclusive da parte da Polícia Militar, mas observou que os "atos isolados de violência contra pessoas e patrimônio" deveriam ser punidos. "O caráter pacífico dos atos de ontem evidenciou também o correto tratamento dado pela segurança pública à livre manifestação popular. Conviveram pacificamente. Infelizmente, é verdade, ocorreram atos minoritários isolados de violência contra pessoas e contra o patrimônio público e privado, que devem condenar e punir com rigor. Toda violência é destrutiva."
Segundo ela, porém, a violência "não ofuscou o espírito pacífico das pessoas que foram às ruas pacificamente pedir pelos seus direitos".
Dilma elencou ainda os diversos motivos que levaram milhares de pessoas às ruas de várias cidades do Brasil ontem.
"A mensagem direta das ruas é por mais cidadania, por mais escolas, melhores hospitais, direito de participação. Essa mensagem das ruas mostra a exigência de melhorias no transporte a preço justo, e o direito de influir nas decisões de todos os governos. Essa mensagem das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido de dinheiro público e comprova o valor intrínseco da democracia, da participação dos cidadãos por seus direitos."
Você acha que protestos podem levar à redução do preço da tarifa do transporte público?
Ontem, em breve nota oficial, a presidente Dilma Rousseff defendeu as manifestações, desde que pacíficas. "As manifestações pacíficas são legítimas e próprias da democracia. É próprio dos jovens se manifestarem", afirmou a presidente em texto divulgado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Mais cedo, em audiência no Senado, o ministro Gilberto Carvalho, um dos assessores mais próximos de Dilma, havia afirmado que o governo "não entendeu" o funcionamento dos novos protestos. "Não conseguimos entender o que está ocorrendo ainda. São novas formas de organização de mobilização que ainda não compreendemos".
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Entenda
A insatisfação que levou milhares às ruas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e várias grandes cidades nos últimos dias, em manifestações que resultaram em inúmeros atos de violência, depredação e confrontos com a polícia, vai além do descontentamento com a elevação na tarifa do transporte público. E no momento em que o Brasil está sob os holofotes às vésperas de receber grandes eventos internacionais, o movimento ganha corpo e se espalha por outras capitais do país.
Em Brasília, segundo a Polícia Militar,cerca de 10 mil pessoas participaram da manifestação nesta segunda, com um leque de reivindicações bastante amplo. Os manifestantes ocuparam a marquise do Congresso Nacional por cerca de cinco horas.
Um dos organizadores do evento no Facebook entregou à polícia legislativa uma lista de reivindicações. Entre os itens, há um pedido para que a Câmara abra investigação sobre a violência policial contra os manifestantes.
Manifestantes ouvidos pelo UOLafirmaram que foram motivados por indignação contra a corrupção, contra PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que tira poderes de investigação do Ministério Público e contra os gastos na Copa do Mundo.
Desde a semana retrasada, manifestantes de São Paulo, em sua maioria jovens e estudantes, têm protestado contra o aumento de 20 centavos nas tarifas do transporte público em São Paulo --foi de R$ 3 para R$ 3,20. Autoridades descartam rever o preço e argumentam que o reajuste, inicialmente previsto para janeiro, foi postergado para junho e veio abaixo da inflação.
Logo os atos começaram a se espalhar por outras capitais e grandes cidades do país, incluindo outros pontos de insatisfação na pauta de protesto.
OS PROTESTOS EM IMAGENS (CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR)
- PM espirra spray de pimenta em manifestante durante protesto no Rio
- Em Brasília, manifestantes conseguiram invadir a área externa do Congresso Nacional
- Milhares de manifestantes tomam a avenida Faria Lima, em SP
- Após protesto calmo em SP, grupo tenta invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo
- Manifestantes tentam invadir o Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio
- Um carro que estava estacionado em uma rua do centro do Rio foi virado e incendiado
- Jovem é detida pela Brigada Militar durante protesto realizado em Porto Alegre
- Cláudia Romualdo, comandante do policiamento de Belo Horizonte, posa com manifestantes
- Estudante é preso dentro diante do Congresso Nacional
- Manifestantes levam faixa alusiva a 1964 em Porto Alegre
- Protestos pelo mundo, como este em Berlim, manifestam apoio aos atos no Brasil
- Fotógrafos protestaram contra a violência da PM em relação aos jornalistas
- Manifestante preso no protesto no dia 11 é solto em SP
- Policial atinge cinegrafista com spray de pimenta
- PM agride clientes de um bar na avenida Paulista
- Policial atira bombas contra manifestantes
- Cartaz faz referência à música Cálice, de Chico Buarque, escrita durante a ditadura
- Manifestantes se ajoelham para tentar se proteger de ação policial
- Mulher anda de bicicleta em meio a confronto entre policiais e manifestantes
- Garota segura flor enquanto usa orelhão pichado durante protesto
- Mulher é ferida na cabeça ao passar por confronto entre polícia e manifestantes
- Policial atira contra manifestantes em rua do centro de São Paulo
- Vídeo mostra policial quebrando o vidro do próprio carro da polícia em SP
- Manifestante faz sinal da paz para policiais
- Policial Militar aponta arma para se defender de agressores
- Manifestantes se ajoelham diante de PMs durante protesto na avenida Paulista
- Policial tenta apagar fogo provocado por manifestantes
- Manifestantes fazem fogueira durante protesto contra o aumento das passagens
- Manifestantes tomam a avenida Paulista no segundo protesto
- Multidão participa do primeiro protesto contra a aumento na tarifa de ônibus
essa dilma é demais
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