quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Polícial militar de MT diz que não ameaçou repórter do "A Gazeta"


Redação Portal IMPRENSA | 31/10/2012 13:00

Após repercussão de reportagem sobre um comentário feito pelo policial militar Marcos Eduardo Ticianel Paccola, em sua página pessoal no Facebook, ele garantiu que não ameaçou a repórter que fez o texto, nem qualquer outro jornalista, informou o portal Mídia News, na última terça-feira (30/10).

No último dia 19 de outubro, Paccola, oficial do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) comentou a morte de um policial assassinado em Várzea Grande (MT). “Luto. Que Deus conforte o coração da família do nosso irmão de farda e já acaliente o coração da família dos que fizeram essa atrocidade, porque quando nossas garras tocá-los, eles não viverão mais um dia para ver o sol nascer! Pra cima deles, força e honra sempre!”, publicou.

A jornalista Lisânia Ghisi escreveu reportagem para o jornal A Gazeta. Ela ouviu o capitão, o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), major Joanildo Assis e um subcomandante da PM. Assis afirmou, por exemplo, que o comentário foi feito na página pessoal do policial, não reflete a postura do Batalhão.

Bandidos e jornalistas
Após a publicação da matéria, na edição de 23 de outubro do jornal, capitão Paccola postou a reportagem em sua página pessoal. Alguns de seus amigos criticaram o conteúdo e, um deles, o capitão Caveira, escreveu que acha que "quando acabarem todos os bandidos do mundo, o próximo passo devem (sic) ser os jornalistas!"

Arrependimento e pedido de desculpas
"Respeito muito o trabalho dos jornalistas e sei da importância da categoria na sociedade", disse Paccola. Ele também garantiu não ter ameaçado Lisânia ou qualquer outro jornalista.

“Os comentários agressivos foram feitos por pessoas que viram a postagem e não por mim. Respeito muito o trabalho dos jornalistas e sei da importância da categoria na sociedade. Ocorre que, infelizmente eu não posso controlar outras pessoas. Fui infeliz no comentário e estou muito arrependido. Além de ser um oficial, sou um ser humano”, disse.

O comentário lhe causou inúmeros problemas de ordem pessoal, familiar e também profissional. “Fui chamado para prestar esclarecimentos no Comando, isso nunca tinha acontecido. Minha carreira sempre foi exemplar, estudei muito para chegar onde estou e estou sendo julgado por um erro. Não fujo de meus compromissos e vou responder por isso onde quer que seja, irei por espontânea vontade. Só quero que isso acabe”.

Depois da polêmica, ele decidiu excluir o seu perfil no Facebook. “Logo que tudo estiver esclarecido, vou fechar essa página. Não quero mais esse tipo de exposição. Eu também quero pedir desculpas a todos que eu machuquei com essa situação, principalmente a jornalista, que estava fazendo o trabalho dela”, disse.

Sem mágoas
A jornalista Lisânia Ghisi disse que não imaginou que o fato iria ganhar tamanhas proporções e que não se sentiu ameaçada nem teve medo. “Não teve nenhuma ameaça direta para mim, mas para a categoria dos jornalistas. Uma pessoa acabou usando o meu perfil em um comentário, mas não vi isso como uma ameaça”, disse.

Ela declarou não ter mágoas de Paccola e que só quer que o caso seja resolvido da melhor forma. “Não quero que ninguém seja repreendido, espero que tenha uma solução sim. Situações como estas não podem ocorrer. Com certeza eu aceito as desculpas dele, só basta me procurar”.

Entidades
O Sindjor-MT emitiu uma nota de apoio à jornalista e pediu esclarecimentos por parte da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). O sindicato informou que levará o caso ao Fórum de Direitos Humanos e da Terra Mato Grosso, e à representação brasileira da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Em nota, a OAB pediu providências urgentes para a defesa da jornalista. Também foi informado que o conselheiro estadual Geandre Bucair já está preparando uma representação criminal para buscar a apuração dos fatos junto ao Ministério Público Estadual (MPE) e à Sesp.

Polícia Militar
A assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que o Comando Geral da instituição tomou providências sobre o caso. O militar envolvido foi ouvido pela corregedoria e foi instruído a não mais comentar sobre o assunto.

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