segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Lula tenta aplacar divergências entre PT e PSB



SÃO PAULO - Com o acirramento da disputa eleitoral entre PT e PSB em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se neste domingo com o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para tentar aplacar a crise entre os dois partidos. A tentativa de reconciliação, no entanto, foi marcada por críticas da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), que acusou o PSB de tentar enfraquecer o PT nesta eleição, com vistas a 2014.

Lula reuniu-se com Campos no Centro de Tradições Nordestinas, na capital paulista. O pretexto era o reforço de lideranças nordestinas à campanha do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, com a gravação de depoimentos em apoio ao candidato do PT na capital paulista. O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também participou do evento, além do senador Humberto Costa, candidato do PT à Prefeitura de Recife.

O PT enfrenta uma situação complicada no Nordeste: não lidera em nenhuma das nove capitais. Já o PSB passou o candidato petista em Recife, com apoio de Eduardo Campos, e está empatado tecnicamente com o PT no segundo lugar na disputa por Fortaleza.

Durante almoço, as lideranças do PT e o presidente nacional do PSB discutiram os cenários eleitorais nas principais cidades do país, com a briga entre os dois partidos em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, três capitais estratégicas.

No evento, o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, anunciou a ida de Lula ao Recife na próxima semana, no dia 26 ou 27.

O presidente do PSB adotou o discurso da conciliação. “Disputamos eleições em 2006 e não isso impediu que fizéssemos aliança e estivéssemos juntos no segundo turno. Mantivemos uma aliança. Está tudo tranquilo”, disse Campos. “Não tem nenhum problema, minha gente”.

Em tom semelhante, o governador da Bahia disse que é “precipitado” falar que há crise entre os dois partidos, tomando como base os problemas em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte. Para Wagner, é “natural” que o PSB lance uma candidatura própria à sucessão presidencial em 2014. “Qualquer parceiro nosso tem legitimidade para construir seu próprio caminho”, disse o petista. “ Se achar que é hora de seguir um caminho próprio, será um direito deles”, disse Wagner.

Já o presidente nacional do PT deixou claro que o partido conta com o apoio do PSB para a reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. “São questões locais que passadas as eleições não vão interferir no pacto nacional que é a base de sustentação da presidente Dilma e esperamos estar junto com o PSB na reeleição da Dilma”, afirmou, referindo-se aos problemas nas três capitais.
Luizianne Lins, no comando de Fortaleza, acusou o “golpe” do PSB no PT e disse que foi “muito ruim” a ruptura entre os dois partidos no Ceará. Na capital, o petista Elmano de Freitas, apoiado pela prefeita, está empatado com Roberto Claudio, do PSB. “Apoiamos a eleição e a reeleição do governador [Cid Gomes, do PSB] e eles não quiseram apoiar a candidatura do PT, em uma cidade que já é comandada pelo PT. Não aceitei isso em 2004, em 2008 e não vai ser agora que vou aceitar”, disse Luizianne.

A prefeita continuou com as críticas ao partido aliado. “O PSB está se fortalecendo para 2014. O resultado das eleições municipais sinaliza o que virá nas eleições seguintes, para o governo e presidência. Nesta eleição o PSB quer ver qual é seu tamanho e até onde eles podem chegar”, afirmou.

A prefeita disse que a briga entre PT e PSB dificultará um eventual acordo no segundo turno, caso um dos partidos fique fora da disputa. Segundo pesquisa Ibope, divulgada no dia 13 de setembro, Moroni Torgan (DEM) lidera a disputa, mas as pesquisas apontam uma trajetória descendente da candidatura. Elmano de Freitas (PT) tem 19% e Roberto Cláudio, 18%.

Em Recife, Geraldo Julio (PSB) está com 34% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada no dia 12 de setembro. O senador Humberto Costa (PT) aparece em segundo lugar, com 23%. O petista começou a disputa na liderança, mas sua candidatura tem sido marcada por uma trajetória de queda nas intenções de voto, segundo as pesquisas mais recentes. Daniel Coelho (PSDB) tem 19% das intenções de voto.

Fora do Nordeste, em Belo Horizonte, o prefeito e candidato à reeleição, Marcio Lacerda (PSB) está na frente, com 49% das intenções de voto, seguido pelo ex-ministro petista Patrus Ananias, com 31%, segundo pesquisa Datafolha do dia 12 de setembro.
(Cristiane Agostine/Valor)



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