domingo, 23 de setembro de 2012

Bom pra cachorro.


Cadela ajuda a Polícia Militar a combater o crime em São Gonçalo

Por Rafaella Barros (rafaella.barros@oglobo.com.br)

Agência O Globo

RIO - O cachorro pode até ser o melhor amigo do homem, mas em São Gonçalo a cadela Luna tem sido a pior inimiga dos bandidos. A golden retriever de 1 ano tem no breve currículo uma atuação de dar inveja aos "colegas" policiais do 7º BPM: em 45 dias, foram cinco armas apreendidas, mais de seis quilos de drogas, dez munições de fuzil 556 e doze pessoas presas, totalizando onze ocorrências. Além de excelentes resultados, a cadela farejadora de pelos dourados traz também mais otimismo a uma corporação que teve seu último comandante, o tenente-coronel Djalma José Beltrami Teixeira, preso na Operação Dezembro Negro, no ano passado. Beltrami foi acusado de ter se omitido no combate ao tráfico de drogas na cidade.

Luna chegou ao batalhão há seis meses. Segundo os policiais militares, um transeunte a entregou na guarita. Depois de perceberem que ela tinha todos os requisitos necessários para se tornar um cão de busca - é esperta, saudável e com pedigree - os PMs decidiram ficar com ela. A cadela trabalha seis horas por dia e descansa no restante. A alimentação é rigorosa: apenas ração (da melhor qualidade, diga-se de passagem), duas vezes por dia. Periodicamente ela recebe a visita de um veterinário do Batalhão de Ações com Cães, localizado no Rio.

O comandante do batalhão, coronel Luiz Eduardo, disse que Luna surpreende não só pelo faro apurado, mas também pela precisão durante as buscas.

- Ela já encontrou até material enterrado. São apreensões que certamente passariam despercebidas por um policial.

O chefe do serviço reservado (P2) do batalhão - que, por segurança, não pode se identificar - conta que o trabalho de Luna é unicamente de inteligência, no qual o setor e o canil trabalham integrados. Assim, a cadela entra em ação sempre que o batalhão recebe uma denúncia de armas e drogas. Na semana passada, Luna encontrou drogas na casa de uma senhora que, de acordo com a polícia, era fornecedora do segundo traficante na hierarquia de uma facção criminosa. Em agosto, ela sinalizou que havia uma arma cimentada dentro de uma parede de uma casa na comunidade do Arrastão, no bairro Arsenal.

Segundo informações do P2 do batalhão, o número de apreensões aumentou cerca de 200% desde o início dos trabalhos de Luna, há 45 dias. Apesar de ter chegado ao canil há seis meses, ela precisou ser treinada para, em agosto, começar o trabalho. Segundo o sargento Rocha, um dos PMs que lida quase diariamente com Luna, o treinamento foi feito com bolinhas, onde é introduzido o odor de armas e drogas. Depois, a bolinha é colocada em uma dessas caixas e cabe à cadela descobrir onde está.

- Ela trabalha brincando. Tudo é uma brincadeira. Ela associa a bolinha, seu brinquedo, ao odor e se esforça na procura por armas e drogas porque sabe que, ao encontrá-las, terá a bolinha de volta.

Para o sargento Felipe Rangel, a importância do trabalho de Luna se constata pelos números:

- O tráfico aqui (em São Gonçalo) é intenso. Depois das UPPs no Rio de Janeiro, grande parte dos traficantes está aqui.

A raça golden retriever é considerada cão de companhia e não de guarda. Dócil e muito carinhosa, o temperamento de Luna é ideal para o trabalho que realiza, diferente do de sua companheira veterana, Anny, uma pastor alemão malinois treinada para o ataque a suspeitos. Além do trabalho nas operações policiais, Anny acumula alguns trofeus em campeonatos para cães. Mas o tempo de contribuição à polícia está próximo de terminar: no ano que vem, ao completar 8 anos de idade, a pastor alemão será reformada, como manda a norma da polícia militar. Para a novata Luna, ainda faltam, portanto, sete anos de muito trabalho em uma cidade que tem 1 milhão e 200 mil habitantes e 285 mil km² de área, mas conta com apenas um batalhão.

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