quinta-feira, 18 de outubro de 2012
PM baleado em assalto faz escolta do vice-governador de SP
Um suspeito foi morto e um tenente acabou baleado na terça-feira (16).
Nesta semana, outros PMs foram vítimas de criminosos no estado.
18/10/2012
Por Kleber Tomaz e Giovana Sanchez
Do G1 em São Paulo
Os dois policiais militares vítimas de uma tentativa de assalto na Aclimação, na capital paulista, na terça-feira (16), eram responsáveis pela escolta do vice-governador de São Paulo , Guilherme Afif Domingos (PSD). Eles foram abordados quando estavam num carro usado para a segurança da autoridade. Um dos PMs foi baleado.
De acordo com a assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes, o político não estava no veículo, um Chevrolet Omega, no momento do assalto, ocorrido por volta das 22h de terça, na Rua Nilo. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, um tenente e um soldado reagiram ao roubo e mataram a tiros um criminoso. O corretor de imóveis Milton Régis Pedroso, de 27 anos, teria sido atingido por três disparos, chegou a fugir e procurar socorro, mas morreu num hospital.
O oficial, que tem 35 anos, foi baleado de raspão no rosto e foi internado no Hospital Beneficência Portuguesa. Ele foi transferido para o Hospital da PM e não corria o risco de morrer nesta quinta-feira (18). O soldado, de 30, não foi ferido. O caso foi registrado como “roubo” e “resistência” à prisão seguida de morte no 8º Distrito Policial, no Belém, Zona Leste. Apesar disso, não consta no boletim se algo foi roubado dos agentes.
Conforme determinação do governo estadual, casos de resistência seguida de morte com a participação de PMs serão investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Por esse motivo o departamento investiga se os policiais agiram no cumprimento da lei ou se cometeram excessos. A Corregedoria da PM também apura a conduta dos agentes.
Ainda segundo a ocorrência, os dois policiais estavam à paisana em um carro descaracterizado quando um homem não identificado usando capuz e armado anunciou o roubo. Quando tentou revistar os militares, eles reagiram, dando voz de prisão ao criminoso. Em seguida, houve troca de tiros. O boletim não informa quem atirou primeiro, se o assaltante ou os agentes.
De acordo com a secretaria, o tenente foi baleado e socorrido. O criminoso também foi atingido e fugiu. Ele seguiu para o Hospital Vila Alpina, na Zona Leste. Acionada pela unidade médica, a PM foi até o local averiguar o suspeito. O soldado da escolta do vice-governador teria feito o reconhecimento do homem pelas roupas. Pedroso morreu após o atendimento.
A Polícia Técnico-Científica apreendeu um revólver na Aclimação, onde ocorreu o confronto entre o criminoso e os policiais. A arma seria do assaltante. Também foram feitos exames residuográficos para se detectar a presença de pólvora nos envolvidos na ocorrência.
Outros assaltos
Outros policiais militares foram vítimas de assalto nesta semana no estado. Um policial militar foi baleado no tórax em uma tentativa de roubo na estrada Sadae Takagi, em São Bernardo do Campo , no ABC, por volta das 5h desta quinta-feira (18). De acordo com a corporação, ele andava de motocicleta quando foi abordado por outros dois suspeitos.
O policial reagiu e houve troca de tiros. Os dois homens que estavam em uma moto ficaram feridos e foram levados a um pronto-socorro municipal. Um deles morreu e o outro foi internado.
O PM foi levado para o Hospital Assunção, também em São Bernardo. A corporação não soube informar qual é o estado de saúde do policial.
Na noite desta quarta-feira (17), um PM foi baleado em uma tentativa de assalto ao mercado da mulher dele, em Mauá, no ABC. O PM de 30 anos estava de folga. Ele reagiu e levou tiros nas costas e nas pernas. Ele foi levado para o hospital e vai ter que passar por uma cirurgia.
Ataques
Já na Vila Maria, na Zona Norte da capital paulista, um policial militar aposentado foi atacado quando chegava em sua casa com a mulher, a filha de 6 anos e uma tia da esposa. Dois homens em uma moto, usando toucas ninja, deram dez tiros. Três deles atingiram o PM, que foi levado para o hospital. Ele recebeu medicação e foi liberado. Nenhum suspeito de fazer os disparos em Mauá e na Vila Maria foi detido.
Policiais militares estão sendo atacados por criminosos a partir de ordens de uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas, segundo apuração do Ministério Público estadual. De acordo com a Promotoria, escutas e cartas com listas de nomes de policiais que estão sendo ameaçados de morte foram entregues à Polícia Civil e a PM de São Paulo. Apesar disso, o governador Alckmin ainda não se manifestou a respeito desses dados. Neste ano, mais de 80 PMs já foram mortos, segundo associações dos agentes.
“É muito estranha essa história de assalto agora no caso dos policiais da escolta do vice-governador. Os policiais estão sendo atacados a mando do crime organizado e vários policiais estão sendo vítimas de assalto agora? É muita coincidência. Vou cobrar explicações das autoridades policiais para que apurem se o que ocorreu foi mesmo um assalto ou um ataque. Tive informações de que o assalto não foi anunciado pelos criminosos”, afirmou o deputado estadual Major Olímpio (PDT), líder do partido e presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Segurança Pública da Assembleia Legislativa do estado.
PM sempre reage, diz Alckmin
Após participar de evento com médicos nesta quinta-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi perguntado sobre o episódio no qual os policiais da escolta do seu vice foram vítimas de assalto. O governador disse ter se tratado de uma tentativa de roubo. “Inclusive eles estavam à paisana, nem sabiam quem eram. Na tentativa de roubo, o policial reage. O assaltante acabou baleado, foi atendido, mas morreu”.
Questionado sobre a grande quantidade de assaltos a policiais nos últimos dias, Alckmin disse: “Nós temos 140 mil policiais e policial sempre reage porque está armado. E se o bandido também sabe que ele é policial, às vezes ele acaba perdendo a vida”.
Memória
Essa não foi a primeira vez que policiais militares lotados na Casa Militar do Palácio dos Bandeirantes são vítimas de criminosos. Em 22 de outubro de 2002, um soldado à paisana que fazia a segurança do estudante Thomaz, filho de Alckmin, foi morto a tiros por assaltantes, na Vila Mariana, Zona Sul da capital.
Diógenes Barbosa Paiva chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Outro policial que estava com o soldado também chegou a ser baleado, mas sobreviveu. Os assaltantes fugiram sem levar nada.
Thomaz não estava na rua quando o soldado foi baleado pelos criminosos. Ele tinha ido visitar a namorada no apartamento dela e os policiais o aguardavam na frente do prédio da moça.
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