terça-feira, 6 de novembro de 2012

Qual seria sua reação? Você aceitaria tal situação?



Alunos e professores temem presença do preso na UFC

Estudantes e professores do curso de Geografia da UFC manifestam medo com a presença do detento Luiz Miguel Militão no campus. Juiz diz que só permitirá o acesso de Militão com a escolta de 10 PM
fonte: o povo
FOTO: IGOR DE MELO
Militão ganhou o direito de estudar Geografia na UFC, desde que seja escoltado por 10 PMs, ao comando de um oficial
Tensão, medo e insegurança foram as palavras mais ouvidas de professores e estudantes do curso de Geografia, da Universidade Federal do Ceará (UFC), quando questionados acerca da possibilidade do detento Luiz Miguel Militão Guerreiro cursar Geografia, no campus.

Aos estudantes, incomoda a rotina de aulas e atividades extra curriculares, que, certamente seriam compartilhadas com Militão. “Se ele tinha um péssimo comportamento na cadeia, não vai mudar aqui”. “Ele deve ter muitos inimigos. E se vierem querer executá-lo aqui dentro? Todos nós corremos um grande risco do lado dele”. “Quem não fica tenso de ficar todos os dias do lado de um homem que precisa de dez policiais para ser contido?”. “Vamos ficar reféns do medo e até dos comparsas dele, dentro da universidade, é isso?”. Nenhum dos estudantes quis ser identificado.

Aos professores, recaem as mesmas preocupações dos estudantes, além de cogitarem o insucesso no sistema de avaliação do preso. “A gente tem até medo de dar uma nota merecida, mas não aceita por ele”. Alguns docentes disseram que se recusariam a ministrar disciplinas em que Militão esteja matriculado.
 
Outro caso

Desde fevereiro deste ano, a UFC já tem em seu quadro de discentes a detenta Cynthia Corvello, no curso de História. Ela é classificada pelos colegas como “uma ótima pessoa”. “Ela é esforçada, é amiga e estudiosa”, diz Valnice Luiza Castro, 25, estudante do 6º semestre do curso de História.

Segundo Aline Miranda, coordenadora do Núcleo Especializado em Execução Penal (Nudep), da Defensoria Pública Geral do Estado (DPGE), o caso de Cynthia é diferente. “Avaliamos o caso dela pelo comportamento exemplar que apresenta na prisão, por não apresentar antecedentes criminais” .

Conforme explica a coordenadora, no caso de Militão, os 12 integrantes do Nudep foram desfavoráveis ao direito de Militão de ser estudante da UFC. “Não vamos requerer esse benefício a ele por entendermos que não estão contemplados os requisitos necessários para ele usufruir desse direito”, avaliou Aline.

O juiz titular da 1ª Vara de Execução Penal de Fortaleza, Luiz Bessa Neto, que concedeu “o direito à educação para Militão”, disse que já foram encaminhados ofícios para o Secretaria da Segurança Pública, para a Secretaria da Justiça e para o Comando da Polícia Militar tratando sobre a escolta. “Estou aguardando resposta dos ofícios. Militão só vai à universidade se for com a escolta. Só com a tornozeleira (de monitoração eletrônica) eu não permito porque sei o risco de fuga”, admitiu o juiz.

O promotor de Justiça Sílvio Lúcio Correia Lima, que recorreu da decisão judicial, classificou a situação como “pouquíssimo provável dentro da difícil realidade policial que o Estado já apresenta”. Em Mulungu, por exemplo, distante 110 quilômetros de Fortaleza, com 11.485 habitantes, seis PMs fazem a segurança da população. É um policial para cada 1.914 pessoas.

O reitor da UFC, Jesualdo Farias, ratificou, com ênfase, a decisão de não aceitar os 10 policias mais o oficial designados para escoltar Militão, na ida diária à aulas na universidade. “Espero que o bom senso prevaleça e a universidade não tenha que administrar essa questão”, destacou.

Sobre a decisão, o juiz reitera. “Eu não concedi privilégios, apenas assegurei direitos a que tem todo preso”.

Saiba mais 

Militão foi condenado a 150 anos de prisão por ser o mentor da chacina que matou seis portugueses em 2001, na Praia do Futuro.
 
O promotor de Justiça Sílvio Lúcio Correia Lima disse ao O POVO, no último dia 22, que Militão “apresenta inúmeras faltas graves cometidas no cárcere: posse de drogas, tráfico de drogas, posse de arma branca (cossoco) e três tentativas de fuga , inclusive de túnel”.
 
Segundo o promotor, Militão também seria responsável por chefiar sequestros de dentro do presídio.

Sara Rebeca Aguiarsararebeca@opovo.com.br

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