domingo, 25 de novembro de 2012
Com baixo efetivo Quartéis da PM viram alvos de criminosos
Quartéis da PM viram alvos de criminosos no interior de Alagoas
“O policial militar no interior se sente ameaçado. Quem deveria dar segurança à população se sente inseguro. O Policial militar, hoje, teme pela própria vida”. É desta forma que o sargento Nelson Menezes, vice-presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos da PM e do Corpo de Bombeiros de Alagoas (Assmal), define a situação dos policiais militares que trabalham nos Grupamentos da Polícia Militar (GPM), situados nos municípios do interior do estado.
A declaração foi dada um dia depois do GPM localizado no município de Minador do Negrão ter sido atacado, na madrugada da última quinta-feira (22), por uma quadrilha composta por cerca de 12 homens armados. Na ocasião, em uma ação de extrema ousadia, os bandidos prenderam os policiais que estavam de plantão dentro da unidade militar, depois de terem explodido um caixa eletrônico da agência do Bradesco situada no município. Ainda não satisfeitos, os criminosos furaram os pneus da viatura policial para evitar perseguições e fugiram levando o dinheiro da agência bancária.
Pelo menos seis “quartéis” da PM no interior já foram alvos da ação de criminosos apenas neste ano. Além do GPM de Minador do Negrão, também foram atacados os de Traipu, Roteiro, Senador Rui Palmeira, Viçosa e Piranhas. Na maioria dos casos, os ataques aos policiais militares têm ligação com assaltos a agências bancárias.
“Eles [os criminosos] atacaram o GPM para evitar problemas na fuga após o assalto a banco. Estavam organizados e encapuzados. Chegaram gritando e fazendo várias ameaças de morte. Depois de trancarem a porta de entrada da base, dispararam vários tiros. Só esperei a hora de morrer. Nunca havia passado por uma situação como esta”, relatou uma vítima de um dos ataques, um policial militar que pediu para não ser identificado nesta reportagem, nem que o GPM em que trabalha fosse revelado.
Para outro PM, um sargento que também não quis ser identificado, as investidas ousadas dos criminosos contra os policiais é uma consequência do baixo efetivo policial nas bases do interior. Segundo ele, não é raro encontrar situações em que apenas dois policias ficam responsáveis por realizar o policiamento ostensivo em um município do interior.
“O que vem acontecendo é que todo o policiamento ostensivo da cidade fica a cargo de guarnições compostas por apenas três ou no máximo quatro policiais. É um efetivo muito pequeno. E isso quando não há ninguém de licença médica. Não é raro encontrar situações de turnos preenchidos por apenas dois policiais. O que vão fazer dois policiais para garantir a segurança de todo um município? Quando estamos na rua o GPM fica sem ninguém, porque não há como dividir a equipe”, afirmou o sargento.
Para o militar, os grupamentos instalados no interior do estado, com raras exceções, estão vulneráveis e não têm condições de resistir a uma investida de uma quadrilha bem organizada como as que atacaram os GPM´s de Minador do Negrão, Traipu, Roteiro, Senador Rui Palmeira, Viçosa e Piranhas.
“Não é algo isolado. Não são só os GPM´s do Sertão alagoano que estão fragilizados, mas a grande maioria dos grupamentos do interior do estado. Os bandidos sabem que não temos efetivo suficiente e estão investindo contra a gente. A qualquer momento pode ser outro e os policiais pouco poderão fazer. Os indivíduos chegam fortemente armados em grupos compostos por muitos homens, não temos condições. Dois policiais vão fazer o quê diante de um grupo desses? Morrer? Temos coragem, mas falta condições para igualarmos as forças”, desabafou o sargento.
“Somos treinados para garantir a segurança da população e prender criminosos. Só que agora, devido ao baixo efetivo, a situação está invertida, estamos sendo presos pelos criminosos. Imagine como fica a cabeça de um policial que passa por uma situação dessas. É por isso que o policial está se sentindo inseguro. Não é falta de capacidade nossa não, é falta de efetivo para combater o crime no interior”, completou outro sargento, que também optou por não se identificar.
A Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal) confirmou a situação de vulnerabilidade dos GPM´s do interior. “Realmente é um efetivo muito pequeno e não é de hoje que falamos disso. A ousadia dos criminosos está muito grande e eles atacam onde está vulnerável. Esse assunto é algo sério que precisa de uma solução”, afirmou o presidente da Assomal, major Wellington Fragoso.
Procurado pela reportagem do TNH1, o comandante-geral da PM, coronel Dimas Barros Cavalcante, informou por meio de sua assessoria de comunicação, que não irá se posicionar sobre os ataques aos grupamentos do interior até que as investigações sobre eles sejam concluídas. Entretanto, a assessoria adiantou que o policiamento nos municípios que foram atacados e de outros municípios considerados fragilizados foi reforçado.
As investigações sobre os ataques aos GPM´s e às agências bancárias de Minador do Negrão, Traipu, Senador Rui Palmeira, Viçosa e Piranhas estão sendo investigados pelos agentes da Seção Especial de Roubos a Bancos (Serb) e a Divisão Especial de Investigações e Capturas da Polícia Civil (Deic), em parceria com a Polícia Militar. As suspeitas da polícia são de que os assaltos tenham sido praticados pela mesma facção criminosa.
Fonte: TNH1
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