quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Governo manda Polícia Militar apurar ameaças a repórter


Matéria de André Caramante sobre ex-chefe da Rota gerou onda de ameaças contra a família do jornalista. Coronel Telhada nega ter incitar manifestações contra o profissional

Agência Estado 10/10/2012

A Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do governo estadual enviou nesta terça-feira (9) um ofício ao jornal Folha de S.Paulo oferecendo a possibilidade de o jornalista André Caramante, alvo de ameaças nas últimas semanas, ingressar no Programa Estadual de Proteção à Testemunha (Provita).

Segundo o secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, o governo também determinou a instalação de um inquérito policial militar para apurar as ameaças, assim como cobrou a atuação da Corregedoria da PM no caso.

As ameaças ao jornalista começaram em julho, após a publicação de uma matéria de sua autoria com o título "Ex-chefe da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) vira político e prega a violência no Facebook". A matéria relatava como os suspeitos de terem cometido crimes eram tratados de forma desrespeitosa na página pessoal do ex-comandante da Rota, Paulo Adriano Telhada, eleito vereador pelo PSDB.

Em resposta, o coronel acusou Caramante de ser "notório defensor de bandidos" e incentivou seus seguidores a encaminharem ao jornal manifestações de protesto contra o repórter. Desde então, as ameaças não pararam. No começo de setembro, a situação ficou ainda mais grave quando a família do jornalista passou a ser ameaçada.

Na semana passada, o site da Revista Imprensa publicou que o repórter tinha deixado o País, informação que vinha sendo mantida em sigilo. O jornalista continua trabalhando, mesmo fora do dia a dia da redação. Procurado pela reportagem, Caramante preferiu não se manifestar.

"O coronel (Paulo Adriano) Telhada foi infeliz em suas declarações. As afirmações não são compatíveis com o que defende o governo de São Paulo, compromissado com a liberdade de imprensa e com os direitos humanos", disse Beraldo, lembrando que as afirmações do coronel foram feitas quando ele já havia entrado na reserva.

O jornalista Sérgio Dávila, editor executivo da Folha de S. Paulo, não confirmou se o jornal pretende aceitar a oferta do Provita. Por meio de nota, Dávila afirmou que, "diferentemente do que vem sendo informado, o jornalista André Caramante não foi afastado de suas funções. O repórter continua cobrindo a área de segurança pública para a Folha, como antes. Além disso, o jornal adotou todas as providências que o repórter julgou necessárias para preservar sua segurança".

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Telhada se pronunciou por meio de nota. Ele afirmou: "Em relação ao jornalista André Caramante, apenas relatei minha indignação contra matéria que dizia em manchete que eu ‘pregava a violência no Facebook’". Ele disse ainda que não pretendeu "que a reação dos leitores à matéria ultrapassasse os limites da democrática discordância".

"Defendo a liberdade constitucional de imprensa tanto quanto o meu direito constitucional de livre expressão de pensamento. Assim, não incitei, como jamais concordaria com ameaças de qualquer sorte a qualquer jornalista", escreveu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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