quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Em carta, correntes do PT criticam decisões do partido, em Recife



Com a queda de Humberto Costa, candidato do PT à prefeitura do Recife, nas últimas pesquisas de intenção de voto, sete correntes do partido que discordaram da forma como o atual prefeito João da Costa (PT) foi preterido da disputa aproveitaram a oportunidade para criticar as decisões tomadas pela direção da legenda em uma carta aberta. No documento, os autores do manifesto falam que o "PT apequena-se perante a sociedade, utilizando práticas que sempre condenou e das quais foi vítima. Trata aliados históricos como se fossem adversários".

"O Partido dos Trabalhadores sempre foi reconhecido pela sua intensa e incessante disposição ao debate, nos caracterizamos como um partido de propostas ousadas e críticas contundentes, através do princípio democrático da participação e da construção coletiva. Esta construção histórica vem sendo substituída pelo pragmatismo e imediatismo de grupos políticos comandados por Humberto Costa, João Paulo, Múcio Magalhães, Mozart Sales, Josenildo Sinézio, Dilson Peixoto, Isaltino Nascimento e Pedro Eugênio, mais preocupados com sua própria sobrevivência política do que com os rumos do PT", diz trecho da carta.

João da Costa foi preterido em nome de Humberto Costa mesmo após ter vencido uma prévia realizada junto aos militantes petistas, o que, segundo os autores da carta, além de gerar um desgaste político, feriu as bandeiras históricas petistas.

"Qual a razão deste movimento? É ideológico ou puro pragmatismo eleitoral? Não nos resta outra resposta, estamos vendo a criação de uma justificativa que nos leva a um afastamento do campo democrático e popular. Uma ruptura irresponsável e calcada em uma grande inverdade. Uma tentativa desesperada de tentar nacionalizar a disputa, através de sofismas e argumentos casuísticos. 'Esquerdizar' para justificar a irresponsabilidade política de Humberto Costa e seu grupo pelo isolamento do PT, num manobra desesperada e eleitoreira", questiona outra parte do conteúdo, referindo-se à ruptura com o PSB, tradicional aliado local dos petistas em outras eleições.

A carta, assinada pelas correntes Organização Marxista, Novos Rumos, Democracia Socialista, Coletivo Quilombo, PT de Lutas e de Massas, Movimento PT e Militantes da Mensagem ao Partido, é finalizada conclamando a uma reflexão das lideranças partidárias para que não se perca a base social que apoia a legenda.

"O futuro do PT em nosso estado e particularmente na maior cidade de Pernambuco depende de uma reflexão consequente e honesta sobre os erros cometidos na nossa trajetória recente. Os equívocos começaram e permanecem no interior de nossa organização partidária. É fruto da política do personalismo, da falta de democracia interna e do desrespeito aos militantes e lideranças oriundas de outros campos, que não o majoritário. Para restabelecer as condições de diálogo, é fundamental a autocrítica e o reconhecimento dos equívocos cometidos nesta campanha, desde a formação da chapa majoritária, passando pela falta de defesa da atual gestão petista no Recife, até os temas colocados de forma desconexa, que despolitiza o debate e não conquista o imaginário da classe trabalhadora para um projeto verdadeiro transformador e justo", finalizam os manifestantes.

O presidente municipal do PT na capital Pernambucana, deputado federal Pedro Eugênio, citado na carta, afirmou que ainda não leu o documento e que só irá se manifestar após tomar conhecimento do conteúdo integral do assunto.

Por terra

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