Moradores de Mirabela pagam combustível para viaturas da PMSegundo moradores, viaturas já ficaram 10 dias paradas sem combustível. Na cidade de 13 mil habitantes, oito policiais militares fazem a segurança.
Por Michelly Oda
Do G1 Grande Minas
A população de Mirabela , no Norte de Minas Gerais, vive uma situação de insegurança. Na cidade com 13 mil habitantes, somente em janeiro de 2013 foram registradas 135 ocorrências pela Polícia Militar.
Moradores dizem que a PM não pode comparecer em muitas ocorrências por falta de combustivel. Diante do fato, a população está se unindo para custear o combustível das viaturas.
A comerciante Vaneide dos Santos teve a loja furtada na semana passada. Ela estima um prejuízo de R$15 mil em mercadorias e pretende fazer um empréstimo para instalar um circuito interno de monitoramento, que vai custar R$2.500. Ao acionar a PM, um policial compareceu à loja em sua moto particular.
"A polícia me pediu uma lista com os objetos roubados, fiz e levei até o posto da PM. Lá disseram que não poderiam procurar pelos criminosos pois não havia combustível. É complicado. Estou pagando pela reforma da loja e ainda tive as mercadorias roubadas. É desesperador", diz a comerciante.
Segundo moradores, os policiais estão em um prédio que era ocupado pela Polícia Rodoviária Estadual, e os dois veículos disponíveis já ficaram 10 dias parados por causa da falta de combustível.
Segundo moradores, os policiais estão em um prédio que era ocupado pela Polícia Rodoviária Estadual, e os dois veículos disponíveis já ficaram 10 dias parados por causa da falta de combustível.
Valdomiro Fonseca também teve a farmácia assaltada recentemente, ele é um dos moradores que fazem as doações de combustível para garantir o mínimo patrulhamento policial em Mirabela.
"Conviver com a insegurança gera uma sensação de importência e medo. Alguns comerciantes foram roubados duas vezes em sete dias. Se não ajudarmos com as doações, a situação piora ainda mais", diz o empresário.
As reclamações da população chegaram até a Câmara Municipal. O vereador Fábio de Jesus Ribeiro diz que nesta semana ajudou a empurrar uma das viaturas para que o veículo pudesse funcionar.
De acordo com o vereador, em muitas das ocorrências, a polícia não comparece aos locais, alegando que "não há uma gota de combustível para os carros". Ele diz ainda que o transtorno estaria ocorrendo por um problema entre polícia e o governo do estado.
"Já acionamos o prefeito e não tivemos resposta. Estamos buscando alternativas. Propus que cada vereador desse um tanque de gasolina por semana para que a população não fique a mercê da criminalidade", afirma o parlamentar.
Enquanto as providências não são tomadas, a Polícia Civil da cidade também está tendo que lidar com os transtornos da falta de combustível da PM.
"A presença da Polícia Militar nas ruas inibe o crime. Há alguns dias o índice de criminalidade está aumentando, assim como no país. Também atribuo isto a falta de combustível da polícia que não está podendo fazer a ronda e a soltura de dois criminosos perigosos em dezembro", explica o delegado da Polícia Civil, Célio Gomes Nogueira.
O vice-prefeito de Mirabela, Marcos André Ferreira de Oliveira, diz que não há nenhuma parceria firmada com a Polícia. Ele afirma ainda ter recebido um ofício da PM, solicitando a renovação do convênio entre os orgãos, mas que um ofício está sendo protocolado junto ao Ministério Público para que os aspectos legais sejam respeitados.
Esta não é a primeira vez que a população de Mirabela arca com os gastos da segurança pública. De 2010 a 2012, a delegacia da Polícia Civil funcionava em um espaço improvisado. A população se uniu para pagar pela reforma que durou cinco meses. O local improvisado já foi alvo de criminosos que rouabaram armas, munições e até materiais apreendidos.
O que diz a Polícia Militar
Coronel César Ricardo, comandante da 11ª Região da Polícia Militar de Montes Claros, afirmou que este caso de Mirabela foi uma situação excepcional, pois foi feita uma licitação, mas os representantes dos postos não compareceram.
"Uma nova licitação será publicada para efetivar a contratação da empresa que prestará o serviço. O fornecimento de combustível é feito através de parcerias com a administração municipal ou com entidades de classe. Vamos verificarar o que está ocorrendo com o comando local. Se for encontrado algum problema, a polícia intervirá para que os serviços sejam normalizados", diz.
Coronel César Ricardo, comandante da 11ª Região da Polícia Militar de Montes Claros, afirmou que este caso de Mirabela foi uma situação excepcional, pois foi feita uma licitação, mas os representantes dos postos não compareceram.
"Uma nova licitação será publicada para efetivar a contratação da empresa que prestará o serviço. O fornecimento de combustível é feito através de parcerias com a administração municipal ou com entidades de classe. Vamos verificarar o que está ocorrendo com o comando local. Se for encontrado algum problema, a polícia intervirá para que os serviços sejam normalizados", diz.
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